| Livro um da trilogia As Doze Luas |
Lizandra Verlack estava satisfeita com sua mente cética e sua banda punk de garagem. Porém, tudo se transforma quando ao voltar de um luau, em seu aniversário, a morte vem ao se encontro. As barreiras mentais...
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Como se saísse de um transe, Liz empurrou Satã quando uma luz intensa originou-se a alguns metros de trás deste. O coração dela deu um salto mais forte. Era Rafael.
Por cinco segundos Rafael não acreditou que conseguira chegar até ali. Havia partido somente com o pensamento positivo e a sorte. Só precisou lembrar dos olhos de Liz, dourados como ele nunca havia conhecido, do seu cheiro, ameno e agradável, e da energia calorosa que ela emanava quando estavam próximos. Ele caiu ajoelhado na terra e o portal fechou e se desfez atrás de si. Ergueu a cabeça e quando viu a cena que se sucederia antes de chegar, levantou-se e conjugou um punhal na mão direita, através das faíscas azuladas.
Liz nunca o vira daquele jeito, as íris de fogo estavam mais ferozes do que o normal, duas tochas resplandecentes nas trevas que os circundavam.
— Se afaste dele! — Rafael gritou, sua voz saíra como o corte de uma faca, e um segundo depois jogou o punhal na direção de Satã.
O homem de longos cabelos, ainda de costas, segurou a lâmina, repleta de fogo azulado, com uma das mãos. Um sorriso diabólico tomou conta de sua face, um sorriso que fez Liz recuar. O punhal se desfez como água e sangue negro escorreu da palma de sua mão.
Liz deu mais dois passos longos para trás e seu olhar amedrontado cruzou com o de Rafael. Ela piscou rapidamente e em uma dessas piscadas viu, por uma fração de segundo, asas nas costas do rapaz; Asas com uma pelagem incrível, meio azuladas, com uma leve transparência. Ele era mesmo um Anjo e eram asas feitas de matéria espiritual. Ela não soube concluir como desfrutava de tanta convicção daquilo, era como se tudo estivesse decodificado dentro de si, esperando um gatilho para se manifestar.
O homem caminhou ao encontro de Rafael, proferindo palavras em línguas demoníacas, o timbre daquela voz era horripilante, semelhante o som do choque térmico da água quente e fria entrando em contato umas com as outras. Liz sentiu uma dor nos tímpanos, teve a impressão de que estourariam. Encarou Rafael por trás dos cílios e cachos em seu rosto, no mesmo momento que o jovem cambaleou com uma careta de dor e as mãos nos ouvidos. Aquelas palavras lhes atingiam, provocavam uma batalha dentro deles.
