Capítulo 7 - Stalker

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Depois da conversa com Estefan, a garota foi para casa tentando conter a mistura de sentimentos que corria por seu interior. Foi direto para o quarto sem se importar em cumprimentar os pais que preparavam juntos o jantar, em um clima romântico como se nada tivesse acontecido, aquilo a embrulhou o estômago.

Bateu a porta com raiva e se dirigiu ao banheiro, algum tempo debaixo da água lhe fariam bem, estava muito confusa sobre o que fazer, a única certeza que tinha era que Luke não morreria por sua causa, isso não iria permitir.

Saiu enrolada na toalha enquanto secava seus cachos, algumas batidas na porta, conhecia bem aquela batida, não estava com a menor vontade de falar com Helena naquele momento. Seria capaz de perder o controle e não queria nem imaginar o que poderia acontecer.

— Agora não mãe. — Nunca havia usado um tom de voz tão rude com sua mãe.

— Tudo bem amor, só queria saber como você está.

— Eu estou ótima, maravilhosa mesmo. — Ela usou de ironia.

Helena entendeu que não era o momento e se retirou, melhor assim, Sophie precisava de um espaço. A mulher sabia exatamente o que estava deixando a filha daquele jeito, Estefan já havia conversado com ela.

Sophie pegou o telefone, haviam algumas mensagens de Luke que preferiu ignorar por enquanto, precisava falar com outra pessoa. Victória não demorou a chegar depois da ligação. Ela foi recepcionada por Michel que estava animado com os novos quadrinhos que teria para ler.

— Isso é demais Vic, quase melhor do que os games. — ele folheava algumas páginas.

— Isso é muito melhor do que games, moleque. — Vic disse fechando a porta do quarto, pelo tom de voz da amiga ao telefone ela sabia que era algo sério.

Sophie estava sentada na cama com um olhar sério. Victória sentou-se em um puf no canto do quarto, julgou que era necessário manter uma certa distância.

— Não precisa ter medo de mim Vic. — Sophie zombou.

— Eu não tenho medo.

— Certo. Quando ia me contar que minha relação com Luke poderia mata-lo? — A loira inclinou o corpo para frente olhando bem nos olhos da outra.

— Eu achei que você não acreditaria, até porque eu mesma tenho meus rolos com os mundanos. — Vic ergueu os ombros.

— E algum desses rolos já morreu? 

— Sophie, eu sou virgem. — revelou rindo. — Além do mais, não quero a morte de ninguém nas minhas costas.

— Pois é, eu também não, mas eu poderia ter causado a morte do Luke por causa da mentira de vocês. — Sophie quase gritou.

— Sério que você já estava pensando em sexo? — Vic brincou.

— Isso não tem a menor graça. — Em um rompante de raiva a garota balançou a mão fazendo com que Vic fosse jogada para trás como se tivesse levado um forte tapa.

As duas ficaram assustadas, Sophie não sabia como tinha feito aquilo, apenas se irritou, queria que Vic parasse de falar, mas não era sua intenção jogar a outra na parede. Michel entrou correndo no quarto com os olhos arregalados.

— O que está acontecendo. — Perguntou confuso.

— Eu…eu acho melhor você ir embora Victória. — Sophie pediu.

Vic não esperou um segundo pedido, se levantou apressada e correu para fora do quarto sem se despedir. Michel olhava cauteloso e duvidoso para a irmã. Ele se aproximou, sentou ao lado da garota e colocou a mão em seu ombro.

No mesmo momento Sophie começou a chorar descontroladamente, como se aquele pequeno gesto a liberasse para transbordar toda sua angústia. O garoto apenas permaneceu ali, sem nenhuma palavra por um bom tempo.

A garota foi se acalmando aos poucos, a respiração voltando ao ritmo, as lágrimas secando, o coração desacelerando. Michel lhe deu um abraço cheio de sentimentos e então sorriu.

— Você está com muitos problemas, né? — Perguntou.

— Estou em uma encrenca sem tamanhos. — Sophie concordou. — Quase todo mundo que eu conheço está mentindo para mim ou me escondendo algo, se eu continuar namorando o Luke ele pode morrer, e eu acho que tenho mais poder do que sou capaz de controlar.

— Espera. — O menino se afastou a olhando. — Você está namorando? — Ele perguntou falando pausadamente a última palavra.

— Sério? Foi só nisso que você prestou atenção? — Sophie revirou os olhos.

— Que nojo, Sophie. — Ele fez careta colocando a língua para fora.

— Você não tem jeito, moleque.

— Posso voltar ao meu quarto agora? — Ele perguntou estreitando os olhos. — Eu estava no meio de uma partida.

Sophie começou a rir, achava incrível como alguém tão novo e imaturo era seu porto mais seguro. Ela puxou o irmão para um outro abraço, bem mais descontraído desta vez, os dois caíram de costas na cama rindo, como se nada de ruim tivesse acontecido.

— Você é um cabeça de vento mesmo. — Ela arrepiou os fios ruivos do irmão. — Pode ir, só sabe ficar enfiado naqueles jogos mesmo.

Michel deixou o quarto sem ter muita noção de quanto havia sido importante para irmã aquele breve momento. Sophie estava revigorada, seu irmão era sem dúvidas a pessoa que mais amava nesse mundo.

Pegou o celular para falar com Luke, mas pela quantidade de mensagens e ligações perdidas, preferiu ir até à casa dele, sabia que a essa altura ele já deveria estar morrendo de preocupação, o garoto tinha tendência a exagerar.

Seus pais estavam parados na sala como se a esperassem, ela sorriu e avisou que iria até à casa de Luke e talvez não chegasse a tempo para o jantar. A mãe deu um sorriso amarelo, mas foi August quem falou.

— Eu não quero que você vá. — Ele usou de sua voz firme indicando que não daria opções. — E não quero mais você namorando esse menino.

A garota ergueu as sobrancelhas e sorriu, essa ordem só poderia significar que seus pais adotivos estavam por dentro das regras celestiais, ou que Estefan os instruiu para tentarem lhe afastar de Luke. As duas opções eram horríveis, mas já sabia que não podia confiar nem em seus pais.

— Me desculpe, August. — ela debochou. — Mas você não tem como me impedir.

Sua resposta pegou os dois de surpresa, e ela não esperou para que tentassem algo, não queria fazer nada contra eles, não faria algo contra eles, ou faria?

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Onde histórias criam vida. Descubra agora