10| Tão Claro Quanto a Luz do Dia

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Zona Verde. Liz leu em pensamento o letreiro de letras piscantes do outro lado da rua. Ela andava com pressa ao lado de Sofia enquanto Liam e Math andavam poucos passos a frente. A jovem mordeu a parte de dentro da bochecha, algo que fizera durante toda a caminhada longa até ali — já que a picape do pai de Matheus e de Sofia estava sem gasolina. —, a ansiedade era como um vírus infectando seu sangue.

Liz fez diversas perguntas à Sofia, mas a adolescente sempre trocava de assunto, respondia com ironia ou com outra pergunta. Bem no fundo Liz tinha vontade de sacudir a garota pelos ombros e fazer um teatro dramático. Ela olhou para cima enquanto andava, nuvens anunciadoras de chuva impediram-na de observar a lua e o céu noturno. Ela agradeceu mentalmente por uma frente fria ter chego, levando em conta que geralmente no verão, o Rio de Janeiro exibia temperaturas tão altas que Liz se perguntava se um pedaço do sol não teria caído na cidade.

Os quatro adentraram no restaurante-bar pela porta de vidro, com uma placa de "empurre" grafada. Liz suspirou, puxou as mangas do moletom de Math para baixo e segurou a bainha entre os dedos. O ambiente era iluminado por uma luz escura azulada, o que transmitia um clima sombrio. Havia uma leve neblina no ar de fumaça de cigarro.

O bar era estreito nas laterais, porém bem extenso de comprimento. Tinha um tom rústico e elegante na decoração. Na parede direita de Liz, uma caixa de som emitia batidas altas de hip hop, fazendo os altos falantes tremerem. Do lado esquerdo havia um bar, com um balcão de madeira e bancos acolchoados. Alguns funcionários pegavam bebidas das prateleiras logo atrás do balcão e serviam os clientes. Mesas redondas espalhavam-se pelo local, quase metade dos adolescentes naquelas mesas pertenciam a escola de Liz, ela supôs, ao reconhecer alguns rostos.

Os três adolescentes seguiram Math, que cumprimentou quase todos pelo caminho e sentou com as pernas abertas em uma das cadeiras dos cantos. Acompanhando os movimentos dos outros, Liz arrastou uma cadeira para se sentar, fazendo um ruído no piso de mármore negro, entretanto, quando estava prestes a fazer tal ato, focou a visão no ponto iluminado nos fundos do bar, observando uma mesa de sinuca gasta com um único homem jogando. Foi mais forte que ela caminhar até os fundos e deixar os outros ao redor da mesa.

Mesmo sem ver ela sentiu os olhares desconfiados lançados por suas costas. Ela jogou para trás um cacho que atrapalhava sua visão e prestou atenção no jovem jogando sozinho. Seus cabelos castanhos estavam despenteados - como em todas as vezes que Liz o vira - caindo em ondas até a metade da orelha, destacando um brinco de argola no lóbulo direito.

Ela deu a volta pela mesa de sinuca e pegou um dos tacos. Rafael encarou-a. Tentar decifrar os olhares dele era como solucionar um cubo mágico, causava insistência em conseguir tal façanha. Ele usava os mesmos coturnos sujos de lama, uma calça jeans e um casaco vermelho que escondia as tatuagens.

— Tem quanto tempo que você surgiu? Dois meses? Porque Sofia nunca falou de você? — ela não o encarou, abaixou o tronco, colocou a ponta do taco na beira da mesa e posicionou-o entre os dois dedos, lançando uma tacada que encestou uma bola.

As Doze Luas - Filhos do AlvorecerWhere stories live. Discover now