Kiss me

Capítulo 28 - Na alegria e na tristeza

Ela acordou na cama vazia, ainda nua, apenas enrolada nos lençóis macios. As persianas fechadas permitiam que apenas uma leve claridade iluminasse o quarto. Sam deveria ter acordado cedo para correr. Decidiu tomar um banho morno para despertar.

Quando saiu do banheiro, com os cabelos envoltos por uma toalha e o corpo enrolado em outra, Sam já tinha voltado, estava sentado aos pés da cama, tirando os tênis e coberto de suor. Tinha aquele sorriso de satisfação que exibia especialmente quando terminava de fazer algum exercício. Ela admirava a disposição dele em acordar cedo, ir correr e ainda ficar feliz com isso.

– Bom dia – ele falou, segurando a mão dela e puxando-a para seu colo, arrancando um gritinho de seus lábios.

– Sam! Você tá todo suado! – ela protestou, mas deixando-se ser puxada e colando os lábios aos dele em resposta ao cumprimento, num beijo lento e molhado.

– É só tomar outro banho – ele beijou-lhe o pescoço, e baixou a toalha delicadamente para expor seus seios, a pele branca reluzindo a meia-luz, enterrando a cabeça neles, sugando o mamilo com cuidado, enquanto massageava o outro seio de forma sedutora. Afastou a cabeça apenas o suficiente para poder encará-la, um sorriso nos lábios, sua respiração roçando os mamilos e enviando ondas de arrepios por todo o corpo dela – Podemos tomar juntos.

Ela se levantou num salto, distraída por aquele pulsar ritmado que sentia em suas partes íntimas, deixando que a toalha escorregasse enquanto libertava os cabelos molhados da outra.

A expressão dele mudou numa fração de segundos de satisfação para preocupação, enquanto esticava uma das mãos para tocar sua barriga. Só então ela se lembrou do que tinha tomado tanto cuidado para esconder no dia anterior, de porque tinha pedido que ele mantivesse as luzes do quarto apagadas. No lado direito de seu umbigo, havia uma enorme mancha roxa, as extremidades já adquirindo um tom esverdeado.

– O que é isso? – ele perguntou, por fim, aquele olhar de pesar estampado em seu rosto. Cait tentou se desvencilhar dele para pegar a toalha no chão, mas ele a segurava firmemente pela cintura, os olhos colados em sua barriga.

– Não é nada – ela disse, finalmente se soltando, e cobrindo-se de forma desajeitada com a toalha enquanto ia para o banheiro. Ele a seguiu, parou na porta, apoiando-se no batente enquanto a observava pentear os cabelos.

– Caitriona, fale comigo – suplicou, os olhos brilhando de preocupação. Cait soltou a escova sobre a bancada e se virou para ele.

– Não é nada, Sam. Foi só a injeção – respondeu, de forma prática – A médica disse que é normal, que eu acertei um vazinho, logo vai sumir.

Era Sam quem aplicava a injeção, todos os dias, desde que descobriram que seria necessário tomar. Era ele quem pacientemente limpava, furava e apertava o embolo o mais lentamente possível e depois segurava o gelo por alguns minutos. Mas ele fora viajar, e ela tinha que se virar, afinal era apenas uma injeção.

Ela observou enquanto ele voltava para o quarto, sentando-se novamente aos pés da cama, os cotovelos apoiados sobre os joelhos, as mãos na testa. Ele ficou assim, em silêncio, por alguns minutos, até que ela se aproximasse, sentando-se no chão, em frente a ele. Pegou uma de suas mãos, segurando-a com força.

– Não dói – ela falou – Não é nada. Logo vai sumir.

Sam apenas ouviu, evitando seu olhar. Ele sentia que estava prestes a desmoronar e nenhuma palavra parecia fazer sentido naquele momento. Queria tanto protegê-la, livrá-la de qualquer dor, sofrimento. Queria acreditar que seria tranquilo, que todas as coisas que ela estava se submetendo pelo bebê valeriam a pena. Aliás, queria que ela não precisasse se submeter a nada. Queria apenas que ela fosse feliz. Sem dor. Sem sofrimento. Sem injeções. Mas também queria muito o bebê, queria muito um filho dela, queria muito. Era um sentimento tão contraditório, porque queria que ela lutasse com todas as forças pelo bebê, mas também não queria que ela sofresse.