51| Sentinelas Infernais

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música do capítulo:
Whispers In The Dark - Skillet

"Não. Você nunca estará só. Quando a escuridão vier eu iluminarei a noite com estrelas. Ouça meus sussurros na escuridão."

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Havia um peso na nuca de Liz que a impedia de levantar a cabeça ou até mesmo abrir os olhos. Uma náusea floresceu em seu estômago, como se estivesse a horas dentro de um ônibus em grande velocidade, todavia, estava sentada em uma cadeira no centro do cômodo místico com velas a rodeando. As palavras estranhas que Seth pronunciava eram como farpas em seus braços e ao forçar suas pálpebras a abrirem, teve um deslumbre dos coturnos de Rafael.

Liz apertou com mais força o papel em sua mão, amassando-o. Uma queimação correu por suas veias. Ela agarrou-se a mentira de que tudo estava bem, apesar da dor e de seus pensamentos clamarem para que fugisse. Até que um estrondo irrompeu. Os fatos correram mais rápidos do que seu raciocínio.

Vultos brandiram pela porta, avançaram como serpentes e logo dominaram todos os cantos do lugar. O teto se tornou uma cortina de massas negras e Liz se viu cercada por silhuetas. O fogo celeste ondulando nas mãos recém-erguidas de Rafael foi a última coisa que observou antes de sua visão ser tomada pela escuridão e sua cabeça girar como se houvesse embarcado em um space loop – de um parque de diversões maligno.

Despertou em seguida. Contudo, nada conseguiu ver ou sentir a não ser o grito angustiante do silêncio. Sua respiração acelerou, as mãos suaram e seus olhos moveram-se para todos os lados possíveis. Não havia nada.

A garota andou sem direção. Cada passo que concedeu fora um risco de queda, andou como se estivesse embriagada. Mordeu os lábios até sentir dor e abraçou a si mesma devido a sensação de ter uma pedra de gelo deslizando abaixo de sua nuca. Foi invadida por uma sensação de alívio ao ver ponto de luz se formarem em seus olhos, imagens se formando como uma tinta preta clareando ao ser diluída em água.

Em um abrir e fechar de olhos encontrou-se cercada pela cor verde em diferente tonalidades. Piscou algumas vezes, tornando sua visão nítida e impressionou-se com a imensidão do lugar. Localizou-se em uma floresta enorme, com árvores centenárias, que fizeram-na se sentir minúscula com suas paredes repletas de musgo.

Ela sentiu cada organismo ali presente vivo – desde as folhas dançando ao vento até a terra preta úmida –, como se fosse seu próprio coração martelando entre as costelas. Parecia muito real, mas Liz possuía convicção de onde outrora estivera. Já pensara estar morta na noite que seus olhos observaram por trás do manto da realidade uma vez e se enganara, não se permitiria cair no mesmo equívoco.

Pouco conseguiu observar do céu considerando o teto de galhos que se formava a mais de vinte metros ao alto. O cheiro de flores era inebriante. Ouviu um som intensamente familiar de cordas de um violão pouco longe. Dó, Lá maior com sétima, Si maior... Seguiu o som, apoiando-se nos troncos e afastando folhas que atrapalhavam-na, tomando cuidado com seus passos.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now