Capítulo 2 - Queimando

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— Sam? — ela chamou, cutucando sua perna — Vamos Heughan, acorde!

Caitriona despertou de um sono leve e cheio de sonhos e se deparou com Sam sentado ao seu lado no sofá, sua cabeça deitada nas coxas musculosas dele, dividindo o cobertor. Ela admirou os contornos suaves de seu rosto, o maxilar relaxado e aquela ruguinha que tinha entre as sobrancelhas desfeita, os cabelos loiros despenteados. Ele vestia uma camiseta branca e um shorts larguinho, totalmente entregue aos sonhos. Era bom poder observá-lo assim, despido de toda preocupação. Tocou sua face, acariciando levemente seu pescoço, passando o indicador sobre seus lábios macios em seguida e então percebeu que ele poderia acordar e surpreendê-la em meio a suas carícias. Decidiu então o acordar, para ir dormir na cama. O dia seria longo amanhã e eles deveriam estar bem descansados. Ela o chacoalhou delicadamente.

— Hum? — ele abriu uma pequena fenda de seus olhos azuis, e logo voltou a fechá-la.

— Vamos Sam, eu te ajudo — ela levantou-se e o puxou do sofá, fazendo um enorme esforço para que ele levantasse.

Ainda sonolento, ele pôs-se de pé e deixou que Cait o conduzisse até seu quarto. Ela puxou as cobertas pra que ele deitasse, ajeitou os travesseiros macios e o cobriu. Fechou as persianas, tomando o cuidado de não fazer barulho, pois ele já estava dormindo novamente, se é que tinha despertado em algum momento realmente.

Andou até a porta do quarto e se apoiou ao batente da porta. Mesmo na pouca luz que vinha do corredor, ele era lindo. Os cabelos loiros curtinhos, as sobrancelhas grossas e o queixo largo. Um de seus braços estava sobre sua cabeça, flexionado de forma que seus músculos se sobressaiam, sua respiração era lenta e pesada.

Ela queria tanto deitar na cama com ele. Queria tanto despí-lo de seus shorts e camisa, apenas para encontrá-lo sem cueca e seu membro rígido sobre os pêlos aparados de sua virilha. Ela o havia tocado uma vez, e essa única vez fora o suficiente para alimentar suas fantasias mais extravagantes nos últimos quatro anos.

*

Ela deveria estar a caminho da Escócia nesse momento, onde teria um teste de elenco para o papel principal de uma produção. Claro, ela estaria se seu passaporte não estivesse detido pela embaixada indiana. Mas a produção fez questão de ir até ela. Mandou o ator principal e dois membros da equipe para realizar mais alguns testes nos EUA, e por sorte, ela poderia participar sem sair de LA. Se ela conseguisse, seria o papel de sua vida.

Os dias de modelo já haviam se acabado. A industria da moda era fria, e sua idade não era a ideal para conduzir qualquer grande nome nas passarelas. E ela sempre amou atuar. Seria incrível se ela conseguisse esse papel.

Estava nervosa com o teste, e por mais que tivesse decorado as falas e memorizado tudo que precisaria para a manhã seguinte, não conseguiria descansar. Convidou Hannah para sair beber, mas a amiga não estava na cidade. No fim, foi sozinha mesmo, melhor do que ir pra casa e ficar rolando na cama, sem conseguir dormir. Tudo que ela precisava era de um bom drink antes de dormir.

Foi até um pub próximo e sentou-se no balcão, pois não pretendia demorar. Pediu um gin tônica e enquanto esperava, um belo espécime masculino sentou-se ao seu lado. Os cabelos avermelhados caíam em cascata até abaixo das orelhas e seu fisico, mesmo sob inúmeras camadas de roupas, era visível. Seu peito era largo, os braços grossos, e apesar de seu tamanho ameaçador, o sorriso era cativante e os olhos de um azul profundo, tinham um brilho que encantaria qualquer uma. Ele estava sozinho, mas já havia bebido todas.

