Capítulo 8 - Unidade (parte 4)

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Lúcifer estava em sua forma humana, trajando um terno azul elegante. Ele trazia um sorriso convidativo no rosto, Sophie sentiu um arrepio percorrer todo seu corpo ao olhar para ele.

— Ah! Que isso? Vocês estão muito tensos. — O senhor do inferno alargou ainda mais o sorriso. — Eu só vim buscar o inconsequente aí. — Ele apontou para o filho.

— Não vou deixar que o leve. — Cristian desceu se colocando em uma posição defensiva.

Lúcifer revirou os olhos e estalou os dedos fazendo com que todos ouvissem o som dos ossos do garoto se quebrando.

— Alguém mais?

— Deixem que ele o leve. — Estefan apareceu com Hauren que correu para verificar se Cristian estava bem. — Nós não podemos impedir.

— Eu estou vendo com meus olhos, mas não posso acreditar. — O demônio gargalhou. — Vocês dois fizeram isso mesmo? Bom, a Hauren não me surpreende, ela faz escolhas erradas desde que me conheceu, mas você Stephanus? Você não era o cara que Ele escolhia para resolver tudo? Eu queria ser uma mosquinha para espiar o desapontamento que você causou. — ele continuava a rir.

— Ele matou Agnes e…— Sophie não conseguiu continuar era como se tivesse preso em sua garganta. — Eu vou mata-lo.

— Não seja malcriada. — O demônio caminhou até ela fazendo com que a garota ficasse em alerta. — Eu não vou te machucar. — ele passou um dedo no rosto de Sophie, sobre a marca feita por Nathuriel e ela pode sentir o cheiro de sua carne queimando. — Pronto, seu tio agora não tem mais poder nenhum sobre você.

— Meu o que? — Sophie tinha os olhos arregalados.

— Ah! Não te contaram ainda ne?  — Ele encostou seus lábios no ouvido da garota. — Acho que eles temem que você queira ficar comigo, afinal você pode me chamar de vovô.

— Isso é mentira.

— Seu maldito pai era Nathanael, meu filho. Aliás, poderia usar mais o que herdou de nós, né? Foi vergonhoso ver você tendo que recorrer a essa coisa angelical. — Ele simulou estar vomitando. — Quando quiser conversar com alguém que te contei a verdade é só me chamar. Ah! E não se preocupem com a bagunça, já fiz os mundanos acreditarem que foi um terremoto.

Lúcifer fez com que Nathuriel fosse sugado por uma espécie de buraco negro, em seguida ele acenou e seguiu pelo mesmo local que havia mandado o filho.

Todos olhavam para Sophie esperando sua reação, ela respirou fundo, recolheu as asas, seus ferimentos ainda estavam em processo de cura, suas roupas pareciam trapos, mas nada disso se comparava a dor do luto, Luke estava morto, durante sua luta com Nathuriel achou que havia visto o garoto por trás dos escombros, provavelmente uma alucinação devido aos golpes que levava.

Cristian reclamava enquanto Hauren colocava seus ossos no lugar para que pudesse se curar, Vic o olhava com pena, conhecia bem o irmão, sabia que ele estava escondendo seus sentimentos.

— Como sabiam que eu precisava de ajuda? — Sophie quis saber.

— Luke nos contou. — Cristian se levantou alongando seu corpo. — Temos que ajudar as pessoas, escutem. — Ele pôs o dedo indicador no ouvido. — Devem ser os bombeiros, Vic recolha essas asas.

— Mas Luke, ele está morto. — Sophie se perguntava se ouviu errado.

— Ele não está. — Vic apontou para algo atrás da amiga.

Sophie se virou e quase perdeu o ar, Luke estava parado próximo aos escombros de sua casa, ele a olhava assustado, seu corpo estava coberto de poeira, o rosto sujo de sangue, segurava os óculos quebrados como se fosse algo de suma importância.

— Luke? — Sophie chamou duvidosa se aproximando.

O garoto piscou algumas vezes e então a puxou para um abraço, os dois se entregaram ao choro, era como se Sophie conseguisse sentir a dor dele, ela queria fazer parar, consola-lo.

Cristian sussurrou algo no ouvido de Vic e partiu, ela ainda tentou impedir, porém ele foi mais rápido sumindo por entre as nuvens. Logo em seguida começaram a chegar ambulâncias e carros de bombeiros. Iniciaram imediatamente o trabalho de busca, mas Hauren e Estefan já haviam revirado todo o lugar, de toda a rua restaram apenas seis sobreviventes, contando com Luke. O trabalho dos bombeiros foi apenas para retirar os corpos.

— Eu deveria ter te ouvido. — Luke sussurrou. Eles estavam sentados em uma ambulância para que o garoto tivesse os ferimentos tratados.

— O que disse?

— Você estava certa, todas essas pessoas morreram só porque eu resolvi que queria ficar com você, a minha mãe…eu…eu.— Ele soluçou. — Eu matei minha mãe.

— Você não a matou. — Sophie sentia mais dor do que quando era surrada a momentos atrás.

— Eu preciso que você vá embora, Sophie.

— Luke…

— Nós não devemos ficar juntos. — Ele soltou a mão que até então Sophie segurava e se levantou.

Vic, que estava próxima a eles, ocupou o lugar do garoto ficando em silêncio por alguns minutos.

— Precisamos ir. — ela disse finalmente. — Hauren e Estefan já foram, eu fiquei para te esperar.

— Eu sou neta de Lúcifer. — sua voz era trêmula. — eu só causo destruição, a mãe do Luke, todas essas pessoas, até a Scarlet morreu por minha causa.

— Não faz isso, não tire o mérito dela. Scarlet morreu em batalha, fazendo o que foi treinada para fazer, ela escolheu estar aqui, assim como todos nós.

— E por que? Vocês mentem, manipulam, escondem as coisas de mim e depois arriscam a vida por minha causa. — Ela se exaltou.

— Não é exatamente por sua causa. — Vic encolheu os ombros.

— O que quer dizer?

— Nós somos uma unidade. Somos a sua unidade. — Vic sorriu.

— Marionetes, assim como os anjos, fazendo segamente qualquer coisa que são ordenados. — Sophie debochou.

— Acho que todos nós somos, Deus e Lúcifer parecem jogar com nossos destinos como se no fossemos nada. — ela murmurou algum palavrão incompreensível. — A diferença é que escolhemos lutar por você, ninguém foi obrigado a te ajudar, nós não somos soldados cegos como os caídos, todos os filhos escolheram treinar para estarem ao seu lado quando chegar a hora.

— Hora de que? — Sophie estreitou os olhos.

— Da próxima grande guerra.

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Where stories live. Discover now