36| Rebeliões Internas

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Sede de Camberra, Austrália


O cheiro de gás carbônico no ar era convidativo. Ao mesmo tempo que sinalizava caos, sinalizava fogo, um elemento aprazível aos olhos de Rafael.

Ele levantou as pálpebras, estava ajoelhado sobre o que restara do caminho de pedras da Sede de Camberra. O sangue esquentou e o instinto natural de alerta tomou conta de si quando viu o fogo emanando das torres altas. Há alguns dias, era a sede mais bem decorada e mais moderna do mundo. Naquele momento era um lugar afogado em cacos de vidro, com árvores em chamas, sangue espalhado pelas paredes e corpos rodeando aos arredores

Contudo, não fora isso que conseguiu impressionar Rafael. Na torre central mais alta, havia um corpo. Os braços pequenos e delicados da criança se encontravam amarrados no alto da cabeça e as pernas juntas, estava com a face abaixada, o cabelo loiro desgrenhado jogado sobre a face angelical do menino inocente.

Um arrepio contornou os braços de Rafael quando leu o que estava escrito, com sangue, na barriga despida da criança. Era latim, mas com pouco esforço ele conseguiu decifrar.

DESPERTAI,
Ó FENIX

Quando viu tal cena, o peito dele foi esmagado pelo peso de saber que tinha chego tarde demais. Um ácido de alta potência corroeu as camadas mais firmes da rocha que habitava seu coração. As imagens que perduravam sua consciência por anos vieram à tona.

Ele olhou para as ondas que contornavam o antebraço direito e sua mente vagou nas lembranças de Ocean. Rafael convencendo a mãe a colocar tal nome por causa do seu amor pelo oceano. Implicando com o garoto loiro. Fazendo-o de aprendiz quando se tratava de garotas...

Ocean, o irmão mais novo que um dia deixara para trás.

Ao voltar para a realidade Rafael conjurou uma adaga celestial entre os dedos quando viu uma figura sair de entre as madeiras derrubadas que um dia foram uma porta.

Seus instintos se afloraram, preparando-o para a batalha que sucederia, porém, saindo das fumaças, um garoto apoiava o braço de um senhor de idade sobre os ombros. Os dois tossiam, seus rostos estavam sujos e as roupas do velho queimadas.

Rafael correu até eles como se não pudesse conter o instinto de ajudar o próximo.

— Marazion. — o garoto chamou, tirando o cabelo negro da testa. Era Ravi. Rafael o conhecera há três anos, desde a primeira vez que frequentada a sede da Austrália. Ele entreabriu os lábios, era estranho presenciar o garoto em uma situação tão fervorosa.

Ravi estava com a respiração ofegante e os olhos pedindo imediato descanso.

— Deixe que eu o leve. — disse, referindo-se ao senhor de idade que mal conseguia manter as pernas firmes. — A criança está viva, precisa tirá-la de lá antes que o fogo consuma tudo. — disse o garoto de aparência jovial, sem conseguir evitar tossir, pendeu a cabeça para baixo. — Eu consegui tirar alguns a tempo, poucos. — sua voz estava falhando em meio a fumaça que se espalhava pelo local. Cinzas sobrevoavam por entre eles como se fosse engoli-los.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora