C A P Í T U L O X I X

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§ NINA MILANI §

Depois que Kyle me deixou na casa da minha irmã, bati na porta antes de entrar. Eu ainda lembrava de como minha irmã odiava quando eu entrava no quarto dela sem bater, quando ela ainda morava comigo. Mas, depois que eu entrava, ela pedia que eu não saísse.

Acho que eu sempre gostei mais do quarto dela do que o meu, ou apenas gostava da companhia dela. A gente brincava de ser modelo, e vestia todas as roupas mais bonitas que ela tinha e fazendo as maquiagens mais coloridas. Depois, acordavamos com o barulho das ondas batendo contra as rochas, que podiam ser vistas da janela da minha casa. Em seguida, minha mãe ia no quarto e mandava que nos arrumassemos, porque tínhamos aula. Ela também brigava com a gente, dizendo que tínhamos que dormir em quartos e camas diferentes porque aquela era muito pequena. Então, eu e meus irmãos íamos para a escola, quando ainda estudávamos juntos.

Isso tudo antes de Fox Mount. Bons tempos.

— Entra! — Nara gritou no meio da música alta que tocava nas caixas de som. Ela queria que a vizinhança toda ouvisse um sertanejo de corno.

A sala dela era simples, com dois sofás e uma televisão grudada na parede. Tinha algumas decorações, além de vários brinquedos espalhados embaixo da escada. Como uma típica casa canadense, o chão era de carpete e as paredes tinham enchimento, além do aquecedor estar ligado.

Minha irmã veio da cozinha, usando uma roupa bem casual e o cabelo preso. Veio de braços abertos, e me abraçou bem forte. Larguei minha mala, e abracei também:

— Eu estou tão feliz que você está aqui! — ela disse, em português.

— Eu também, irmã. — sorri. Os braços dela passavam pelas minhas costas e me esmagavam, mas essa era a única dor que eu gostava de ter.

Essa era a primeira vez que eu me encontrava com ela desde aquela vez na lanchonete, e a primeira vez que eu abraçava ela em quatro anos. Saudades era pouco para definir o que eu sentia.

— Ei, trouxe isso para a Cole. — disse, lembrando da sacola com bombas de chocolate. — Cadê ela, falando nisso?

— Deve chegar daqui a pouco. Ela foi ver a avó com o Luther, e pode ter certeza que ela vai voltar sem fome nenhuma. A mãe dele é daquelas que faz um banquete, sabe? Ainda mais com ela. As duas são um grude enorme! — ela disse, e pegou a sacola. — Mas, nós cuidamos disso para ela.

Minh irmã desligou a música e se sentou no sofá, com a sacola no colo dela. Ela me fez sentar do lado dela e comer as bombas com ela.

— Você deveria ter vergonha de comer a comida da sua filha, Nara. — disse, enquanto lambia o chocolate derretido nos meus dedos.

— E você de comer a comida da sua sobrinha, Nina. — ela riu, fazendo o mesmo. — Se o Luther não tivesse saído com ela, eu teria te buscado em Fox Mount. Você não tem carro, não é?

— Papai tentou me dar um, mas eu não quis. Não gosto muito de dirigir, então pego um táxi quando tenho que ir para algum lugar, ou carona. — dei de ombros.

— E como você veio até aqui?

— Um amigo me trouxe aqui. — disse, lembrando dos eventos do carro. Era melhor nem pensar muito e evitar pensamentos impuros para essa momento.

— Um amigo, é? — ela perguntou, curiosíssima e com duplo sentido. — Foi ele que deixou esse chupão no seu pescoço?

Coloquei a mão no pescoço, ficando vermelha de vergonha. Ela começou a rir, dizendo que estava velha porque eu não era mais uma criança e coisas assim. Ela foi na cozinha e me trouxe um pouco de gelo, e eu coloquei onde estava roxo.

BROKEN HEARTOnde as histórias ganham vida. Descobre agora