47| Em Meio às Chamas

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— Me solta! — berrou Liz no momento em que Miranda segurou seu braço com brutalidade e arrastou-a para a sala de estar antes que pudesse dar um passo em direção às escadas.

— Você pode não ter um pai, mas ainda tem uma mãe! — disse a mulher exibindo um tom autoritário, os cabelos caíam desgrenhados sobre a face e os olhos se encontravam inchados e vermelhos. — Você é menor de idade, mora debaixo do meu teto, come da comida que eu compro, então vai me obedecer! Acha que é dona do próprio nariz e pode sair para onde quer mas eu não aceito isso! Eu não vou desistir. Você ainda tem mãe e eu não vou te abandonar.

Miranda a soltou, deixando o braço cair na lateral do corpo. Expirou lentamente, mas a cor natural do rosto perdeu-se em um tom avermelhado.

— Já terminou? — perguntou Liz desviando o olhar. Encolheu os ombros e deu um passo para trás. Observou Liam descendo as escadas sonolento, com o rosto amassado e os cabelos ruivos emaranhados. Usava apenas a típica samba canção estampada com a face de diversos Darth Vader.

— Tem gente querendo dormir no andar de cima — pronunciou ele, pressionando os olhos para enxergar com nitidez. — Ah, deixe-me adivinhar: Vocês discutiram, Liz saiu de casa e agora estão discutindo mais uma vez por ela ter passado a noite na rua. Acho que já posso colocar adivinhador no meu currículo.

Liz encarou-o com um olhar enraivecido, o que fez um garoto recuar um degrau.

— Não se intrometa, Liam. — A voz de Vince propagou-se do alto do corredor.

— Tudo bem, eu já acabei. — disse Miranda, sentando sobre a poltrona no canto da sala. — Espero que goste das grades na sua janela, Liz. Vince acabou de colocá-las.

Liz abriu a boca em uma expressão indignada.

— Você está criando uma filha, não uma prisioneira!

— Jura? — ironizou Miranda.

— Já não basta ter tirado minha guitarra, meu skate e meu videogame?

— A única coisa que você precisa é da escola. Quer tocar a vida inteira em uma banda? Me diz quais as chances de conseguir sustento cantando as suas poesias junto ao barulho que vocês chamam de música?

Liz engoliu em seco, trocou olhares com Liam, que entortou a lateral do lábio e deu meia volta, retomando o caminha das escadas. Ela focou o olhar em Miranda e bateu palmas ironicamente.

— Impressionante, Miranda. Tem fé em algo que não vê, mas não tem fé na própria filha.

— Não foi isso que eu quis dizer, Lizandra.

— Tudo bem — disse a garota, tentando esconder a mágoa explícita no tom de voz. — Fique com suas plantas sagradas e esqueça que eu existo.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now