20| Instrumentos de Luz

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— Juro que nem pensei no que minha mãe e Vince iriam supor. Fiquei intrigada por ter acordado em um quarto desconhecido, você não tem noção do desespero que passou pela minha cabeça, mas, o pior foi ouvir Natã falar sobre um ménage. — Liz balançou a cabeça, olhando pela janela do carro enquanto o vento bagunçava seus cabelos, refrescando-a do sol escaldante do lado de fora. As pernas estavam apoiadas no painel e havia um cigarro entre seus dedos.

— Óh meu Deus! — Sofia riu. — Não acredito que ele disse isso.

Liz olhou para ela, que dava total atenção à estrada.

— E eu não acredito que nunca contou nada.

— Como se você fosse acreditar. — Sofia disse com um timbre irônico.

— Realmente não iria, mas...Fala sério, como conseguiu esconder isso do Matheus por três anos? Como descobriu isso?

— É uma história longa... — O olhar de Sofia desviou para cima, ela balançou a cabeça e apertou o botão do rádio, passando a música que tocava de rock clássico para MPB, um dos gêneros preferidos dela.

— Temos tempo até chegar lá. — disse Liz.

— Tentarei resumir ao máximo. — Liz assentiu e ela deu continuação. — Era tarde da noite e eu estava voltando sozinha de uma festa, pois, Matheus quis me dar o troco por denunciar ele colando na prova, e me deixou com diversas pessoas mais velhas que eu não conhecia. Tudo bem que eu mereci, mas, ninguém andava pelas ruas e pensamentos negativos atraem situações negativas.

Liz fez uma careta.

— Eu estava com medo, pensando no quanto de raiva estava do Matheus, quando escutei passos atrás de mim. Eu olhei para trás, foi um ato quase impossível de controlar. Um homem caminhava em minha direção, não um homem qualquer, mesmo no escuro pude ver os olhos totalmente negros.

— Possuído?

Sofia fez um aceno afirmativo com a cabeça ao girar o volante.

— Eu corri, é claro, mas, pessoas possuídas possuem uma força sobrenatural, uma habilidade de correr mais rapidamente... — Sofia engoliu em seco, era claramente perceptível que o assunto a deixava desconfortável. — Ele me cercou, porém, antes que se atrevesse a fazer algo, Natã apareceu na rua, por um portal, naquele exato momento. Eu vi a luta, vi do que os demônios são capazes, vi o assaltante desmaiar e corri como eu nunca havia corrido antes, mas Natã me alcançou e me fez ouvir tudo o que tinha para falar. Com o tempo eu conheci Rafael, minha mente se expandiu a uma nova realidade e aconteceu de repente, eu não era mais uma adolescente comum.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now