| Livro um da trilogia As Doze Luas |
Lizandra Verlack estava satisfeita com sua mente cética e sua banda punk de garagem. Porém, tudo se transforma quando ao voltar de um luau, em seu aniversário, a morte vem ao se encontro. As barreiras mentais...
Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.
✹❂✹
A porta da biblioteca abriu-se com uma força estrondosa, revelando Sofia com uma expressão de poucos amigos, os cabelos frisados, alguns arranhões nos braços e suor escorrendo da testa. Ela passou olhar pela sala, os lábios curvados para baixo, aparentemente, decepcionada e absorta em suas próprias concepções para dar atenção a presença inusitada de Liz, não que ela não soubesse que Rafael a traria.
Natã entrou logo após ditando algo que Liz não entendeu, mas que demonstrava ser um conselho devido ao seu tom de voz.
— Mas muito espíritos malignos permaneceram. — Sofia disse, caminhando até uma das janelas, a luz lunar fez o cristal em seu pescoço reluzir.
— Não é algo cujo deve se sentir culpada. — Natã retrucou, as mãos estavam enfiadas no bolso do jeans enquanto andava. — Temos o livre arbítrio, as pessoas atraem demônios baseadas nas escolhas que fazem. Quem somos nós para mudar a escolha delas?
Liz seguiu-os com a visão, meneou a cabeça, fechando o livro e segurando-o com firmeza.
Rafael levantou e caminhou para junto de Natã e Sofia, que ainda discutiam.
— Tem algo de errado. — Sofia sussurrou. Seu olhar cruzou com o de Rafael, um olhar acusatório, como se fitasse um assassino se fazendo de vítima.
Ele cruzou os braços.
Todos viraram a cabeça para fitar Liz quando esta bateu com a canela na mesa de centro e a xingou com se repreendesse alguém. Ela caminhou com passos lentos até eles. Sofia gargalhou ao encontrar os olhos dela, que pareciam dizer: Nada aconteceu, continuem.
— Acho que estão tentando invocar algo; Algum demônio maior. — Natã declarou mansamente. — Os olhos pareciam cinzentos a luz noturna, e como a noite, escondiam uma incógnita na escuridão.
— Mas, é estranho, porque tantos rituais similares por todo o mundo? — Sofia deu um passo a frente e encostou os dedos no vidro empoeirado. A lua exibia um sorriso travesso, como se zombasse de sua incompreensão. — Só tenho certeza de que as pessoas que os fazem estão sendo manipuladas a isso, como se fosse um prelúdio do que está por vir. O pior... — Ela fez uma pausa, virando e recostando no vidro. — ... É que a maior concentração de rituais está situada aqui, no Rio de Janeiro.
— Porque isso é tão importante? — Rafael indagou, suas palavras agiram como um corte. Natã encarou-o apreensivo. Sempre soube que Rafael não contava da sua vida para ninguém, ainda assim, ele era o que mais sabia de suas conquistas e falhas. Porém, na situação que se encontravam, teve a impressão de que Rafael se distanciava como se puxado por uma corda para o outro lado de um rio. Como se escondesse alguma coisa importante.
— Vai dizer que não sente alguma força maligna se manifestando na dimensão mundana? — disse Natã.
Rafael fechou os punhos, sentindo o calor do sangue se concentrar nas palmas das mãos.