« quatro »

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Caitlin Franklin

Pousei os sacos de papel em cima da bancada da cozinha e suspirei cansada, a vontade de arrumar tudo era nula, mas tinha de o fazer. Comecei por arrumar as coisas no frigorífico, e depois as coisas no armário e as últimas que arrumei foram as do congelador. E depois disso enfeitei a minha fruteira. Peguei no fervedor de água enchendo o mesmo, peguei numa caneca e numa saqueta de chá.

- Vamos ver se o chá de Compton, é tão bom como o de Londres... - murmurei para as paredes, coloquei a saqueta dentro da caneca, e após três minutos quase a água já estava pronta.

Enquanto despejava a água dentro da caneca de vidro transparente, bocejava. Eu não posso adormecer, são três da tarde e ainda tenho muito que fazer, tenho descobrir onde é que os Bloods andam, tenho de saber tanta coisa para começar com o meu plano. Peguei na caneca e caminhei para a sala, sentei-me no sofá e peguei no comando ligando a televisão.

Mas logo me levantei para ir buscar as informações que tenho da toda a comunidade dos Bloods, segundo percebi metade de Compton é dele, e a outra é dos Crips, eu estou na parte que me interessa. Sentei-me novamente e reli e li tudo aquilo que me interessava, ainda hoje eu iria começar com o meu plano. Atirei os ficheiros para cima da pequena mesa de centro, e peguei num cobertor que estava no final do sofá. Pousei a caneca já quase na metade no chão e deitei-me por completo no sofá cinzento.

Acordei realmente assustada e procurei pelo o meu telemóvel, levantei-me a correr e subi as escadas de madeira, procurei o dispositivo móvel pela cama e logo em seguida peguei na minha mala e despejei tudo o que tinha nela, e respirei de alívio ao encontrar o meu telemóvel, cliquei no botão do meio para ver as horas e franzi as sobrancelhas ao ver que ainda eram três.

- Merda! - gritei sozinha dentro do apartamento. - Merda de fuso horário! - berrei, sai do apartamento a correr não me esquecendo das chaves, e chegar ao andar da receção quase escorreguei. - Senhor Mark, que horas são?

- São nove horas, Caitlin. - respirei de alívio e assenti recompondo-me.

- Obrigada. - ele assentiu. - Bom eu vou indo. - sorri levemente, e virei costas.

Entrei dentro de casa novamente, e mais uma vez corri para o andar de cima, peguei em duas toalhas e entrei na casa de banho. Comecei a encher a banheira, e também as roupas que envergava. Desliguei a água e entrei dentro da banheira, dei um pequeno suspiro e fechei os olhos, passei as minhas mãos molhados pelo o meu rosto e encostei a cabeça para trás. Mergulhei para dentro da água e quando voltei à superfície encarei a parede de azulejos preta. Revi o plano de me aproximar deles inúmeras vezes na minha mente, e tentei perceber quais eram as vantagens de sair viva de lá. Tenho 99% de probabilidade de sair morta e 1% de sair viva, espero que o 1% corra bem, pois ainda sou muito nova e bela para morrer.

Procurei por um vestido preto e apropriado para um festa, deixei a toalha cair aos meus pés e pousei o vestido em cima da cama. Coloquei a minha roupa interior, e em seguida deslizei o vestido preto pelo o meu corpo. Olhei-me ao espelho e sorri confiante, procurei pelos meus saltos e ao encontrá-los calcei-os rapidamente.

Quis deixar deixar o meu cabelo secar sozinho, e só depois o iria esticar. Entrei na cozinha e peguei no jantar que comprei no take away do Super, meti o meu jantar no microondas e enquanto a comida aquecia fui tratar da minha maquilhagem, não quero de toda dar nas vistas por isso optei por algo discreto, apenas o batom se iria notar mais. Ouvi o sinal do microondas e voltei a descer para o andar debaixo, retirei o meu precioso jantar e sentei-me nas cadeiras altas em torno da ilha no meio da cozinha.

Meia hora depois estava na garagem do prédio, na última semana que estive em Londres o meu chefe havia dito, que tudo o que eu precisasse eu tinha. Ou seja se tenho casa também tenho carro, certo? Abri a minha garagem, encontrando o carro mais que perfeito, o carro que é a minha cara Range Rover preto opaco. Dei uma volta ao carro, vendo os seus vidros igualmente pretos. Sorri alegremente, e peguei nas chaves que estavam em cima do capo do carro. Já tenho algo positivo em Compton. Entrei na bomba que é o meu carro, e preparei-me mentalmente para o que vinha a seguir, conduzi até à discoteca que é comandada pelos Bloods.

Fechei a porta do carro, e caminhei para a discoteca lentamente, observei tudo com atenção e apertei o casaco contra o meu corpo. Eu tenho de ser cautelosa, tenho de ser profissional mas principalmente não mostrar nenhuma emoção. Assim que ia entrar na discoteca o segurança barrou-me. Merda.

- Final da fila. - disse bruto.

Olhei para a enorme fila e bufei irritada, assim que me virei de costas para o segurança encarei uma rapariga de cabelos loiros. Freya Watson, desviei-me do seu caminho sem retirar o meu olhar do seu, o seu olhar castanho também não deixou de encarar o meu e quando estava quase a virar a cara, vi a sombra de um sorriso nos seus lábios pintados de um vermelho escuro.

- Ela está comigo. - virei-me rapidamente encarando a loira. - Anda. - ordenou agarrando o meu braço.

O segurança nada disse, apenas nos deu passagem, ao entrar dentro da discoteca o cheiro a fumo e tudo mais entrou nas minhas narinas, mantive-me ao lado da loira observando tudo atentamente. Mas um local em exclusivo chamou a minha atenção, o andar cima.

- Como é que te chamas? - indagou perto do meu ouvido.

- Caitlin. - disse apenas encarando novamente o movimento da discoteca. - E tu?

- Freya. - sorri levemente. Não me estas a contar novidade nenhuma. - És nova em Compton? - assenti. - O que te trouxe por cá?

- Assuntos com a minha família. - olhei na sua direção e a mesma sorria, assentiu algum tempo depois. - Bom, eu vou beber algo.

- Claro. - acenei-lhe e mergulhei pela multidão de pessoas que dançavam.

Ao chegar ao balcão pedi um shot, apenas para aquecer. Virei-me de costas para o balcão e por curiosidade olhei para o andar de cima da discoteca, era um sítio fechado mas haviam janelas que permitiam as pessoas de cá debaixo verem as de lá de cima, do sítio onde estava conseguia ver Molly e Freya encostadas ao parapeito, conseguia ver Liam e Harry sentados no sofá a conversarem com umas raparigas, via todos menos um.

- Para ires lá para cima tens de pagar. - virei-me para o balcão ao ouvir a voz da morena que me havia servido o shot.

- Não tenciono ir lá para cima, estou muito bem cá em baixo. - sorri. - Podes dar-me um copo de vodka pura? - ela arregalou os olhos mas assentiu.

Disorder « z.m »Onde histórias criam vida. Descubra agora