45| Fumaça e Sangue

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No sonho Liz caminhava por uma caverna, seus braços estavam desnudos e o corpo desprotegido do frio, levando em conta o tecido fino da camisola. Estremecia a cada passo devido ao contato dos pés com o piso de pedra fria.

Havia algo com ela, Liz podia sentir a presença e olhava para trás com os olhos arregalados a cada dois passos. Era somente escuridão e uma luz vinda do que parecia ser a saída da caverna era a única coisa que não a deixava totalmente cega naquele lugar moribundo.

A garota parou onde estava, abraçando os próprios braços, para constatar que havia mesmo alguém atrás de si. Os passos firmes continuaram e Liz correu sentindo uma queimação forte no pulmão. Faltava-lhe ar para continuar, mas ela se manteve firme ao correr. A cabeça girava e os pés não pareciam muito firmes. Liz corria, mas o fim da caverna não parecia chegar nunca. Ela queria alcançar aquela luz, mas tudo indicava que ela permaneceria na escuridão da caverna.

Vultos correram ao seu redor e a jovem lutou para não gritar. Correu amontando entre si toda quantidade que conseguiu de esperança.

— Espere. — a voz de uma menininha propagou-se por todo o lugar.

Liz parou de correr. Ofegou, limpando o suor da testa e olhou por trás do ombro. Deu um pulo para trás e o coração bateu com mais força. Liz podia escutar o eco dos batimentos cardíacos. Tum, tum, tum... como se a caverna tivesse vida própria. Ela estreitou os olhos e vislumbrou a imagem de uma garotinha morena, de cabelos cacheados escuros e olhos cor de mel.

Era ela mesma.

— O que você quer de mim? — Liz viu um tremor na própria voz.

Os olhos inocentes da criança marejaram. O olhar que ela teve um dia. Liz desatou a chorar, as lágrimas saíram sem que pudesse contê-las. Tentou parar, mas soluçou e as lágrimas retornaram a cair. Queria voltar a ser aquela menina ingênua.

— O que eu devo fazer? — perguntou Liz em meio as lágrimas. — Estou enlouquecendo com tudo isso. Eu quero voltar a ser você. Eu quero ter o controle da minha vida, do meu coração.

A pequena se aproximou com olhos curiosos e abraçou a cintura de Liz.

— Não precisa ter controle da sua vida. Estregue-o ao nosso Pai Celestial e ele te guiará por onde você for — sussurrou a garotinha, transmitindo paz pelo timbre angelical de sua voz ,como as notas de um violino. — Assuma sua realidade ou fuja eternamente.

Liz acordou com a respiração acelerada, batendo as mãos na cama como se procurando algo, até se dar conta de que havia acordado. Ela encarou o teto por alguns minutos, ouvindo o canto do vento e dos pássaros entrar pela janela. Estava escuro, o silêncio da madrugada ainda era proeminente do lado de fora, dentro dela havia uma gritaria indomável.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora