41| Engano Etéreo

1.8K 220 114
                                    

✹❂✹ 

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

✹❂✹ 

Já era hora de despertar.

Liz mal conteve o peso da própria cabeça ao abrir os olhos, pareciam haver mãos esmagando seu crânio. Ela segurou nos cabelos e respirou fundo, lutando para levantar. Teve a sensação de estar oscilando sobre um barco a remo, até que a visão se estabilizou, tornando-se clara. O coração dela batucou contra o peito. Penetrou fundo dentro de sua mente buscando com todas as forças se lembrar de algo, qualquer coisa, mas falhava.

No entanto, vagamente a voz de Rafael tornou-se clara em uma possível lembrança e isso bastou para que ela jogasse o corpo contra o colchão, deixando a tensão fluir de seu corpo e o sono a envolver. Dormiu e acordou incontáveis vezes em um curto período de tempo. Sentiu algumas cócegas suaves na região do estômago e levou a mão até a região, encontrando uma pelagem felpuda. Aquele gato realmente gostara dela. Uma pena Liz não gostar de gatos.

Liz enlaçou o animal em seus braços e pôs as pernas para fora da cama. Ainda estava escuro, mas parte da lua era vista pela única janela presente no cômodo. Ela estudou o lugar, amplo o suficiente para abrigar uma cômoda, uma cama e nada mais. Um quarto diferente do qual estivera da primeira vez. Em cima da cômoda haviam frascos de perfume organizados em fileira, uma garrafa de vinho aberta e alguns lápis sobre um caderno.

A garota levantou, meio zonza. O felino pulou de seu colo, miando, e ela apoiou uma das mãos sobre a cômoda para manter-se de pé até recuperar o equilíbrio. Inalou uma dose profunda de ar, deixando a coluna ereta. Seus olhos focaram no caderno aberto, se não houvessem manchas de grafite na folha, ela confundiria facilmente o desenho com um retrato em preto e branco da vista do alto de um edifício. Custou algum tempo até ela notar um papel amassado logo ao lado. Poderia tê-lo deixado lá, ignorado a existência do mesmo, mas sua curiosidade parecia ter posto uma faca em seu pescoço dizendo "olhe, ou morra arrependida por não saber".

Ela desamassou o papel com as duas mãos. Era o desenho de uma garota, o mesmo que vira na primeira vez que esteve lá. Liz sentiu um aperto sufocante no peito. Há quase um mês atrás aquele desenho fora lapidado, transmitindo em si emoções ocultas nas camadas mais profundas da alma e agora, fora descartado, como se não tivesse válido de nada.

Liz se pegou perguntando em meio a tantas confusões amontoadas se seria assim com ela. Aquilo não deveria importar, mas a questão remexeu-a internamente. A adolescente engoliu a seco e passou pela porta, sustentando-se pelas paredes. Em um quarto logo a frente, ela avistou Natã deitado de bruços com o braço caindo para fora da cama. O brilho da lua dava um tom acinzentado a sua pele escura. A jovem seguiu pelo corredor estreito. Todas as luzes se encontravam apagadas, como se engolidas pelo silêncio fantasmagórico.

Sofia estava sentada no sofá com os cachos tão bagunçados que Liz não quis nem imaginar como os seus se encontravam. A garota respirava calmamente de olhos fechados e Matheus estava deitado com a cabeça apoiada nas coxas da irmã e a boca aberta, babando. Liz forçou uma risada. Deveria estar com sua câmera em momentos como aquele.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now