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Chegava ao final o primeiro dia de aula em Sant'Angelin, os alunos estavam enlouquecidos querendo reaver os celulares confiscados no início do dia. Sophie se afastou de Hunter assim que saíram da sala, misturou-se ao aglomerado que se formou logo após o sinal ter tocado e ficou escondida no banheiro feminino. Não estava nem um pouco a fim de ficar ouvindo as investidas insistentes do garoto.

Tudo que queria era ir para casa, tomar um bom banho e se jogar na cama, foi muito contato em apenas um dia, ainda mais para alguém que passou todo ensino médio como uma espécie de sombra, raramente notada.

Demorou um pouco para o murmurinho do corredor diminuir, e só quando isso aconteceu que ela deixou o esconderijo. Agora precisava achar seu armário e a direção para pegar o celular, ainda não estava familiarizada com os corredores da escola.

Lembrava que os armários ficavam no primeiro andar da escola, assim como o auditório, e o refeitório, esses eram os locais que já conhecia, mas segundo as instruções de Victória no mesmo andar ficavam a sala da direção, a área de esportes e a biblioteca. E foi quando estava passando em frente a esta ultima que ouviu uma espécie de soluço. Se sua memória estava correta era só virar à direita e chegaria onde queria, "não é da sua conta" ela repetiu mentalmente tentando ignorar o que ouvia, mas a curiosidade falou mais alto.

Abriu com cuidado a porta, a bibliotecária que estava lendo um jornal nem percebeu sua entrada, não parecia estar chorando ou qualquer coisa do tipo, o lugar era bem amplo, com vários corredores de livros catalogados em diversas áreas de conhecimento.

No fundo da sala estavam os computadores, apenas um deles ocupado por uma garota usando fones de ouvido que parecia estar fazendo alguma pesquisa escolar. Sophie tinha certeza ter ouvido alguém chorar, sua audição não falha, mas definitivamente não era essa menina.

Outro computador estava ligado, foi até ele e sentou-se. Ao lado do teclado tinha um óculos quebrado, que reconheceu na hora como de Luke e guardou em sua bolsa para devolver ao garoto.

O monitor mostrava uma página de acesso restrito, registro policial, o criminoso era um homem negro, de cabelo curto e barba bem feita "Hunter" ela sussurrou reparando na semelhança. Entretanto, o nome na tela era "Jonathan H. Wright", um condenado por destruição de patrimônio público e assassinato, nada fazia sentido, e a data era de cinquenta anos atrás.

— Isso é loucura, alguma brincadeira de péssimo gosto de Luke.

Havia outras abas abertas, clicou em uma delas, um site sobre história egípcia que falava de um poderoso faraó "pinturas encontradas sugerem que o faraó era considerado um deus por suas habilidades sobre-humanas", no topo da página havia uma pintura, Sophie apertou os olhos para ver melhor, parecia familiar.

— O que está fazendo, mocinha? — uma voz rouca perguntou bem próxima a ela.

A garota se assustou e tratou de fechar rapidamente a guia aberta na tela do computador, levantando-se em um pulo.

— Eu estava apenas fazendo uma pesquisa. — Mentiu.

— Uma pesquisa, sei. — Senhorita Dolores duvidou — vamos conferir isso — A velha disse abrindo o histórico para saber se a garota falava a verdade. Sophie ficou apreensiva, logo no primeiro dia e já seria pega quebrando regras, mas não havia nada no histórico. Nada além de páginas de pesquisa em que o acesso era permitido.

— Estou encrencada? — Zombou vendo o desconcerto de Dolores.

— Trate de ir pra casa, a biblioteca está fechando. — A mulher mandou virando as costas.

Logo após pegar o celular na direção, a garota correu até sua moto, o estacionamento já estava completamente vazio, "ótimo" pensou jogando a bolsa no bagageiro. Antes de subir ligou o celular para conferir as mensagens, para sua surpresa apenas uma de sua mãe "Está atrasada". Isso a fez rir enquanto acelerava para casa.

Enquanto isso, Srtª Thompson estava em sua sala analisando alguns relatórios sobre o balanço financeiro da escola. Educação com certeza era a área mais agradável e lucrativa que podia ter escolhido para firmar sua vida na terra, gostava dessa coisa de ter o controle.

Ali ela era a responsável por tudo e todos. A vida desses jovens em suas mãos era quase tão excitante quanto seu cargo no início, com menos sangue é claro. E era o que mais sentia falta, podia sentir o cheiro, o gosto, umedeceu os lábios recordando, sabia que agora era só uma questão de tempo, teriam novamente algo tão esplêndido, provavelmente até mais, desta vez alguém sairia vitorioso, agora um lado teria mais força, só restava saber qual.

— Entre. — Disse após ouvir batidas em sua porta.

Estefan entrou com uma cara não muito boa, parecia preocupado, sentou-se na cadeira em frente a diretora e escondeu o rosto com as mãos afundando os dedos nos fios bagunçados de seus cabelos.

— Agora que está de fato acontecendo, eu não sei mais se consigo — Confessou.

Clarice ponderou por um momento e então riu.

— Não seja tolo, ambos sabemos que só você pode fazer isso.

— Eu acho que ela me reconheceu. — O professor agora olhava fixamente para a mulher, claramente transtornado.

— Por que diz isso?

— Hoje durante a aula, ela disse que sonhou comigo — Suspirou — o que isso significa?

— Significa que a garota sonhou com você, não se precipite Estefan, uma hora ou outra ela vai descobrir tudo e você precisa estar pronto para isso.

— Parece gostar de tudo isso — Estefan balançou a cabeça negativamente.

— É claro que gosto, me surpreende você não gostar, pois eu lembro bem o quanto adorava isso. — Ela sorriu provocantemente.

— Eu mudei, eu gosto realmente daqui, da minha vida, do que posso ser aqui. — disse levantando-se.

— Isso nunca chegará perto a tudo que éramos antes, é uma ilusão. — A diretora bufou.

— Sua opinião minha cara, sua opinião — Saiu deixando Clarice sozinha em sua sala novamente.

Ela o achava um tolo, por mais que tivesse se habituado a sua nova vida, nunca deixaria de desejar voltar ao tempo de glória, não haviam nem mesmo palavras para descrever o que eram antes. Sentiu uma dormência nas costas, mexeu os ombros e suspirou desapontada, não havia nada que pudesse fazer agora além de controlar o que acontecia dentro de sua escola, então voltou a sua análise de dados.

 Sentiu uma dormência nas costas, mexeu os ombros e suspirou desapontada, não havia nada que pudesse fazer agora além de controlar o que acontecia dentro de sua escola, então voltou a sua análise de dados

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