C A P Í T U L O X X V I

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§ KYLE MADDOX §

Já tinha me acostumado a dormir com a Nina e em como ela jogava o cabelo no meu rosto, mas não com o meu celular tocando. Fui acordado ouvindo o barulho do meu celular recebendo varias mensagens, e xinguei-o mentalmente por não tê-lo colocado no modo silencioso. Ainda sonolento, tateei o celular no meio das almofadas onde eu e ela estávamos deitados. Quando achei, diminui a iluminação da tela e li as mensagens:

Cecília: Acorda, Kyle.
Cecília: Agora!
Cecília: Eu preciso falar com você
Cecília: Acorda logo, caramba.

Kyle: Achei que você tinha me bloqueado quando me deu um pé na bunda.

Cecília: Acho que é inovador para você, mas existe a opção de "desbloquear" no meu celular.
Cecília: Vem me ver agora, Kyle.

Kyle: Aham, já to indo.
Kyle: Vai lá na esquina, curva a direita, depois a esquerda e segue reto toda vida.
Kyle: Vou estar lá com idiota escrito na testa.
Kyle: Com todo respeito, vai pro inferno.

Cecília: Haha
Cecília: É melhor você calar a sua boca, Kyle, antes que eu nem te dê a chance de conversar comigo e já ferre com sua vida.
Cecília: Nós temos assuntos, e isso vai te interessar

Kyle: Eu não quero saber.
Kyle: Me bloqueia de novo antes que eu faça isso.

Cecília: É sobre a Nina.
Cecília: Te dou 10 minutos para estar no meu quarto, se não nem conversa vamos ter.

Ela ficou off-line.

Olhei as horas no visor, e eram perto das 4 da manhã. Minha visão estava fraca e eu não estava pensando direito, e queria apenas voltar a sonhar com qualquer coisa que eu estivesse sonhando. Joguei o celular de lado com a lanterna ligada e esfreguei meus olhos, pensando se realmente valia a pena ir até ela.

A maior burrada da minha vida foi ter confiado na Cecília e ouvido sobre o plano dela. Nina não fazia ideia do que eu tinha pensado em fazer, e nem eu imaginava que um dia poderia ter pensado em quebrar o coração dela. Quer dizer, eu não gostava dela naquela época, mas eu não a conhecia. Não sabia sobre os traumas e vícios da Nina, muito menos como ela poderia ser autodestrutiva.

Minha garganta secou ao pensar nisso: Nina é autodestrutiva, como uma bomba desativada, esperando um impulso do lado de fora fazer todo o poder sair de dentro dela e estilhaçar todos os seu redor.

Isso era um medo meu. Eu queria protegê-la de tudo e todos, sem deixar ninguém pensar em machucar minha garota. Lembrá-la de quem ela realmente era e dos sonhos dela, e não o que a mãe quer. Curar o coração dela e fazer ela se esquecer das dores que sentiu antes, porque o meu coração doía de pensar o quanto ela foi ferida. Dar todos os beijos e abraços do mundo nela, enquanto ouço ela dizer que me ama e que eu sou o jogador preferido dela — juro que posso morrer assim, e ainda estaria completamente feliz.

Tentei tirar meu braço das costas dela lentamente para não acorda-la. Sem fazer barulho, me levantei e olhei-a por uma última vez antes de ir. Cobri ela com um cobertor a mais e beijei a testa dela, me desculpando mentalmente por ter pensando em fazer tantas coisas ruins com ela.

Deixei o quarto dela, caminhando pelo corredor. Olhava para os lados, verificando que ninguém estava me olhando. Minhas mãos suavam frio no bolso do moletom, pensando no que Cecília iria querer comigo. Quando cheguei na porta dela, dei alguns toques enquanto esperava ela abrir.

BROKEN HEARTOnde as histórias ganham vida. Descobre agora