Capítulo 38 - Comida mexicana

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Sam percebeu que algo estava errado e parou de andar imediatamente, segurando-a com mais força. Ela inspirava profundamente, as duas mãos segurando a barriga. Ele sentiu o sangue gelar enquanto se perguntava se ela estaria entrando em trabalho de parto. Começou a fazer as contas mentalmente: se realmente fosse, seria prematuro. Não, não podia ser.

— Cait, o que está acontecendo? — ele perguntou, esperando que ela tivesse a resposta para sua pergunta real: "o bebê está nascendo agora?"

Ela ergueu uma das mãos, fazendo um sinal para que ele esperasse, e continuou respirando fundo por mais alguns segundos. Ele esperou, o mais pacientemente possível enquanto ela se restabelecia. Logo ela se esticou novamente, alisou a roupa sobre a barriga, puxou mais uma lufada de ar e olhou para ele.

— Eu tenho quase certeza que é Braxton-Hicks — anunciou, por fim, referindo-se as contrações de treinamento, mais conhecidas como contrações de Braxton-Hicks — E-eu contei, tentei contar, mas acho que foram 30 segundos. Passou.

— Não é melhor ligar pra Dra? — ele perguntou, e ela podia ver que ele tentava conter o pânico.

— Sam, não foi nada. Se acalme, está bem? — ela disse, passando a mão carinhosamente por sua face — Eu já tive outras vezes... essa só foi um pouco mais intensa.

— Eu não deveria ter te deixado sozinha — ele disse baixinho — Vou te levar para o quarto — falou, enquanto já passava o braço por baixo das pernas dela, levantando-a no colo.

— Sam, não precisa me carregar! Eu já disse que estou bem — ela protestou, mas percebendo que não adiantaria de nada, passou os braços por trás de seu pescoço enquanto ele a carregava para dentro.

— São três andares de escadas, Caitriona — ele falou — Jamais deixaria você subir depois disso.

— Você é um bobo preocupado — sorriu, encostando a cabeça em seu peito e deixando que ele subisse a escadaria com ela. Foram apenas alguns segundos de uma dor que lhe cortou a espinha, a barriga tinha ficado tão dura e ela mal conseguira respirar. Mas passou.

Ele abriu a porta do quarto com dificuldade, mas se recusou a soltá-la no chão, depois acendeu as luzes e acomodou-a na cama, afofando alguns travesseiros às suas costas. Foi até a lareira e mexeu no fogo, que crepitava baixinho aquecendo o quarto em conjunto com os aquecedores modernos. Ficou lá, abaixado em frente ao fogo por um tempo, observando as chamas. Ela soube que ele estava tentando se controlar.

— Sam — chamou. Ele não olhou, não se virou, não respondeu. Ela esperou.

Vários minutos se passaram até que ele se levantou e começou a andar pelo quarto, passando as mãos nos cabelos, o maxilar cerrado.

— Por quê? — ele perguntou, por fim, sem parar para encará-la, apenas continuou andando para lá e para cá, olhando para o chão.

— Porque era minha luta. Só minha — ele disse fracamente. Não queria brigar, nem discutir, mas sabia que seria difícil controlar os ânimos de Sam — Da última vez que ele apareceu você saiu no soco com ele, Sam, e acabou se machucando-

— E se ele tivesse te machucado, Caitriona? — perguntou, parando no lugar e olhando-a, o desespero impresso em seu olhar.

— Ele nunca- nunca me machucou. Não fisicamente, pelo menos — ela disse, tentando não desviar o olhar ao falar isso — E eu estava perto da entrada, tinha pessoas passando por ali, ele não faria nada tão publicamente, Sam.

— Mas e se tivesse feito? — insistiu.

— Não importa, Sam, ele não fez! Morreu o assunto! Ele não vai mais voltar para nossas vidas — ela disse, tentando não erguer a voz, tentando não libertar aquelas lágrimas que estava segurando desde que Piérre lhe dera as costas.

Kiss meOpowieści tętniące życiem. Odkryj je teraz