Capítulo 8 - Aposta

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— Acho que deveríamos ir em carros separados — Sam propôs, enquanto vestia a calça. Caitriona ainda estava deitada em sua cama, um pouco descabelada e muito sonolenta.

Por conta do resfriado de Sam, tinham conseguido dois dias de folga, uma dádiva que raramente poderiam desfrutar. Claro que na manhã do segundo dia Sam já estava muito melhor, e poderiam ter voltado a trabalhar, mas Cait ligou para Ronald e alterou um pouquinho a realidade — pedindo que Sam tossisse alto enquanto estava ao telefone, e conseguindo mais um dia para que pudessem aproveitar a companhia um do outro.

Passaram o dia basicamente na cama. Dormindo, assistindo Netflix ou fazendo sexo, óbvio. Depois de quatro anos, já se conheciam muito bem, e já eram muito íntimos mesmo antes de estarem juntos, mas agora havia uma nova intimidade e também a urgência de tirar o atraso desses anos de sentimentos reprimidos.

— Pra quê? — ela questionou, finalmente levantando da cama completamente nua e seguindo em direção ao banheiro. Sam parou o que estava fazendo para admirar a visão que era aquela mulher nua e confortável com sua presença ali.

— Ora, para que não desconfiem! — ele disse, simplesmente. Na noite anterior haviam discutido como iriam lidar com a situação. Obviamente não poderiam assumir publicamente o relacionamento, pelo menos por hora — por conta da maldita cláusula contratual, mas iriam confidenciar aos amigos mais próximos e familiares, além de alguns membros da equipe. Aos poucos, e muito sigilosamente.

—Sam, nós vamos juntos para os sets desde... bem, desde sempre. — ela falou enquanto ligava o chuveiro para um banho rápido — Se não formos juntos, daí sim que vão desconfiar de algo.

Ele ouvia o barulho da água caindo e já estava quase tirando suas próprias roupas, pensando em escorregar para dentro do box junto a ela e tomá-la ali mesmo. Conseguia até imaginar o tipo de gemidos que ela faria quando começasse a chupar seus seios, sob a água quente do chuveiro.E então ela desligou o chuveiro e um segundo depois apareceu no quarto enrolada em uma toalha, sorrindo para ele.

— Eu sei o que está pensando — ela declarou, passando muito perto dele e afagando suas costas com um sorrisinho zombeteiro — e eu quero exatamente a mesma coisa, mas estamos atrasados.

*

O dia tinha sido bem longo, mas estavam descansados e muito felizes, e mesmo depois das quatorze horas de gravações quase ininterruptas — pra tirar o atraso dos dias de folga deles — estavam num bom estado de espírito.

Sam dirigia de volta para casa, alternando a mão entre a marcha e a coxa de Caitriona, olhando-a de vez em quando.

— Por que está sorrindo? — ele finalmente perguntou, curioso. Desde que entraram no carro Cait estampava aquele sorrisinho debochado.

— Ahn, nada — ela replicou.

— Desembucha, Balfe — pediu, olhando-a de soslaio. Ela sabia muito bem que ele odiava quando ela não lhe contava as coisas.

— Bem, Marill veio me procurar no camarim, agora quando estávamos saindo — contou.

— E o que ela queria?

— Bem, ela queria saber o que tinha acontecido.

— Como assim?

— Segundo ela, a equipe inteira estava comentando que estávamos diferentes hoje.

— Wendy disse que eu tinha um brilho diferente no olhar — ele riu — Será que é tão óbvio assim?

Desde que aceitaram a amizade um do outro, Sam a tratava com carinho nos sets e fora deles, eles sempre riam e debochavam um do outro. O que poderia estar diferente, afinal?

— Ela perguntou se estamos juntos — Caitriona falou simplesmente. Sam freou bruscamente, quase fazendo com que o carro de trás batesse em sua traseira. O carro saiu buzinando.

— E o que você disse? — perguntou quando conseguiu se acalmar o suficiente para lembrar como fazer as palavras saírem por sua boca, voltando a acelerar o carro, somente para pará-lo em seguida no acostamento.

— Eu neguei, claro — respondeu, tirando o cinto e virando-se para ele, enquanto segurava suas duas mãos — Foi isso que combinamos, não foi?

— Sim, foi. — ele disse, grudando seus olhos nos dela, azul com azul — E ela acreditou?

— Bem, na verdade, não. Mas ela disse que ela mesma não tem nada a ver com contratos e que mesmo que tivesse, não se importaria. — então ela sorriu novamente — Ela contou também que eles tem uma aposta rolando, há anos, entre a equipe.

— O quê? — ele praticamente gritou.

— Segundo ela, faz uns anos que tá rolando já. Quase todo mundo tá participando e tem dinheiro envolvido nisso — Caitriona riu, e ele relaxou, começando a achar graça também — e todo ator novo que entra pro elenco, pede pra participar.

— E como eles pretendem finalizar essa aposta? — Sam inquiriu, curioso.

— Quando assumirmos publicamente, ou não - bem, eu também não entendi muito bem a mecânica da coisa, mas é isso. Eles apostaram se estávamos juntos ou não e hoje estavam dizendo que tinha algo diferente em nós e todo mundo começou a se animar porque achavam que finalmente iríamos nos assumir — contou.

— Bem que eu gostaria de contar pra todo mundo — ele falou, fazendo beicinho —

queria sair gritando aos quatro ventos, postar no twitter e ver a loucura começar.

— Mas não podemos, por enquanto. — Cait afagou seus dedos longos — Eu já pedi para meu advogado analisar o contrato, ver se tem alguma brecha jurídica.

Então foram o resto do caminho discutindo quem poderia ter apostado a favor e contra o casal, e rindo das suposições.

*

Três dias depois

— Cait? — Sam estava a porta de seu camarim, vestindo roupas de Jamie Fraser, mas felizmente sem a maldita peruca ruiva. A maquiagem o fazia parecer um pouco mais velho, e as roupas lhe davam um ar feroz, mas ela gostava da visão.

— Entre, estou sozinha — ela acenou para que fechasse a porta. Ele não pensou duas vezes antes de trancá-la, se aproximando em duas passadas dela.

Ela estava sentada no sofá, estudando o texto para as próximas horas de gravações, e ele sentou-se ao seu lado, passando o braço por suas costas e puxando-a para si. Ouviu o barulho do script caindo no chão, enquanto Sam tomava seus lábios num beijo urgente, quente e demorado. Ela só percebeu que segurava a respiração quando ele finalmente a soltou, puxando uma lufada de ar para os pulmões. Ele já estava se preparando para um segundo beijo quando ela se levantou.

— Eu tô indo pra Dublin nesse fim de semana, visitar meus pais — declarou, parando um segundo antes de continuar — e eu gostaria que fosse comigo, como meu namorado.

— Como seu namorado... — ele repetiu, olhando-a intensamente.

— Isso. — ela sentou-se de volta — Eu olhei a sua agenda... e vi que tinha folga também.

— Sim, eu tenho — respondeu, um pouco distante. Ele apenas imaginava o tipo de olhar e aperto de mão que receberia do pai dela quando contassem que estavam namorando. Se da última vez, há cerca de dois anos, mesmo dizendo que era apenas amizade, o cara quase quebrou sua mão, o que faria quando soubesse?

— Sam? — ela chamou, tentando tirá-lo do transe.

— Está certo, mas peça pra ele não acertar minha cara, por favor, porque temos gravação na segunda e a Wendy iria me matar se eu aparecesse com um olho roxo de novo.

Kiss meWhere stories live. Discover now