44| Labirinto Mental

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A solidão do mundo se refletia nas ruas sombrias; Silenciosas se não fosse o chiado da chuva inundando o asfalto, escorrendo para dentro dos ralos enfileirados no meio fio. A iluminação dos postes era companhia para os quatro que andavam naquele lugar tétrico.

— Só temos um cristal e só um de nós poderia ir considerando que não tem energia o suficiente para nós quatro passarmos pelo portal, gastamos energia na "Guardiões" — disse Sofia estreitando os olhos. Seus cachos molhados estavam grudados na cabeça, sem o típico volume.

Liz xingou um palavrão, limpando a água gelada que escorria pelo rosto, estremecendo devido ao frio.

Talvez fosse a lei de Murphy, pensou ela, se alguma coisa pode dar errado, dará.

Rafael chutou pedrinhas jogadas no asfalto, andando ao lado da garota. Os dois estavam ensopados. Uma queimação tomou conta do centro da testa de Liz, pressentia que o lugar todo falava consigo. Você não devia estar aqui. Sentiu um calafrio calcorreando de dentro para fora do peito.

— Também está com dor? — indagou ela, observando que pouco a frente Sofia massageava as têmporas.

Rafael levantou uma das sobrancelhas.

— Dor?

Liz encarou-o.

— Sim. Dor de cabeça.

Natã parou de andar de repente. Tirou a água da testa e mirou o olhar em Rafael.

— Isso não é bom. — pronunciou ele.

Rafael deu um passo para trás, seus músculos tensionam e ele voltou a atenção a qualquer movimento inoportuno que pudesse se manifestar.

De inesperado, as lâmpadas dos postes de iluminação tremeluziram por toda a extensão retilínea da avenida. Você não devia estar aqui. A frase retomou a dançar na cabeça da garota, fazendo com que o coração produzisse marteladas dentro do peito. As luzes oscilaram uma segunda vez, desse modo, deixando-os em um completo blecaute. Liz abriu os olhos o máximo que conseguiu, porém não viu nada além da cor negra. Seu estômago gelou e se retorceu enquanto ela tateava desesperadamente a sua frente, andando sem rumo. Quis gritar, mas o coração se acelerara tanto que a garganta pulsava.

Sua visão voltou gradativamente e ela demorou alguns segundos para se dar conta de que Rafael não estava consigo, nem Sofia nem Natã. Deu uma volta completa constatando que se encontrava reclusa em um corredor estreito com paredes de granito. Não havia um fim de nenhum dos lados, apenas escuridão. A sensação gelada em seu peito deu lugar a uma queimação penetrante, como estilhaços de vidro. Juntou todo o ar que possuía e correu para um dos lados sem se importar com a direção, sem se importar com mais nada.

Risadas vieram do alto. Não era real e por alguma razão um lado seu tinha convicção disso, mas era difícil fazer daquela certeza uma veracidade quando ela podia sentir todo o peso das trevas a puxando, insistindo em levá-la. Liz mergulhou na negritude, ela era luz e nada poderia lhe impedir de manifestar seu brilho. Deu com os ombros bruscamente contra uma parede dura, também de granito, por um segundo pensou estar cercada até ver uma abertura logo a direita. Parou para recuperar o fôlego. Estava em um labirinto. Não pode escapar da sua própria mente. Uma voz infantil cantarolou perversamente, fazendo um eco por todo o lugar.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now