C A P Í T U L O B Ô N U S

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8 meses depois...

§ NINA MILANI §

A melhor parte do trabalho era quando ele acabava.

Já era tarde da noite quando a lanchonete fechava, e infelizmente hoje o meu dia de ficar até que todos os clientes fossem embora. Eu limpava uma mesa do canto, tirando os restos de um hambúrguer que algumas crianças deixaram ali. Peguei as bandejas e levei para o lixo, lugar que eles deviam ter deixado antes de irem embora.

— A cozinha já está limpa. — Carly, minha colega de trabalho, disse se aproximando de onde eu estava. Ela me olhou, e fez uma cara feia. — Você está bem? Parece péssima!

— Só cansada. — respondi, jogando o lixo fora. — Qual o problema desses infelizes jogarem o lixo aqui? A mão delas não vai cair se fizerem isso!

— Todos nós já fizemos isso alguma vez. Fizemos valer a pena o salário do garçom, e agora, você também. — ela disse, e eu dei de ombros. — Ainda tem alguém ali fora?

Neguei:

— Podemos ir agora?

— Sim, claro. — ela disse, olhando as horas no relógio. — Veja o lado bom. Tem meia-hora extra a mais no seu salário esse mês.

Fomos para o vestiário, onde troquei de roupa lá. Tirei o avental, a touca e a blusa da lanchonete, e os substitui por uma calça jeans e uma blusa regata. Também, coloquei um moletom que tinha pego emprestado (vulgo, roubado) do meu namorado há alguns meses. Ao vestir, senti aquele cheiro do Kyle. Quase consegui sentir o mesmo calor de quando eu abraçava ele. Queria ele que estivesse aqui, ou pelo menos próximo para que eu pudesse abraçá-lo de novo agora.

Já haviam se passado seis meses desde que ele entrou para o time, mesmo com a intervenção da Liga. Acontece que o Montreal Canadiens realmente queria o Kyle, então mal se importaram com o fato dele não estar na "Liga dos mais prestigiados" e bla bla bla. Então, ele se mudou para Montreal, onde podia se concentrar para os treinos e jogar na próxima temporada. Para ele foi melhor, com toda certeza. E eu estava mais que feliz, como namorada, ainda mais por conseguir seguir com o que sempre foi o sonho dele. Mas, por outro lado, ver meu namorado um vez a cada duas semanas era uma tortura. Eu era acostumada a vê-lo todos os dias quando ainda estudávamos em Fox Mount. Mas agora, essa distância me faz querer pegar o carro da minha irmã e ir para Montreal todos os dias, apenas para sentir o cheiro dele mais uma vez.

— Nina! — Carly me chamou, me tirando dos meus pensamentos sobre Kyle. — Você me ouviu?

— Não. — balancei a cabeça e olhei para ele. — Estava distraída. O que você disse?

— É, eu vi que você se perdeu aí dentro. — ela apontou para minha cabeça. Então, apagou a luz do vestiário e eu a segui com a minha mochila, ajudando-a a fechar a lanchonete. — Mas, não se preocupe, não era nada de importante o que eu ia falar. Não se pode dizer o mesmo de você, pelo visto.

Dei um sorriso discreto, enquanto conferia se as janelas estavam fechadas.

— Só estou com saudades do meu namorado. — respondi. — Ele se mudou desde que terminamos o ensino médio, e aí eu só vejo ele de duas em duas semanas. Mas, ele teve que ficar por lá na semana passada, então eu estou há três semanas sem ver meu namorado.

— Vocês ainda se falam, pelo menos?

— Sim, mas não é a mesma coisa. Nós estudávamos em um internato, e ele era da minha turma. Eu via ele todos os dias!

— Então por que você não pega vai ver ele? — Carly sugeriu. Ela tinha esse jeito simples e pratico de resolver as coisas.

— Acho que vou fazer isso qualquer dia desses, quando eu não aguentar mais a saudade. — sorri fraco. — Eu queria muito que ele estivesse aqui.

BROKEN HEARTOnde as histórias ganham vida. Descobre agora