Capítulo 22 - Doze semanas

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Angústia, cansaço e confusão. Essas três palavras definiam com precisão o que Sam estava sentindo desde que chegara naquele hospital. Ele entrara no quarto em silêncio, procurando por Anne ou Tony enquanto se precipitava até a cama. Caitriona estava inerte, mas quente, seu peito subindo e descendo de forma constante. Viva. Havia apenas um tubo de soro conectado ao catéter em sua mão direita e ela dormia profundamente.

Ficou com medo de tocá-la, não sabia o que estava acontecendo, não sabia se iria machucá-la de alguma forma, não sabia de nada. Apenas depositou um beijinho em sua testa, torcendo para que não fizesse mal, e sentou-se na poltrona ao lado da cama, segurando a mão dela. Não conseguiria deixar de fazê-lo. E ficou ali, esperando que ela acordasse, que algum médico ou enfermeira chegasse, ou ainda que Tony ou Anne aparecessem. Pensou em ir procurar uma enfermeira, alguém que pudesse lhe dizer o que estava acontecendo, mas não conseguiria deixá-la ali, então ficou apenas sentado, a cabeça apoiada em uma das mãos, esperando.

Mais de uma hora havia se passado quando sentiu que Caitriona apertava sua mão com a dela. Ergueu a cabeça e encontrou seus olhos azuis o encarando, marejados de lágrimas.

– Cat – ele falou baixinho, erguendo a mão para secar uma lágrima que escorria pela face dela – Meu amor, o que aconteceu?

– S-sam, me perdoa – Caitriona falou, sua voz mal era audível, quase um sussurro. Agora as lágrimas já escorriam livres por sua face, depositando-se na curva do pescoço, enquanto ela fungava – Por favor.

– Cat, querida, me explica o que está acontecendo– ele não sabia se podia abraçá-la, não fazia ideia de como a consolar, nem mesmo pelo quê a consolar, enquanto ela chorava copiosamente, deitada naquela cama de hospital – Querida, por favor, eu não sei o que fazer. Preciso que fale comigo, está bem? – ele estava exasperado, mas tentava manter a voz calma.

Ela tomou fôlego, e ele podia perceber que estava tentando se controlar, segurar as lágrimas e ser a Caitriona forte e direta que conhecia e amava.

– Eu estou grávida, Sam – ela pronunciou as palavras bem devagar, como se tivesse medo delas, e então ele percebeu que ela tinha a mão sobre a barriga, como se estivesse a protegendo. Ficou paralisado por um momento, e precisou se lembrar de respirar antes que perdesse a consciência por falta de oxigênio.

– Mas... – ele começou a falar, procurando as palavras e falhando miseravelmente. Lembrava-se com clareza do dia em que ela havia lhe contado que achava que não poderia ter filhos, lembrava dela falar do aborto, dos abortos, todos os três. Como ela poderia estar grávida agora? Ele sofrera tanto por aquilo, por não poder ter filhos com ela. Sofrera em silêncio pois não queria machucá-la ainda mais.

Ele ainda estava atônito, tentando organizar os pensamentos, quando ouviu duas batidas rápidas na porta. Uma médica entrou no quarto em seguida e foi até Caitriona, cumprimentando-o com um aceno de cabeça.

– Está mais calma agora, querida? – a médica perguntou, afagando a cabeça de Cait, enquanto segurava seu pulso com a outra mão, verificando sua frequência cardíaca.

– Sim, obrigada – Caitriona respondeu, tentando se sentar direito na cama. A médica a ajudou, ajeitando os travesseiros em suas costas – Como ele está?

– Como eu te disse antes, está tudo bem, foi apenas um susto – ela respondeu, imprimindo o máximo de calma em sua voz, tomando uma lufada de ar antes de prosseguir – Mas eu tenho uma notícia que pode ser boa ou ruim, depende de como você prefere encarar, Caitriona – a médica parecia temer que Cait desmoronasse, então lançou um olhar a Sam – Você é o pai do bebê, eu suponho.

– Er, ahm, acho que sim – Sam falou, confuso. Ainda estava tentando assimilar a notícia de que Caitriona estava grávida. Era tudo muito novo, mas agora ele estava começando a compreender o que acontecera em sua ausência. Cait estava ali por causa do bebê.

Kiss meWhere stories live. Discover now