Capítulo 12 - Destruída

787 123 135
                                    

Hunter e Sophie estavam decididos a irem até o baile acertar as contas com Estefan, apenas Luke não achava uma boa ideia, ele tentou sem sucesso convencer os outros.

— Vocês sabem que todos ficarão ao lado de Estefan, né? — Perguntou enquanto o caído destruía todos os móveis do local.

— Eu não tenho medo deles, Luke. — Foi Sophie quem respondeu.

— Isso aí! Loirinha. — Hunter lhe deu um sorriso de canto enquanto derrubava uma estante.

— Então, seu nome é Athaniel? — A garota perguntou interessada.

— Athniel. — Ele a corrigiu. — Significa “Leão de Deus”, meus pais eram muito iludidos.

— E por que você mudou para Hunter? — Luke quis saber tentando desviar dos cacos no chão enquanto se dirigia a porta.

— Combina mais comigo. — Ele ergueu os ombros. — Acho que já podemos ir.

A cabana estava completamente destruída, havia madeira, plumas e vidro espalhado por todo o lugar. Hunter estava parado na porta com as mãos na nuca, admirando seu trabalho.

— Não é o suficiente. — Ele coçou a cabeça com o dedo indicador como se pensasse em algo. — Será que você pode queimar tudo?

— Você é muito rancoroso. — A garota revirou os olhos.

— Ele me deixou preso só para você não saber que seus pais foram mortos por caídos, eu estava definhando.

— Diminui o drama, você já está recuperado. — Luke bufou irritado. — Aliás, como isso é possível?

— Aquelas correntes eram de prata infernal, impediam meu corpo de se curar. — Os três deixaram o lugar.

Após Sophie colocar fogo na cabana ela abriu suas asas deixando Hunter impressionado com a visão inesperada das plumas cinzas. Luke decidiu não acompanha-los, ligaria para o pai e pediria que o buscasse.

— Você tem certeza? — Sophie perguntou tentando lhe convencer. 

— Sim, passo na escola para saber se você está bem. — Ele puxou a garota para um abraço apertado e encostou os lábios em seus ouvidos antes de sussurrar. — Não confie tanto nele, por favor, tome cuidado.

Hunter já estava pronto para ir, trajando apenas uma bermuda, dava para ver todas as suas marcas e tatuagens que cobriam o corpo que a pouco estava fraco e desnutrido, agora completamente restaurado os músculos exaltados estavam em perfeita harmonia com o par de asas que ele esticava como se estivesse alongando depois de muito tempo sem usar.

Os dois subiram juntos em um bater de asas forte ao ponto de Luke precisar se segurar em uma árvore para não ser jogado longe. Não demorou para que eles chegassem a Sant'Angelin, os dois pousaram no telhado da escola parecendo um complemento à arquitetura do lugar.

Sophie arrumou o vestido e cuidou para o cabelo estar exatamente como antes, isso deixou Hunter impaciente.

— Vou entrar pelos fundos, ir direto ao depósito de armas. — Ele expôs seu plano. — Enquanto isso você atrai o Estefan para algum lugar afastado.

— E fazemos o que? Batemos até que ele conte toda a verdade? — A garota perguntou em um tom de deboche e preocupação.

— É exatamente isso.

— Nós não podemos. — Afirmou. — E se ele não falar? O matamos? Talvez ele não saiba mesmo o que aconteceu.

— Nós o matamos mesmo que ele conte tudo. — Hunter disse como se fosse óbvio.

— Não quero fazer isso, Hunter.

— Na noite em que sua mãe morreu, peguei você e levei até Estefan, antes mesmo que eu contasse o que aconteceu ele estava abalado de uma maneira que eu nunca vi. — Hunter segurou Sophie pelo queixo fazendo com que seus olhos se encontrassem. — Naquela época os caídos estavam fraquejando, muitos já viviam como mundanos, mas ele nunca tinha cedido aos sentimentos humanos antes, eu não conseguia pensar com clareza naquela noite, mas hoje entendo, aquele desgraçado já sabia.

A garota não disse mais nada, apenas suspirou e balançou a cabeça de maneira afirmativa e cada um deles seguiu seu caminho para colocar o plano em prática.

Sophie voltou para o baile e se misturou aos outros jovens como se nunca tivesse saído, ela avistou Estefan conversando com Hauren, os dois pareciam nervosos, mas com tanto barulho em sua volta era impossível se concentrar para descobrir o que os dois estava falando.

Ela se aproximou deles forçando um sorriso em seu rosto, era difícil não ceder ao impulso de confronta-los, mas se manteve firme.

— Algum problema? — Perguntou sorrindo. — Tem algo que eu possa fazer para ajudar?

— Sophie, você está linda minha querida. — Hauren a elogiou passando as pontas dos dedos em seu rosto, isso fez a garota estremecer.

— Nenhum problema, alguns garotos beberam escondidos e estavam estragando a decoração, mas já resolvemos isso. — Estefan franziu o cenho olhando a garota. — Mas e com você, está tudo bem?

— Está sim professor, mas preciso da sua ajuda em uma coisa. Será que pode vir comigo um momento?

Os dois professores trocaram olhares significativos e Hauren sorriu dando em seu amante um leve aperto no ombro como se dissesse para ele ir em frente.

— Não se preocupe, vou atrás do nosso problema. — A ruiva piscou.

Sophie guiou Estefan passando por entre a pista de dança e indo em direção ao salão da recepção. Estavam quase se afastando quando foram interceptados por Victória que trazia duas taças na mão.

— Você está aí, finalmente. — ela sorriu para a amiga. — Estávamos feito loucos te procurando.

Sophie sentiu um forte aperto no peito, como se tivesse uma espécie de pressentimento.

— Vic, quem estava me procurando?

— Eu, a Alex e o Michel. — A loira sentiu como se tivesse levado um soco no peito. — Não vai brigar com o moleque hein, você precisa ver, tá de terno e tudo.

— Não acredito que minha mãe deixou ele vir. — Sophie tinha a voz trêmula.

— Que nada, ele disse que pulou a janela. — Vic riu.

— Onde ele está agora?

— Alex convenceu ele de ir com ela ajudar a professora Bethy.

— Onde exatamente eles foram? — Foi Estefan quem perguntou com um olhar preocupado.

— Acho que para a cozinha, lá que estão as bebidas, não é?

Sophie sentia como se toda força tivesse sendo drenada de seu corpo, ela precisou apoiar a mão no ombro de Estefan para não cair. Escondido próximo à entrada da escola ela viu Hunter a olhando cheio de dúvida é tudo que conseguiu foi balançar a cabeça negativamente enquanto sussurrava um pedido de ajuda momentos antes de o alarme de incêndio ser disparado.



Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora