Capítulo 6 - O amor vence

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—Cait, espera! - Sam falou, finalmente despertando do choque — Caitriona!

Ela seguia a passos largos até a porta do apartamento, aparentemente ignorando-o. Seus olhos estavam marejados, mas ela lutava contra seus sentimentos. Se recusava a derrubar uma mísera lágrima enquanto estivesse sob o mesmo teto que Sam Heughan, fosse de tristeza, ódio ou a mistura de ambos.

— Caitriona! — ele a alcançou, bloqueando o caminho até a porta e segurando seu braço com violência. Ela apenas ergueu o olhar, assumindo uma careta de nojo.

— Me solte! — gritou, puxando o braço.

Só então ele percebeu que a machucava, e soltou-a rapidamente, mas sem arredar o pé. Ela não sairia dali sem conversar com ele. Aliás, pra onde ela iria se saísse era um mistério, uma vez que estavam no apartamento dela. Pensou em falar isso, mas abandonou a ideia, concluindo que a deixaria ainda mais irritada.

— Me desculpe, pelo... pelo braço. — balbuciou encarando-a, um par de olhos azuis grudado no outro.

— Apenas me deixe ir. — ela rugiu, ensaiando um passo a frente, prontamente bloqueado por ele — Me deixe ir.

— Caitriona, porque nunca me falou nada? — questionou, intrigado — E porque está falando agora?

Ela mantinha os lábios apertados, e ele podia ver que ela mordia com força o interior de suas bochechas.

— Foi um grande erro, Sam. — afirmou, desviando seu olhar do dele — Foi tudo um grande erro, desde o começo. Desde aquele maldito dia naquele maldito bar. Desde o primeiro copo de gin. Foi uma sucessão de decisões erradas.

— O que você quer dizer, Cait? — Sam exasperou-se. Mal havia se recuperado da febre e ela soltara aquela bomba. Claro que estava em choque.

Como poderia não se lembrar daquela noite? Como pudera deixar aquilo acontecer sem se dar conta? Como pudera ter se deitado com ela e não se lembrar? Quer dizer então que seus sonhos não eram meras fantasias? Que eram lembranças daquela noite? Será?

— Eu quero dizer que eu nunca deveria ter ido naquele maldito bar, e nunca deveria ter me deitado com um estranho — gritou — e também que eu deveria ter saído daquela sala de audição no momento em que vi sua cara.

— Como pode dizer isso, Balfe? — protestou. parte de sua mente tentava absorver o que ela contara e outra parte se ocupava em procurar dentro de si aquela noite que perdera — São quatro anos, Caitriona. O papel de sua vida. O papel de minha vida. Como pode dizer que deveria ter virado as costas para isso apenas por minha causa?

— Porque faz quatro anos, Sam... quatro anos que te amo e nunca pude te dizer isso — desabafou, batendo no peito de Sam com os punhos fechados — Droga! Quatro anos que te assisto com outras mulheres, que contraceno com você, que dou vida nas telas a um amor que eu gostaria de viver fora delas. Quatro malditos anos, Sam.

Então deixou que as lágrimas jorrassem. Elas escorriam quentes e salgadas por sua face, pingando em sua blusa branca e desaparecendo. Ela havia guardado esses sentimentos por tanto tempo! Demorou até mesmo para admitir a si mesma que o amava, e depois que admitiu, que bem isso fez? Nenhum! Apenas trouxe mais sofrimento. E agora ele escorria em lágrimas enquanto gritava com ele e socava seu peito.

— Cait... — ele estava atônito. Como não havia percebido? Como deixara isso passar? Estava tão aturdido em seu próprio sentimento que não conseguira ver o dela? — Cait!

Ele segurou os dois punhos dela com delicadeza e deu um passo em sua direção. Puxou-a contra seu peito, segurando-a firmemente até que ela parasse de lutar e só então pousou uma de suas mãos sobre seus densos cabelos negros, afagando-a carinhosamente. Ela continuava chorando, e ele sentia as lágrimas quentes empapando sua camiseta, a respiração pesada e entrecortada por soluços silenciosos. Ele tinha partido seu coração.

Kiss meWhere stories live. Discover now