Capítulo 10 - O Baile (parte 3)

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A semana do baile era sem dúvidas a mais agitada em Sant'Angelin, todos os alunos, mundanos ou não⁰ só falavam nisso. Pares, vestidos, quem seriam os eleitos celestiais da noite, e o casal infernal que foi uma invenção de Victória para os mais sensuais, segundo ela Scarllet adoraria isso.

Sophie já tinha decidido que ela e Luke iriam juntos, Helena estava extremamente empolgada, parecia que ela era quem estava se preparando para a festa, a garota não questionou a mãe, preferiu fingir que realmente estava animada com a situação.

Deixou ser levada em diferentes lojas de sapato, pesquisou sobre penteados de cabelo, foi ao salão de beleza com direito até a tratamento na pele, provou inúmeros vestidos sem comprar nenhum deles, no fim optaram por mandar fazer um sob medida, deixou a cargo de Helena escolher os detalhes.

Na véspera do baile, Michel que estava de cara fechada a semana inteira, ainda insistia que Sophie o levasse, ele não parou de falar sobre isso durante todo o jantar.

— Não é para crianças. — Ela dava a mesma resposta já impaciente.

— Eu não sou criança. — O garoto sempre rebatia gritando.

— Claro que é meu amor. — Helena interviu com doçura na voz.

— Focaremos em seu treinamento, muito mais produtivo que esse baile. — August reforçou.

No fim, ele largou metade do bolo de carne no prato e foi para o quarto batendo a porta. Sophie até poderia levar o irmão, mas sua intenção não era permanecer no baile, então a presença dele poderia estragar seus planos, Michel teria que ficar em casa.

Logo após aq breve discussão, a campainha tocou e Helena foi até a porta. Sophie estava ajudando ao pai retirar a mesa do jantar.

— Deixe que termino. — Helena disse a filha ao retornar. — Você tem visita.

A garota a olhou de maneira questionadora, porém, a mãe apenas deu de ombros e indicou a sala de estar.

Sophie foi até o local e encontrou com Luke admirando um porta retrato antigo, ela ficou um tempo o olhando antes de anunciar sua chegada, ele era o que tinha lhe acontecido de melhor desde sua vinda para Louisville e estava sendo um castigo não poder estar ao lado dele como queria.

— Dizem que não é bom ver o par antes do baile. — ela brincou.

— Eu tenho certeza que isso é sobre casamentos. — Luke soltou o porta retratos e sorriu para ela. — Você era a criança mais linda que já vi.

— Obrigada.

— Q… quer dizer, você continua sendo linda. — Ele embolou as palavras. — Maravilhosa, na verdade.

— Eu entendi. — Sophie achou graça.

— Vim lhe trazer algo, ia esperar até amanhã, mas  queria te ver.

— Você não precisa de motivos para me ver, é sempre bem vindo. — Sophie o segurou pela mão e o guiou até o sofá.

Luke tinha nas mãos uma pequena caixa retangular de veludo vermelho que ele abriu revelando um colar prateado com um pequeno ponto de luz em pingente que combinava com o par de brincos. O conjunto era simples e delicado, dono de uma beleza encantadora.

— Pensei que ficaria bonito para o baile. — Ele disse tímido. — Não precisa usar se não quiser, você já deve ter comprado algo bem mais bonito.

— É lindo. — Sophie o interrompeu. — Claro que vou usar.

Os dois ficaram se olhando por alguns segundos antes do garoto não conseguir mais conter à vontade que sentia. Ele inclinou seu corpo para frente e a beijou de maneira intensa e desesperada pegando Sophie de surpresa, porém, foi retribuído com a mesma intensidade.

Os lábios sedentos de ambos se moviam com vivacidade, Luke se moveu apoiando o  joelho no sofá e debruçando seu corpo sobre o de Sophie que entrelaçou os dedos por entre os fios loiros que cobriam a nuca do garoto como se não fosse soltar nunca mais.

Ele usou uma das mãos para explorar as costas de Sophie sob a camiseta fazendo a garota se arrepiar, nenhum dos dois parecia se importar com nada além daquele momento e daquela intensa necessidade um do outro.

Foi Luke quem se afastou primeiro. Após descer seus beijos até o pescoço de Sophie, parou ofegante e a olhou como se por um momento fosse capaz de abrir mão da própria vida apenas para ir em frente com o que seu corpo implorava. Sophie respirou fundo e sorriu sem vontade o empurrando de maneira delicada, era muito injusto não poderem viver o que sentiam.

— Isso não vai dar certo. — Luke se jogou para trás encostando a cabeça no sofá.

— Vamos amanhã ao baile e depois limitaremos o contato. — Sophie sugeriu recebendo um olhar triste em resposta. — Isso é para que você continue vivo.

— Eu sei, mas não significa que eu goste. — Ele se levantou. — Amanhã te pego às oito.

Sophie o acompanhou até a porta e se despediram com um breve beijo no rosto. Ela se sentou ali mesmo, tentando acalmar as chamas que percorriam todo seu corpo, uma mistura de desejo, raiva, tristeza que não conseguia controlar. Lidar com seus próprios sentimentos sempre foi uma luta, e agora com todos os poderes que ia descobrindo ficava cada vez pior.

— Imagino que você não está muito bem. — Helena disse se aproximando e sentando ao lado da filha.

— Eu estou apaixonada. — Ela disse sem rodeios. — Não é que eu morra de amores por Luke, mas estou apaixonada por ele.

— Filha…

— Eu já sei. — Sophie interrompeu a mãe. — Não vamos ficar juntos, ou você pensa que quero ver ele morrendo? Só estou dizendo que poderíamos ficar juntos, se não fosse esse castigo ridículo.

— Você ainda é jovem, vai se apaixonar outras vezes.

— Julgando pelo fato de que eu só posso me apaixonar por caídos ou seus filhos, minhas opções são péssimas. — Helena não pôde evitar uma risada.

— Você não conhece todos os seres celestiais que existem na terra, então largue de ser pessimista. — Sophie já sorria, era difícil não melhorar o humor perto de Helena.

— Não limite ainda mais minhas possibilidades, não estou descartando os infernais. — Ela piscou para a mãe que lhe deu um leve empurrão com a mão.

— Agora vá dormir. Amanhã terá um dia cheio.

As duas se despediram e a garota foi para o quarto, jogou seu corpo sobre a cama de olhos fechados, tudo bem que seu infortúnio amoroso era o menor de seus problemas, mas não podia negar que seria muito melhor enfrentar tudo sabendo que no fim, se sobrevivesse, poderia ficar com Luke.

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora