40| Anjos Mortais Amam

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música do capítulo:
Daddy Issues - The Neighbourhood

"Vá em frente e chore, garotinha/Ninguém faz isso como você faz/ Eu sei o quanto isso importa para você/ Eu sei que você tem problemas com seu pai/ Se você fosse minha garotinha/Eu faria tudo o que pudesse/Eu fugiria e me esconderia com você/Eu amo que você tenha problemas com seu pai/E eu também"

"Vá em frente e chore, garotinha/Ninguém faz isso como você faz/ Eu sei o quanto isso importa para você/ Eu sei que você tem problemas com seu pai/ Se você fosse minha garotinha/Eu faria tudo o que pudesse/Eu fugiria e me esconderia com você/Eu am...

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✹❂✹ 

As nuvens cobriram a face da lua minguante, deixando apenas leves feixes de luz escaparem para iluminar a cidade.

Rafael andou de um lado para o outro do parapeito da cobertura do apartamento, que tinha a largura aproximada de seus dois pés juntos. Qualquer deslize e ele cairia vinte metros, há cerca de quarenta quilômetros por hora, calculou com os olhos voltados para baixo.

Ergueu o caderno a frente do rosto e traçou alguns rabiscos. Ele retratara a lua parcialmente coberta pelas nuvens, os diversos edifícios que sua visão alcançava, os coqueiros e as ondas do mar um pouco ao longe.

Virou de costas para a paisagem, a ponto de ver Natã passando pela abertura de vidro.

O garoto balançava a cabeça negativamente.

— Você só pode ter doenças mentais, cara.

— Tenho alguns parafusos a menos, mas diga, desde quando animais sabem falar português? — retrucou Rafael.

Os dois riram.

Rafael dobrou uma das pernas, colocando o peso do corpo em apenas uma, em um ato zombeteiro.

Para Natã aquilo era tão agonizante quanto ter um pedaço de vidro fixado na pele. O vento balançava os cabelos de Rafael, parecendo que o jogaria para baixo. Natã riu imaginando que as pessoas o chamariam de suicida se observassem aquela cena, que para ele era comum.

Rafael saltou para a sacada, fazendo o gesto que atores realizam ao terminar uma peça.

— Uma dádiva chamada equilíbrio.

Natã andou até ele, apoiando-se no parapeito para ver melhor a paisagem. Há alguns anos, observava pessoas de grande posse econômica saindo e entrando de edifícios como aquele e fantasiava como seria morar em tais lugares. Talvez nunca saberia se Rafael não o tivesse encontrado naquele beco, imundo, comendo um pão que acabara de roubar de uma padaria.

— Vá para casa, criança! Aqui não é lugar para você. — disse Rafael de maneira ríspida, havia um leve sotaque em sua maneira de falar.

— Eu não tenho casa, nem pais, seu filho da p...

— Ouça. — Rafael interrompeu-o. — Posso te tirar desse inferno. Nunca mais vai precisar roubar para comer, nem andará com essas roupas imundas. Posso te dar uma casa com meu dinheiro e posso te mostrar como o mundo realmente funciona.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now