— Você vem sempre aqui? — ele perguntou sorrindo, a voz pastosa carregava um sotaque estranho.

— Não, na verdade acabei de chegar na cidade — mentiu, rindo de sua cantada barata —E você?

— Nunca tinha colocado os pés aqui.

— Você está sozinho? — ela questionou, curiosa.

— Acho que sim, meus amigos acabaram de ir embora — ele ergueu um copo de uísque, sugerindo que ela fizesse o mesmo com seu drinque — Slainté!

— Slainté! — ela respondeu, beberricando de seu copo.

E assim, ela fez a coisa mais irresponsável de sua vida: se deitou com um estranho que encontrou em um bar, e que além de tudo, estava bêbado.

Foi o melhor sexo de sua vida, pelo menos. Ele a levou até um hotel e quando a viu nua, pareceu recobrar os sentidos. A tocou com carinho e foi extremamente gentil. Ela arrancou suas calças e ajoelhou-se em frente a ele, tomando seu membro. Acariciou as bolas com as mãos enquanto lambia toda a extensão de seu pênis, surpreendendo-o ao engoli-lo, ouvindo-o gemer e arquejar de prazer. Quando soltou seu membro, ele a empurrou para a cama e deitou-se sobre ela, chupou o bico de seus seios, lambeu e mordiscou todo seu corpo, até alcançar sua virilha, onde demorou-se, chupando e lambendo enquanto ela arqueava seu corpo e gemia em resposta. Quando ela achou que não aguentaria mais, ele finalmente a penetrou.

Ela acordou cerca de uma hora mais tarde, dando-se conta da loucura que fizera, seu corpo latejando onde ele a havia mordido. Ela teria o teste mais importante de sua vida na manhã seguinte e não poderia se deixar atrapalhar por esse tipo de decisão precipitada, então se vestiu rapidamente, juntou suas coisas e o deixou no quarto. Tinham ido para um hotel, no que ela achava ser o local onde ele estaria hospedado. Tomou um taxi até seu próprio apartamento.

Só ela conseguia imaginar o tamanho da surpresa que sentiu quando percebeu, na manhã seguinte, que o cara com quem iria contracenar, Sam Heughan, era o homem com quem tinha dividido a cama na noite anterior. Ele tinha uma enorme mancha roxa no pescoço, que ela tinha certeza que fora feita por sua própria boca.

Por um tempo, esperou que ele se lembrasse, mas ele nunca disse nada e ela concluiu que: 1) ou ele era um galinha que saía por ai dormindo com todo mundo e não daria a mínima importância para ela ou 2) que ele tinha sofrido de amnésia alcoólica. Qualquer que fosse a resposta, no dia seguinte ela assinou o contrato e leu a temida clausula que especificava que ela não poderia ter relações amorosas com seu co-protagonista e isso encerrou qualquer possibilidade.

Com o tempo, percebeu que ele não era um sedutor barato muito menos o tipo de cara que saía dormindo com qualquer uma, e que provavelmente ele não se lembrava e nem lembraria da noite que dormiram juntos. Ela o evitou por vários meses, com as lembranças da noite em que fizeram amor até o dia em que ele a amparou no corredor. E naquele momento ela resolveu lhe dar o beneficio da amizade.

Claro que era difícil conviver com ele todos os dias, meses a fio, gravando cenas de todos os tipos - inclusive aquelas cenas sensuais e maravilhosas na tv, mas que eram extremamente constrangedoras de gravar. Para ele, deveria ser fácil vê-la somente como amiga, mas pra ela, era difícil não vê-lo como homem.

Mas era ainda mais difícil ficar longe dele.

— Ah Sam Heughan, maldito dia em que fui dormir com você! — ela murmurou, fechando a porta do quarto e atravessando o corredor até o quarto de hóspedes. 

Kiss meWhere stories live. Discover now