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Sentiu seu corpo arrepiar, era impossível não reconhecer aquela voz. Flauros estava pendurado no galho de uma árvore, seu corpo inclinado para frente em uma posição humanamente impossível, como se seus pés estivessem grudados no galho o impedindo de cair de cara no chão.

— Não deveria rir, o próximo é você. — Sophie provocou, mas sabia que não era verdade, estava muito ferida e cansada.

O demônio deu um salto pousando centímetros frente a garota, que tremeu com o susto, em seguida ele lhe tocou o rosto fazendo um leve corte com sua garra do canto do olho até a boca, nem mesmo o ferimento no braço havia causado tanta dor.

— Você é corajosa. — Flauros reconheceu quando seu corte não provocou nenhuma reação — Pena que vai morrer.

O Duque deu uma gargalhada aguda, e agarrou Sophie pelo pescoço a suspendendo no ar. A garota pôde sentir o ar faltar "É isso, vou morrer aqui." pensou quando os olhos começaram a fechar. Mas Flauros a largou e ela caiu piscando algumas vezes para recobrar a consciência.

O agressor ainda estava parado em sua frente e rindo. Ele levou a mão às costas e puxou algo que parecia estar cravado nele. Era uma flecha dourada, que largou como se estivesse pegando fogo.

— Ainda não terminei com você. — O demônio cuspiu enfurecido — Eu volto. — E então desapareceu.

Sophie olhou ao redor procurando quem havia lhe salvado, não viu ninguém. Com a adrenalina passando começou a sentir a dor real de seus ferimentos e gritou se contorcendo no chão. De longe viu uma sombra se aproximar, mas antes de saber quem era, a dor lhe fez desmaiar.

Foi recobrando a consciência aos poucos, não abriu os olhos, mas reconhecia o cheiro de seu quarto com a cabeça repousada em seu travesseiro.

— Ele falou que ia proteger nossa filha. — Ouviu a voz de sua mãe choramingar. — Ela parece protegida pra você?

— O que eu posso fazer? — Só pela voz conseguiu imaginar a frustração no rosto de seu pai.

Abriu os olhos, a mãe estava ajoelhada ao lado de sua cama com os olhos vermelhos de tanto chorar. August estava de pé ao lado da esposa, com uma das mãos repousada no ombro de Helena.

— Você acordou, você acordou. — Michel foi o primeiro a notar, pulando no pé da cama.

— Minha menina. — Helena pegou a mão da filha beijando aliviada.

— O... o que aconteceu? — Sophie perguntou com uma voz fraca.

— Você não se lembra de nada? — August tinha uma expressão de dúvida.

— Não. — mentiu. — Eu sai de moto, não conseguia dormir, e acordei aqui.

— Acho que você sofreu um acidente, te achei desacordada e sua moto está destruída.

— Desculpem, não queria preocupar vocês. — Sophie se sentou na cama com um pouco de dificuldade.

— Minha querida, só estamos felizes que está bem. — Helena soluçou.

— Se fosse eu já estaria levando uma bronca. — Michel saiu do quarto resmungando.

— Será que poderiam me dar licença? — Sophie pediu.

Seus pais a olharam desconfiados, e ela sorriu.

— Preciso me lavar, eu dormi por muito tempo? — disfarçou

— Uma manhã inteira. — Seu pai respondeu. — Íamos te levar ao hospital, mas você sempre foi muito resistente. — Sua voz tinha um tom orgulhoso.

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora