Capítulo 40 - Família

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— Essa coisa de acordar sozinha na cama já está se tornando um hábito, não? — Caitriona perguntou, falando baixo ao perceber que Sam tinha Victoria adormecida em seu colo.

    Ela acordara com os seios doendo, o leite encharcando a blusa do pijama, e quando procurou por Victoria no moisés ao lado da cama, percebeu que estava vazio, assim como sua cama. Ainda sonolenta, teve um breve momento de pânico até despertar o suficiente para concluir que Sam devia tê-la levado para a sala, como fazia quase toda noite. Vestiu um robe sobre o pijama e foi, a passos leves, até a sala.

    A luz estava apagada, mas a lareira acesa iluminava o ambiente. Ela se apoiou a soleira da porta e ficou ali por um tempo, observando-os. Sempre soube que Sam desejava ser pai, sempre soube que ele amava crianças e tinha testemunhado a forma que ele interagia com seus sobrinhos, por exemplo, mas jamais imaginou que ele pudesse amar tão profundamente alguém como amava a pequena Victoria. Ali da porta ela conseguia ver a forma que ele arqueava as costas, os músculos de seu pescoço, o jeito que virava a cabeça para observá-la, aninhada em suas pernas.

— Ela estava inquieta — ele respondeu, estendendo a mão para Caitriona, convidando-a a sentar-se a seu lado — e eu não queria que acordasse, querida.

    Ela se sentou no sofá ao seu lado, e ele logo puxou-a para seu peito, o bebê deitado sobre uma manta em suas pernas, num sono profundo. Ficaram em silêncio, assistindo seu peito subir e descer, como se pudesse parar caso não estivessem olhando.

— Ela é tão perfeita — Sam disse, acariciando sua cabeça coberta de fios dourados — Igualzinha a mãe — sorriu, olhando para Caitriona.

— Essa aí só sei que é minha filha porque fui eu que pari, porque de mim não tem nadinha — Cait brincou — Olha a testa! Igualzinha a sua!

— Não vou negar, pobrezinha, vai ter que usar franja a vida toda — sorriu — Mas o nariz é igualzinho ao seu, e o formato dos lábios, as orelhinhas... ela é toda sua, meu amor — conforme falava, Sam foi aproximando seu rosto do dela, os lábios se abrindo lentamente quando tocou nos dela, que corresponderam imediatamente, num beijo quente e delicado.

    Eles se perderam um no outro, por alguns segundos deixaram que suas mentes vagassem para longe dos cueiros, fraldas e vômitos e leite, deixaram que seus corpos sentissem saudades um do outro e aproveitaram aquilo. Num beijo. Numa fração de segundos. Então pararam, nariz com nariz, testa com testa, os olhos abertos, encarando um ao outro, Sam lhe deu um selinho e voltou a atenção para a bebê, que havia acordado e os encarava em silêncio, os dois olhos azuis bem abertos.

    Caitriona pegou-a e num movimento ágil abriu os botões da blusa do pijama, revelando um dos seios, onde a bebê logo agarrou-se, sugando faminta. Sam puxou-as contra si novamente e ficaram os três juntinhos até que Victoria parasse de sugar, adormecendo novamente, a barriga cheia. Antes que Cait começasse a fechar a blusa, Sam pegou a bebê de seu colo e deitou-a em seu ombro, dando tapinhas leves para que ela arrotasse. Eles funcionavam bem juntos, um cuidando do outro e ambos cuidando de Vic.

    O dia estava amanhecendo quando Sam deitou-a no sofá cuidadosamente, cobrindo-a em seguida. Ele tinha uma mancha de leite no ombro, onde a pequena havia gorfado pouco antes. Cait estava na cozinha, e pelo cheiro, sabia que ela estava passando um bom café para começar o dia.

    Dez minutos depois, Caitriona entrou na sala com uma bandeja, que logo acomodou sobre a mesa de centro. Sam ligou uma música baixinha enquanto ela estava na cozinha, e Victoria dormia pesado no sofá. Cait entregou uma xícara de café para ele, e apontou para os biscoitos, indicando que ele também deveria comer, enquanto ela mordiscava um deles.

Kiss meOnde as histórias ganham vida. Descobre agora