17| Quedas Fatais

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— Qual o seu problema? — Sofia gritou devido ao som alto e a irritação. Apoiou o corpo na parede atrás de si e cruzou os braços. Algo em si dizia que o problema não era ele, mas que havia um problema naquela ocasião, algo estava a incomodando.

Rafael tinha o corpo relaxado, mas, algo dizia que ele tinha a mesma sensação que ela.

— Só contei a verdade. Até quando queria esconder tudo?

— Até ela estar preparada. — Sofia fez uma cara feia. — Ela está se achando louca, agora mesmo que deve te odiar, deve me odiar...

— Não tenho culpa se ela prefere viver uma farsa. — Rafael disse enfiando as mãos no bolso do jeans preto. Ele não demonstrou interesse, não demonstrou nada, as vezes ele tinha o coração semelhante ao de uma rocha fria firmada a anos pelas alterações naturais da natureza, uma rocha firmada por cada experiência ruim, cada erro cometido. Sofia suspirou.

— Não é isso, você não conhece a Liz como eu conheço. Sei de coisas que a fizeram ser o que é hoje. Ela é teimosa e não vai descartar um pensamento, que demorou anos para construir, tão facilmente.

Ele balançou a cabeça, confirmando. Eu conheço, eu sempre conheci, pensou, sem saber bem, de onde essas palavras surgiram.

— Sofia, ela despertou, já está preparada. — Rafael focou no fundo dos olhos da garota, que eram um tom mais escuro que os olhos dele. — Quanto mais ela ficar na escuridão dos seus pensamentos mais vai sentir seu chão desmoronar e vai tentar desesperadamente voltar a dormir. — ele passou a mão pelos cabelos, deixando-os mais bagunçados.

— Nisso eu tenho que concordar. — Natã pronunciou, estava apenas observando a discussão até aquele momento, ele preferia observar na maioria das vezes. Rafael ergueu as sobrancelhas fitando a garota que mordia o dedão nervosamente.

— E qual deve ser o próximo passo? — A jovem questionou, tirando um cacho que caía nos olhos, do rosto. Ela forçou a si mesma a concordar que eles eram mais maduros, mais experientes.

Natã respondeu de imediato:

— Levá-la à sede.

— Acho que é cedo demais. — ela disse desencostando da parede.

Rafael virou o rosto para os dois lados com olhadas calculadas.

— Não começa — ele disse, um leve resíduo da rocha que seu coração era se mostrando no modo como falou. — Outra garota como nós, não acha isso divertido?

Ela abriu a boca, mas a resposta fugiu de sua cabeça. Seus olhos escuros, arregalados, focaram no fundo do clube, no palco onde jovens tocavam descontroladamente. Ela pareceu estar petrificada por alguns segundos, sugada para longe apesar de seu corpo estar ali. Uma visão. Natã e Rafael trocaram olhares e quando voltaram a encará-la, Sofia foi impulsionada para frente, desesperada por ar, como se estivesse submergindo de um oceano. Ela se apoiou no ombro de Rafael.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerOnde histórias criam vida. Descubra agora