| Livro um da trilogia As Doze Luas |
Lizandra Verlack estava satisfeita com sua mente cética e sua banda punk de garagem. Porém, tudo se transforma quando ao voltar de um luau, em seu aniversário, a morte vem ao se encontro. As barreiras mentais...
"Soldado continue marchando. [...] Esperando o sol da manhã. Soldado continue marchando. Cabeça na poeira, os pés no fogo. Trabalho no fio da meia-noite. Ouvindo o coro angelical. Você não tem para onde correr"
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Quase trinta horas sem dormir. A energia do portal parecia ter sugado os quinze por cento de energia que restaram em Liz. As pálpebras pesavam e de tempos em tempos a garota tinha de piscar rapidamente para voltar ao mundo real.
Naquele momento encontrava-se na biblioteca da Sede do Rio de Janeiro. Um escape do barulho das buzinas e dos motores, que eram substituídos pelo cantar de aves que por dentre a mata sobrevoavam. Estava confortável em uma poltrona de frente a enorme janela, possuía em mãos um café quente cujo não havia dado nenhum gole ainda. Pegou-se distraída com o vapor que subia da xícara em direção ao teto arcaico.
Olhou para baixo, observou Natã correndo de um lado para o outro com algumas crianças, uma bola rolando no gramado enquanto o jogo de futebol prosseguia. Onde estariam os pais daquelas crianças, afinal, ou até mesmo de Natã? Quais circunstâncias permitiram que estivessem ali agora? Não era uma resposta difícil. Como qualquer ser humano, travavam batalhas conhecidas só para si próprios.
O céu não estava ao todo escuro, havia um degradê de tons mais claros e logo abaixo das copas das árvores o Sol se punha emitindo leves brilhos de cor vermelha mesclada à amarela.
Por três segundos tudo ficou escuro.
— Não poderia ter omitido essas informações por tanto tempo!
Liz conhecia aquela voz de algum lugar, mas as engrenagens de seu cérebro estavam falhando.
— Poderia. E posso fazer o que quiser, Carmi.
A voz de Rafael era inconfundível. Ouviu o som do baque de uma porta, sandálias provocavam estalos no piso.
— Mantenham a paz, por favor. Ela vai acordar. — replicou uma terceira voz, que Liz reconheceu como sendo a de Sofia.
