57| À Sombra do Caos

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Satan desapareceu da mesma maneira que surgiu, deixando para trás fogo, poeira, faíscas e escombros.

Rafael utilizara de uma parte drástica da sua energia vital para abrir um portal da sede para o apartamento em Copacabana. Chegou a ficar sem ar por alguns segundos. Deixara Natan, que se encontrava mais inconsciente do que acordado, no interior da residência e se retirou o mais rápido que conseguiu, dessa vez, totalmente consciente de que estava a caminho da armadilha.

Não possuía energia suficiente para abrir um portal, tampouco para evocar fogo celeste, suas únicas armas eram as duas adagas que sobraram presas no interior do coturno. Todo o seu corpo latejava de dor, desde a queimação na testa até o calcanhar lesionado, estava coberto de fuligem, arranhões e cortes, alguns profundos. De tempos em tempos tinha de enxugar com a camiseta o sangue que não parava de jorrar da lateral da face.

O vento gelado lhe envolveu quando pôs o pé na rua. Olhou os ponteiros do relógio no pulso. Onze e trinta e sete. Rafael correu até a motocicleta, estacionada na calçada oposta. Levantou a barra de apoio com o coturno e inclinou-se sobre a moto. Girou a chave de ignição, ouvindo o ronco do motor, e fechou os olhos.

— Pai, mostre-me o caminho — disse ele. — Eu confiarei no teu poder, como Daniel confiou ao ser jogado na cova dos leões.

O jovem soltou a embreagem, acelerou e seguiu pela estrada.

O ponteiro do velocímetro movia-se gradativamente conforme a moto acelerava. Cinquenta quilômetros por hora, setenta, cem... A preocupação estava em escapar do engarrafamento, desviar dos carros, caminhões e ônibus na estrada. Ignorou o som das buzinas, dos alarmes de carro e dos xingamentos dirigidos a ele pelos guardas que fiscalizavam a avenida. Passou raspando por um carro que se deslocava no cruzamento. Cento e quarenta quilômetros agora.

As ruas encontravam-se imersas na escuridão do blecaute. Semáforos não funcionavam e, enquanto isso, agentes de transito tentavam amenizar a situação precariamente. A cidade estava um caos. O caos insistia em segui-lo, pensou Rafael, já era de casa.

Entrou no túnel Zuzu Angel — iluminado apenas por faróis —, trafegou por dentre o aglomerado de veículos congestionados, desviando para a direita e esquerda em zigue-zague, o som das inúmeras buzinas ficando para trás conforme avançou. Foi capturado pela luz rubra da lua quando atravessou a abertura do túnel. Acelerou a moto, o vento frio o ricocheteou, pareceu congelar suas veias, a camiseta branca, suja de terra e sangue, tremulando sobre o corpo. A paisagem ao seu redor logo tornou-se um borrão.

O garoto repassou os fatos um por um durante o caminho.

O mistério sobre a Fênix; Uma mensagem do Pai de Liz; Invasão e destruição da Sede; Boate aleatória atacada por recém-transformados; Ocean como refém de um jogo proposto por Satã para capturar Rafael por espontânea vontade; Rafael aceitando jogar, e diferente do habitual, sem certeza alguma se iria ganhar ou perder.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now