Capítulo 12 - Destruída (parte 5)

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Os caídos passaram a noite tentando encontrar Sophie, porém, nenhum deles teve sucesso. A garota simplesmente desapareceu, deixando uma onda de preocupação para trás.

Sem conseguir pregar o olho, Helena pensava nos detalhes para o funeral do marido e do filho mais novo enquanto tentava diminuir os estragos feitos em sua casa. Ela se abaixou para pegar um porta retrato e voltou a chorar, lembrando de quando aquela foto havia sido tirada, Michel havia acabado de nascer e sugava seu seio desesperado enquanto August tentava impedir Sophie de esmagar o irmão com seu corpinho desajeitado. Era uma foto repleta de felicidade, sentimento que se extinguiu de seu ser. A mulher acabou pegando no sono sentada no sofá.

Já estava amanhecendo quando Sophie entrou em casa, as roupas molhadas, os cabelos desgrenhados e os olhos vermelhos de tanto chorar. Se deparar com sua mãe agarrada a uma fotografia da família serviu para intensificar ainda mais sua dor.

Com cuidado para não acordar Helena, ela subiu até seu quarto e desabou sobre a cama. Michel havia morrido por sua culpa, e seu descontrole matou August, não lhe restava mais nada em Sant'Angelin, seria impossível conviver diariamente com a mãe lhe fazendo lembrar de toda culpa.

Foi até o banheiro, precisava de um banho quente para ter certeza de sua decisão, a água rolava junto com suas lágrimas. Ao sair, sua mãe se encontrava sentada na cama, a dor em seus olhos fizeram seu estômago embrulhar.

— Estou indo embora. — Ela disse procurando algo em seu armário para vestir.

— Não quero perder você também.

— Já me perdeu. — Sua voz era carregada de remorso. — Não sou mais a garota que você criou.

— Você é minha filha, Sophie. — Helena se levantou, abraçando a garota como se pudesse assim conte-la. — Sempre será minha filha.

Sophie depositou suas mãos sobre as da mãe, sentindo aquele abraço e queria congelar o momento, mas contrariando sua própria vontade, ela afastou gentilmente os braços da mãe e se levantou.

— Eu preciso ir atrás da minha história, preciso saber quem é Alice. — Ela pegou uma mochila e começou a colocar algumas roupas.

— Eu não vou te impedir, mas fique para o funeral. — Helena pediu.

— E como vai ser?

— Eles serão cremados em Sant'Angelin, a forma tradicional iria gerar muitas perguntas entre os mundanos. — A mulher ajudava a filha dobrando algumas roupas.

— Claro. — Sophie disse de forma irônica. — Bem conveniente.

— Você não gosta? — A mãe suspira cansada.

— Faça como quiser, são sua família.

— Nossa família. — Helena enfatiza o “nossa”. — Filha, por favor.

— Tudo bem, tenho mesmo umas coisas para resolver por lá. — Ela se abaixou pegando disfarçadamente o anel que Lucifer havia lhe entregue.

Ao terminar, ela foi até o quarto de Michel, Helena deixou o corpo do garoto deitado na cama e se não fosse o corte do pescoço ele pareceria estar apenas dormindo.

— Me perdoe. — Ela sussurrou em meio às lágrimas.

— Não, por sua culpa agora estou morto.

Sophie deu um pulo ao ouvir  a voz do irmão, seus olhos dilatados percorreram o quarto para se deparar com Lucifer encostado na escrivaninha a olhando de maneira divertida.

— Isso foi ótimo. — Ele gargalhou. — Deveria ver sua cara.

A garota partiu enfurecida para cima dele, mas nem sequer conseguiu chegar próximo, foi jogada contra a parede sem nenhum movimento de Lucifer que balançou a cabeça revirando os olhos.

— Não seja patética. — O demônio caminhou até ela. — Quem mais vai precisar morrer para que você perceba que o melhor é ficar ao meu lado?

Sophie cuspiu no rosto do avô.

— Garota estúpida, eu poderia trazer aquele pirralho de volta.

— Você acha que sou igual a esses caídos de merda? — Sophie gritou. — Que pode usar a morte do meu irmão para me manipular? Não vou cair nesse seu jogo.

— Não mesmo? O que ficou fazendo durante a noite, minha querida? — Ele alisou o rosto da neta. — Da próxima vez não esqueça o anel.

— Isso não vai se repetir. — Ela tentou disfarçar a vergonha.

— Faça como quiser. — Lucifer fingiu tédio. — Só vim aqui como um bom avô para avisar que Nathuriel está solto, aquele maldito estava me enchendo.

— Ótimo, assim posso acabar com ele.

— Essa é minha garota. — Ele agora olhava para ela com orgulho. — Minha diversão será apostar em qual dos dois morrerá. — O  demônio colocou a mão na boca como quem vai contar um segredo. — Cá entre nós, acho que os dias do meu filho estão contados.

O demônio desapareceu da mesma maneira que havia aparecido, deixando para trás apenas um forte cheiro de enxofre e um desejo no coração de Sophie.

— O que houve? — Helena perguntou ao entrar no quarto. — Te ouvi gritar.

— Não foi nada. — Sophie já havia se recomposto. — Já está na hora?

Helena assentiu duvidosa se demorando mais do que o necessário no olhar duvidoso para a filha, mas não insistiu.

As duas prepararam uma espécie de proteção, a mesma usada em Luke quando Nathuriel tentava mata-lo. A garota não acompanhou a mãe, preferiu ir sozinha em sua velha companheira, precisaria dela depois para seguir viagem.

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora