| Livro um da trilogia As Doze Luas |
Lizandra Verlack estava satisfeita com sua mente cética e sua banda punk de garagem. Porém, tudo se transforma quando ao voltar de um luau, em seu aniversário, a morte vem ao se encontro. As barreiras mentais...
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As ruas, os prédios e os grafites nos muros pareciam ter vida própria. Liz apertava Rafael com força, sentia os músculos relaxados dele sob os dedos. Dava vontade de ficar daquele modo a vida toda, sentindo o vento fresco, observando...
Era assim sempre quando ela andava de carro, mas de moto era tudo mais vívido, mais intenso. E o calor do corpo de Rafael era reconfortante, ela teve vontade de recostar sua cabeça nas costas dele, mas, não queria ouvir piadas convencidas.
Liz perdeu as contas dos inúmeros lugares percorridos. Teve a impressão de que Rafael possuía um mapa na cabeça. Contudo, parecia que aquela viagem seria eterna como a cobra que morde o próprio rabo, e sem conter a curiosidade, Liz se pegou a questionar:
— Já estamos chegando?
Ela observou as montanhas, escurecidas pela noite, cada vez mais próximas. Árvores de variadas espécies e poucos carros na estrada, sinalizando o afastamento da cidade grande.
— Sim é logo ali e mais uns vinte quilômetros. — disse com um leve sarcasmo misturado a arrogância.
— Rafael, a simpatia em pessoa. — ela ironizou.
— Fale mais, sua voz soa provocante quando diz meu nome. — um brilho tomou conta do olhar dele, que permaneciam vidrados nas faixas brancas da estrada.
Liz apertou os lábios tentando conter um sorriso, passando seu olhar do asfalto para o céu escuro, limpo, com leves pinceladas de nuvens brancas e estrelas. Ela queria dizer algo, mas as palavras ficaram entaladas dentro da garganta, explodido e tornado-se uma tinta vermelha interna, que cobriu toda a sua face. Isso porque não estava encarando o olhar desconcertante que ele lhe lançava sem fazer esforço.
Ela detestava situações que a deixavam sem fala e com um sorriso idiota no rosto e, para piorar, com ele as situações se tornavam dez vezes mais intensas. A maneira como ele a provocava era interpretada por seu cérebro como uma queda livre sem aviso-prévio.
