16| Trevas Dissimuladas

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— Vocês mandaram muito bem! — Sofia disse, agitada e com os olhos brilhando, olhando mais para Liam do que para os outros.

Math e Liz haviam acabado de guardar os instrumentos nas capas e caminhavam para fora do camarim improvisado, seguidos de Sofia e das visões admiradas ao redor. Matheus revirou os olhos ao ver a troca de fitares entre a irmã e o amigo. Liz gargalhou, era cômico ver Liam corado, ficava quase da cor do cabelo. Ela arrumou a guitarra no ombro e esticou o braço para pegar a alça da capa do baixo de Matheus. O garoto a olhou com um tom interrogatório.

— Eu levo para o carro.

Liz se aproveitaria para ficar sozinha, pegar um ar fresco e tentar acalmar a dor de cabeça, era como se sentisse cada vibração daquele lugar. Matheus jogou a chave para ela e a garota seguiu em frente, abrindo caminho pelas pessoas com certa dificuldade. Quando passou pela entrada sentiu o ar quente penetrar seus pulmões como uma válvula de escape.

Ela olhou para os dois lados da estrada e atravessou a rua, a picape estava estacionada a poucos passos a esquerda, ao lado de outros carros e motos. Liz caminhou até o automóvel, destravou as portas e guardou os instrumentos nos bancos traseiros com o cuidado que continha. Fechou a porta de trás com força, travou-as e guardou as chaves no bolso de trás do jeans. Ela suspirou, observando seu reflexo. Via mais que uma garota de cabelos bagunçados e delineador preto, via uma adolescente perdida.

— Pode se dizer que você canta bem.

O coração de Liz acelerou e ela deu um impulso para frente. Virou subitamente para trás e encontrou o olhar intimidante de Rafael sobre si, que iluminados pela luz amarelada no poste, se tornavam ainda mais sombrios. Ela cerrou os olhos.

— O dia começou muito bem sem você e eu quero que termine como começou.

Rafael riu consigo mesmo, com um leve deboche.

— Não é tão durona quanto pensa. — eles permaneceram em uma troque de olhares silenciosa. — Eu vi como você ficou ao ver os vultos. Não pode escapar agora que despertou. — Rafael encostou uma das mãos ao lado da cabeça de Liz, ficando a alguns centímetros dela, aquilo causou aflição na garota.

— E você não é tão intimidante — ela permaneceu com os olhos fixos nos dele. — Vultos? Não sei do que está falando? — fitou-o como se ele tivesse três cabeças.

— Pode mentir para mim mas não para si mesma.

— Isso está fora demais do eixo. Primeiro descubro que nada do que eu achava que era real é de fato, real. E você me diz que não sou eu mesma! — ela respirou fundo. — Você venceu, existe um deus e demônios vagando por aí, sombras e círculos mágicos, mas isso faz parte da sua vida, não da minha. Não me importo com esse deus e não me importo com esse sobrenatural. Que se dane tudo! — exclamou, quase em desespero, chamando atenção de algumas pessoas curiosas que passavam na calçada imaginando ser só mais uma briga de casal. — Eu só quero minha vida normal e agradável de volta, o que há de errado nisso?

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now