Capítulo 7 - Um só

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Eles ficaram em silêncio por um momento, esperando que suas respirações se acalmassem, que sua frequência cardíaca diminuísse e que o frenesi passasse.

— Me desculpa, Cait — Sam falou por fim, afagando seus cabelos. Ela ainda jazia sobre ele, a cabeça deitada em seu peito — Por não lembrar e por não ter falado nada.

— Eu também não falei — ela disse simplesmente, deslizando o indicador sobre seu peito, desenhando pequenos círculos — Quatro anos, Sam.

— Quatro anos — ele repetiu.

— Como eu pude deixar isso chegar tão longe? — ela se perguntou, esperando uma resposta divina.

— Caitriona, acredito que eu também seja culpado, dessa vez — ele declarou solenemente. Um segundo depois foi tomado por outro acesso de tosse, que fez com que Cait finalmente se levantasse de cima dele, ajeitando o cobertor sobre os dois, ainda nus.

— Me desculpa por isso também- quer dizer, eu deveria estar cuidando de você...mas quando eu vi já tinha tomado a garrafa toda e- eu estava tomando coragem pra fazer isso há algum tempo — falou de uma vez.

— Desde que fui ver minha mãe? — ele inquiriu, lembrando da mudança de atitude dela na época.

— Bem, sim — admitiu.

— O que mudou desde então? — Sam havia passado o braço por trás das costas dela, num abraço sob o cobertor.

— Nada, na verdade — ela admitiu — Hannah me fez pensar.

— O que quer dizer com "me fez pensar"?

— Bem, ela apontou algumas coisas sobre nós e eu me obriguei a admitir que algumas coisas eram mais que amizade — ela sorriu — ,como você gemer Cait ao invés de Claire nas gravações.

— Eu tinha sonhado com você aquela noite — ele riu abertamente, lembrando-se do momento em que percebera que tinha errado o nome e como ficara apreensivo na época.

— E também tem o fato de você não fazer ideia do que seja um beijo técnico —completou.

— Ah, eu sei muito bem o que é um beijo técnico — aproximou seu rosto do dela, roçando sua barba falhada a pele macia de sua face — eu só nunca quis fazer com você e bem, você nunca questionou também.

Eles estavam cara a cara, os dois narizes encostados, se olhando sem piscar.

— Eu também voltei de viagem com algumas coisas em mente — Sam continuou.

— Como assim?

— Minha mãe perguntou de você.

— Aparentemente, o mundo inteiro já tinha percebido — Caitriona falou, desviando o olhar — Quantas vezes tivemos que responder essa pergunta em entrevista, Sam?

—Eu perdi as contas.

Ficaram alguns instantes em silêncio, apenas aproveitando o calor um do outro e o fato de estarem nus sem uma audiência.

— Você estava falando a verdade, Cait? — Sam finalmente perguntou, temeroso —Sobre- sobre me amar?

— Eu nunca falei mais sério na minha vida — confirmou — E você?

— Teve dias em que achei que fosse morrer, Cait. Porque ser apenas seu amigo doeu demais, mas a possibilidade de ser ainda menos que isso, era insuportável — ele sentiu os olhos queimarem enquanto falava.

— Oh Sam — ela arfou, limpando com um dedo a única lágrima que escorria no rosto dele e deixando que uma torrente delas escorresse por sua própria face — Como pudemos ser tão cegos ao sentimento do outro?

— Eu não sei, meu amor. Eu realmente não sei — falou, encostando seus lábios aos dela para um beijo, que foi prontamente recebido — Mas eu sei que agora não precisamos mais sofrer.

— Agora sabemos — ela completou.

—Quer dizer, eu nem sei se você quer realmente ficar comigo ou o que, mas eu adoraria namorar você, Caitriona e também me casar e ter uma dúzia de filhos com você, é claro — falou tudo num fôlego só.

— Isso seria um pedido de namoro ou casamento, Heughan? — ela sorriu, forçando um sotaque escocês ao pronunciar seu sobrenome.

— Eu adoraria pular para os finalmentes, é claro, mas acho que seria mais prudente dar um passo de cada vez, certo? — ele disse, afastando uma mecha de cabelo dela que havia caído sobre seus olhos.

— Certo — concordou, rindo abertamente.

— Eu adoraria fazer isso com mais pompa e glória, é claro, mas considerando a situação atual...e bem, eu não estou disposto a esperar nem mais um minuto — ele apontou para seu próprio corpo nu e o cobertor em que estavam enrolados —Caitriona, você quer ser minha namorada?

— Oh Sam, é claro que eu quero — seus lábios se encontraram novamente, e se encaixaram como se tivessem sido feitos um para o outro, numa dança coordenada.

— Eu sonhei com isso também — ele falou, assim que libertou seus lábios — mas não acho que isso tenha acontecido naquela noite.

— Não. — ela riu, achando engraçado —Uma hora vai ter que me contar o conteúdo desses sonhos, Sam.

— Eu pretendo replicar todos eles, um por um — ele disse, encarando-a com sua melhor expressão de safadeza, sendo interrompido por mais um acesso de tosse.

Ela o observou, preocupada novamente. Antes que ele conseguisse parar de tossir, Caitriona se levantou, juntando as roupas que estavam jogadas pela sala, evitando o canto em que jogara a garrafa de uísque, que agora estava coberto de cacos de vidro.

— Vista-se — ela lhe entregou suas roupas, enquanto enfiava sua própria camiseta pela cabeça.

— Não, vamos ficar assim... quer dizer, eu gostaria de repetir aquilo que fizemos — ele falou, sorrindo e arqueando as sobrancelhas.

—Olhe pra mim. — ela se aproximou, segurando o queixo dele para que não desviasse o olhar —Por mais que eu gostaria de repetir, não tenho certeza se você conseguiria.

Ele apenas pegou a mão dela e passou-a sobre uma protuberância no cobertor, que demonstrava que ele estava mais do que apto.

—Ah sim, nesse sentido eu sei que seria capaz. — ela riu —Mas pelo visto você não percebeu que esta ardendo em febre novamente, percebeu?

— Estou? — ele perguntou, passando a própria mão sobre a testa enquanto colocava a camisa.

— Sim, está. Você precisa descansar, Sam — ela saiu de perto dele, vestindo sua calça.

— Mas eu não quero descansar — ele riu, entrando em mais um acesso de tosse.

— Você precisa. E pelos poderes a mim concedidos como sua namorada, eu ordeno que descanse — ela riu, empurrando-o até que estivesse completamente deitado no sofá.

— Você não precisou de poderes de namorada antes.

— Agora eu tenho uma desculpa para ser mandona. Além do mais, vamos ter muito tempo para o tirar o atraso, está bem? — ela puxou a coberta até seu pescoço, afofando a almofada para ele — Já volto.

Lhe entregou outro copo de água e mais um comprimido. Segundo suas contas, já tinha dado oito horas desde que tomara o primeiro. Ele virou o copo num gole só, percebendo que estava morrendo de sede.

Enquanto ela juntava os cacos da garrafa de uísque, ele ficou a observando, com aquela sensação de propriedade que ele nunca poderia ter antes. Agora eles pertenciam um ao outro. Quando ela terminou, deitou-se com ele, entrando de baixo do cobertor e compartilhando seu calor para aquecê-lo.

— Eu te amo, Caitriona Mary Balfe — ele sorriu, os braços em volta dela.

— Eu te amo, Sam Ronald Heughan.



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N/A: capítulo com cara de fim, mas é só o começo, viu? Preparem os coraçõezinhos! <3

Kiss meWhere stories live. Discover now