Capítulo 18 - Londres

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Convencer a produção a comprar tickets de trem ao invés de passagens de avião não havia sido tarefa fácil, mas depois de horas intermináveis de negociação, ela havia finalmente conseguido. Trocar uma viagem de 1h30 por quase 5h era uma coisa quase impensável para ela e Sam, mas Cait não podia se dar ao luxo de colocar os pés num avião antes das doze semanas, segundo recomendação médica, então fez tudo que pode para evitar a viagem. Quando viu que teria mesmo que ir a Londres, começou a procurar alternativas, e por fim, convenceu Sam de que poderiam aproveitar a vista das montanhas na viagem de trem. Isso bastou para que ele a ajudasse a convencer a produção.

Seriam apenas dois dias em Londres para algumas fotos e entrevistas referentes a quarta temporada de Outlander. A agenda era apertada mas ela conseguiu encaixar uma consulta com outro obstetra. Apesar de confiar na Dra Carina, uma segunda opinião não faria mal algum, então deu o jeito de esconder sua enorme pasta de exames na mala e fugir na tarde do segundo dia para a consulta. O médico foi categórico ao examinar os resultados de seus exames: estava tudo bem com ela, seria uma gestação tranquila, fim do assunto.

Na saída do consultório encontrou com algumas fãs, e prontamente tirou fotos e deu autógrafos. Nas ruas de Londres ela era quase invisível e até se assustou ao perceber que havia sido reconhecida, afinal ela se misturava às pessoas com maestria. Voltou para o hotel com o coração mais leve. Dez semanas. Apenas duas para poder contar a Sam.

A produção havia reservado quartos separados para Sam e Cait – afinal, eles ainda não haviam assumido a relação – e pelo bem das aparências, ao menos fingiam ocupar os dois quartos, mas dormiam juntos no de Cait. O quarto ainda estava vazio quando chegou, as luzes apagadas. A camareira havia passado e arrumado a cama enquanto esteve fora. Tratou de tirar logo as roupas e ir para o banho. Era o auge do verão londrino, mas não fazia calor. O céu tipicamente cinzento, o sol escondido pelas nuvens que de hora em hora faziam cair uma garoa fininha e insistente, seguida por um vento gélido. Típico clima inglês.

Saiu do banho e parou em frente ao espelho, analisando os contornos de seu corpo nu, a correntinha de Sam pendendo em seu pescoço. Tocou seus seios, as coxas, a bunda, seguindo para o ventre que outrora fora plano, onde ela já conseguia ver uma pequena protuberância, pequena demais para ser notada por olhos desavisados talvez. Colocou a mão em palma sobre a barriga e ficou assim por muito tempo, talvez uma hora, talvez dez minutos, ela não fazia ideia. Somente quando ouviu a porta do quarto abrindo que saiu do transe, terminando de se secar e indo para o quarto apenas enrolada na toalha.

Sam estava sentado na ponta da cama. O cabelo que outrora fora cortado, agora já crescia em cachos desordenados, úmidos pela garoa. 

– Oi amor – ela cumprimentou, esticando-se para beijar-lhe os lábios. Ele apenas a encarou, sem corresponder ao beijo. Era como tentar beijar um cadáver.

– Onde você esteve, Caitriona? – ele perguntou sem rodeios, os olhos insondáveis. A felicidade que ela estava sentindo se esvaiu em segundos, como se o sol tivesse se escondido atrás de grandes nuvens negras de tempestade.

– Fui comprar umas coisas – respondeu, dando-lhe as costas para pegar uma roupa limpa na mala.

– Não, você não foi – ele disse secamente, lembrando-se da foto que havia visto dela com as fãs.

Caitriona tomou uma grande tragada de ar, contou até dez e virou-se de volta pra ele, enfiando a camiseta pela cabeça enquanto falava com a maior calma e frieza possível.

– Desde quando lhe devo satisfação do que faço ou deixo de fazer?

– Eu só estou preocupado, Cat – ele respondeu, erguendo as sobrancelhas ante sua frieza.

Kiss meWhere stories live. Discover now