C A P Í T U L O B Ô N U S

6.7K 537 273
                                    

§ KIMBERLY MADDOX §

Sabe quando você tem a sensação de estar vivendo algo que jura que já ter visto antes, exatamente do mesmo jeito?

Bem, o nome disso é dèjá vu. E olhar para Nina e meu irmão é um exemplo perfeito disso.

Eles estavam brincando com a Neve nos fundos da casa, como se fossem duas crianças bobinhas brincando de pique-pega na maior inocência do mundo. E depois, decidiram passear com a cadela pela vizinhança. Eu nem precisaria olhar para eles para saber que estavam de mãos dadas, e roubando beijos um do outro tanto quanto um pirata rouba um tesouro.

Dentro do meu quarto, revirando minhas caixas de lembranças da minha adolescência que ficavam embaixo da cama, olhava as centenas de fotos e bilhetinhos de amor que tinha guardado. Ver ela aqui me trouxe muitas memórias de volta, e me fez sentir nostálgica. Tanto tempo tinha se passado desde que eu tinha perdido minha paixão adolescente que acho que me esqueci como é estar como eles agora: apaixonada.

"Você é tão gata, mas tão gata, que no lugar de rosas eu te daria um sachê de Whiskas!"
- Nick

"O que que esse bombonzinho tá fazendo fora da caixa?"
- Nick

" Contanto que você me ame
Poderíamos estar passando fome
Poderíamos estar sem casa
Poderíamos estar sem dinheiro
Contanto que você me ame
Serei sua platina
Serei sua prata
Serei seu ouro

Acho que essa pode ser nossa música, Kimmy, contanto que você me ame
-Nick"

"Tô fazendo uma campanha de doação de órgãos! Não quer doar seu coração pra mim, não?"
- Nick

"Tu é mais linda que uma deusa grega, mulher. Quem foi que te esculpiu, hein?"
- Nick

Toda semana ele me mandava alguma cantada ou letra de alguma música nossa, mesmo que já tivéssemos namorando há meses. Alguns eram bestas, mas Nick sabia que eu gostava de rir com essas cantadas. Sorri igual uma idiota ao ler esses bilhetinhos e cartinhas de voltas, e lembrei o quão sortuda era por ter ele como namorado.

Fucei mais debaixo da cama e achei outra caixinha, mas menor e mais delicada. Ainda bem que Kyle não achou essa, senão teria surtado. Abri ela com cuidado e delicadamente tirei o par de alianças que tinha ali dentro. Peguei a menor e coloquei no meu dedo da mão esquerda, onde eu deveria usar hoje se tudo desse certo.

Mas, não deu. Triste, não?

Admirei minha mão com o anel de noivado, lembrando do dia que eu a ganhei. Se eu dissesse que sorri e chorei ao mesmo tempo, eu seria louca?

Vitória, Espírito Santo — 26 de julho de 2013
(5 anos e alguns meses antes)

Eu odiava vestidos, mas abria uma exceção para ocasiões especiais. Ele era preto — simples e liso —, mas sofisticado. Nick não tinha me dito para onde iríamos, mas falou que era um jantar em um lugar mais arrumado do que as lanchonetes e barzinhos que tínhamos ido.

— Pra que tanta maquiagem? Nick vai gostar de você de qualquer jeito! — Nara disse, de boca cheia.

Ela estava devorando um pote de açaí com a Nina, sentadas no chão do closet dela. A função delas aqui, na verdade, era me ajudar com o encontro dessa noite, mas elas mais comiam do que me ajudavam.

BROKEN HEARTOnde as histórias ganham vida. Descobre agora