Marcas em Sangue [Em Revisão]

6

Assim que saíram do auditório as reclamações começaram.

— Eu não acredito que eles vão mesmo acabar com o uso livre da internet, e essa história de ficar sem celular, o que eles querem? Atrofiar nossas mentes, só pode — Luke era mesmo o mais irritado, o fato é que ele sempre preferiu eletrônico a pessoas, e pelo que parece agora ele terá que passar mais tempo com as pessoas.

— Deixa de ser dramático Luke — Vic murmurou sem ânimo enquanto mexia em uma de suas mechas rosa. — Também não gostei nada, mas não é o fim do mundo.

O resmungo no auditório pareceu ser o bastante para descarregar a raiva da garota, Cristian e Scarlet também não pareciam muito preocupados, os dois trocavam olhares provocantes e cheios de promessa, se alguém estivesse prestando atenção provavelmente ficaria sem graça, mas ninguém estava fazendo isso. Enquanto Vic acalmava Luke, Sophie estava distraída tentando lembrar-se de onde conhecia aqueles olhos e aqueles cabelos vermelhos, e ainda tinha o tamanho do problema que teria com sua mãe por deixar o telefone desligado, ela imaginava que com o jeito preocupado e super protetor de sua mãe era capaz de a qualquer momento ela aparecer enlouquecida na escola.

— Aí, droga — ela parou no meio do corredor levando as mãos ao rosto.

— O que foi agora? — Vic perguntou bufando.

— Minha mãe, bem capaz ela aparecer aqui fazendo algum escândalo por eu estar com o telefone desligado — Sophie revirou os olhos realmente preocupada.

— Não há motivos para se preocupar, os pais já foram comunicados — uma voz firme a fez saltar de susto.

— Agora, vocês deveriam estar em sala de aula esperando por mim e não aqui no meio do corredor — a voz continuou no mesmo tom.

A garota não olhou diretamente pra ele, mas sabia quem era, sua voz era tão familiar quanto seus olhos, só podia ser loucura, de onde ela o conhecia?

— Podemos? — ele perguntou apontando em direção à sala.

Só então Sophie percebeu que todos já haviam ido para outras salas e agradeceu por Vic também estar em sua primeira aula, nunca precisou disso, mas ali era reconfortante ter um rosto conhecido. As garotas fizeram que sim com a cabeça e entraram se apressando a sentar.

— Para os que não me conhecem, meu nome é Estefan, e darei aulas de História — o professor continuou a aula, tranquilo como sempre.

Essa com certeza era uma profissão que amava exercer, e os alunos claramente amavam suas aulas, em poucos segundos toda sala estava completamente envolvida, no primeiro dia gostava de fazer algo mais informal, um debate com os alunos sobre suas experiências nas férias, isso sempre lhe dava um gancho para introduzir a matéria da forma mais interessante possível e enquanto os alunos falavam, ele andava no meio deles cumprimentando.

— Bom, meu nome é Sophie Robinson, eu me mudei há pouco tempo, não tenho muito que falar já que passei as férias desempacotando tudo, o que é uma tarefa um tanto inútil já que o "lance" da minha família é se mudar — a garota ergueu os ombros.

— Bem, senhorita Robinson, é um grande prazer conhece-la, e espero que você não se mude dessa vez — Estefan estendeu a mão para cumprimentar a garota, que gelou ao toque.

— Está tudo bem? — ele perguntou percebendo o choque dela.

— Sonhei com você — era pra ser só um pensamento, mas as palavras acabaram saindo da boca de Sophie.

— Como? — o professor a soltou dando um passo atrás visivelmente confuso

— Nada, não foi nada, também é um grande prazer estar aqui.

A garota voltou a sentar-se e agradeceu que ninguém estava prestando muita atenção no mico que ela acabava de pagar, ninguém exceto Vic.

— Gata, já chega à escola dando mole para o Estefan, não está para brincadeira querida — Victória brincou dando uma piscadinha.

Sophie continuava olhando fixamente para o professor de história, tentando entender o motivo de ter sonhado com esse homem se nunca havia estado com ele "eu só posso estar ficando louca" pensou. Os outros alunos continuaram se apresentando e contando detalhes de suas férias.

Estefan tentava não demonstrar que ficou abalado com a apresentação de Sophie, esperava que ninguém percebesse, principalmente ela. Como assim havia sonhado com ele? Será que se lembrava? O que exatamente havia sonhado? Queria correr para Hauren, contar o ocorrido, mas precisava agir como se nada houvesse acontecido. Conduzia a aula tentando não olhar para Sophie, porém, sentia o olhar fixo da garota sobre ele, o examinando.

— Para a próxima aula quero uma narrativa sobre a história do lugar onde passaram as férias, sejam criativos.

O sinal tocou assim que o professor acabou de falar e Estefan começava a relaxar enquanto a sala esvaziava, mas ela ainda estava lá, e pior, indo em direção a ele.

— Eu não acredito que você vai insistir nessa de dar em cima do professor.

O professor ouviu Victória brincando, mas sabia que não se tratava disso e talvez estivesse menos tenso se fosse apenas um caso de paixão adolescente.

— Com licença professor, posso falar com o senhor um segundo? — Sophie perguntou sem graça.

— Claro, senhorita Robinson — Estefan sorriu ao responder.

— Bem, queria me desculpar por hoje.

A garota olhava para o chão, sabia que ele tinha ouvido exatamente o que ela disse, e imaginava que o professor estivesse julgando que ela estava dando em cima dele, como Victória a acusava.

— Me perdoe, mas não entendi, existe algum motivo para se desculpar?

O professor fingiu não saber do que se tratava, o que deixou a garota confusa, mas ela apenas deu de ombro "é um cavalheiro, não quer me deixar sem graça" pensou.

— Sério Sophie, vamos logo, não notou que ele tá te ignorando? — Victória reclamou puxando a nova colega de classe.

— Olha garota, você é legal e tudo mais, mas essa de dar em cima do professor não vai dar certo — ela advertiu.

— Eu não estava dando em cima dele, eu realmente sonhei com esse cara, e acho que com aquela professora de cabelo vermelho, ela dá aula de que?

Sophie não tinha certeza se era uma boa ideia contar a Victória sobre isso, mas estava ficando louca e precisava falar com alguém.

— Hauren? Dá aula de cálculos, é uma das melhores aqui — Vic respondeu não dando importância ao fato dos sonhos.

— Me dá arrepios, isso sim — a loira confessou, lembrando-se da sensação estranha que teve ao ver a mulher no auditório.

— Sério? Ela é bem legal, arrepios tenho com a mandona, aquela ali é duro aguentar.