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Quando tudo foi explicado, Helena ligou para os pais de Vic, que em pouco tempo já estavam lá verificando cada arranhão dos filhos e querendo explicação.

Enquanto Helena se encarregava de acalma-los, August conversava com Hunter. Os dois se distanciaram de todos, o suficiente para que ninguém pudesse ouvir o que falavam, ambos gesticulavam e pareciam nervosos. O mais novo chutou o vento esbravejando, subiu em sua moto e acelerou, enquanto o outro permaneceu parado por alguns instantes, o olhar vazio, sem foco.

— Eu não vou a lugar nenhum. — Sophie disse firme aos pais, depois que todos já haviam partido.

— Do que está falando? — Helena perguntou confusa.

— Foi só um acidente, ninguém ficou gravemente ferido, não precisamos mudar. — A garota reforçou.

August deu um meio sorriso colocando uma mão no ombro da filha e afirmando sem vontade com a cabeça, então beijou-lhe a testa e entrou.

— Nós não vamos a lugar nenhum. — As palavras queimaram a garganta de Helena, a fazendo pigarrear antes de continuar. — Eu disse que dessa vez seria diferente. — Sorriu para a filha antes de entrar.

Sophie foi pega de surpresa, já estava com todos os argumentos prontos para convencer os pais a não se mudarem, mas ficou aliviada por não precisar usar nenhum deles, já era algo a menos a se preocupar.

A garota se demorou na porta por mais alguns segundos, tendo a impressão de estar sendo observada, isso fez todo seu corpo estremecer.

Ao entrar foi direto para seu quarto, um banho era o que mais precisava. Nenhum machucado era sério, o galo de sua testa já quase não dava para ser notado, seus machucados nunca demoravam a curar. Quando pequena gostava de pensar que possuía algum tipo de poder mágico, e que essa era a razão de seus pais mudarem tanto, chegou a sonhar com corujas entregando sua carta de Hogwarts mais de uma vez.

Depois do banho se jogou na cama e pegou o celular, já estava amanhecendo, mas tinha certeza que Luke estaria acordado, digitou e apagou algumas mensagens.

"Acho que você me deixou um pouco paranoica." Finalmente enviou.

Meio minuto depois o celular vibrou em resposta, Luke estava fazendo uma chamada de vídeo.

— O que o Hunter fez? — O garoto perguntou assim que a chamada iniciou.

— Como sabe que é sobre ele que estou falando? — Sophie fingiu uma cara de desconfiança.

— Não enrola. — Luke bufou.

— Ele me beijou. — falou meio desconcertada. — Mas foi sem meu consentimento. — Se apressou em explicar percebendo o choque no rosto do amigo.

— Isso no seu rosto, ele quem fez?

— Lógico que não, isso foi depois, no acidente. — A garota contou os detalhes da noite, sem deixar de fora os fatos mais bizarros, como os olhos de Hunter e a gota de sangue que notou na camisa dele.

— Mas ficaram negros como? — Luke quis saber tentando não demonstrar toda sua empolgação.

— Negros tipo filme de terror. — Sophie fez uma imitação nada convincente de fantasma.

— E como você pode ter certeza que era sangue na camisa dele? Porque é meio estranho você ter notado isso. — O garoto estava com uma caneta e um bloco na mão fazendo algumas anotações.

— Eu tenho uma visão muito boa. — Deu de ombros, não queria entrar para a lista de investigação que o amigo criou.

— O que vai fazer hoje? — Luke guardou seu bloco, já tinha o que precisava para continuar. — Podia passar aqui mais tarde, e eu te mostro todo material que já coletei.

— Vou almoçar com a Vic, mas depois passo aí. — Se despediram.

Assim que fechou os olhos Sophie não estava mais em seu quarto, sua respiração ficou pesada, e era difícil enxergar qualquer coisa.

Já não sentia o macio da cama sob seu corpo, ao invés disso se via largada em um amontoado de pedras, se apoiou nas mãos para conseguir levantar, seu corpo inteiro doía, houve um clarão e depois um som ensurdecedor como se um raio tivesse caído bem ao seu lado. Algo foi jogado em sua direção, mas passou direto por ela e bateu em um muro alguns metros atrás.

Virou-se rapidamente, estreitando os olhos para tentar entender do que se tratava. Tudo ao redor era poeira e um cheiro de enxofre que queimava suas narinas, mas conseguiu reconhecer, tinha a impressão que reconheceria aqueles cabelos em qualquer situação. Desta vez não sentiu medo, queria correr e ajudar a professora que estava caída e coberta por escombros.

— Vai ser um enorme prazer acabar com sua miserável existência. — Uma voz familiar soou bem atrás de Sophie, que deu um salto para frente assustada.

Era Hunter com a aparência um pouco diferente, cabelos curtos, barba sem fazer, uma expressão cansada, mas era ele com certeza. Seu olhar era de puro desprezo pela professora caída, e ele iria cumprir o que acabara de falar. Sophie tentou segurar o garoto pelo braço, mas foi inútil, ela era como um fantasma, apenas observando a cena. Foi então que concluiu se tratar apenas de um sonho, mas por que a angústia não diminuía?

Não queria ver o que estava prestes a acontecer, a cada passo de Hunter em direção a Hauren sentia como se seu coração fosse saltar pela boca. Ele empunhou uma espada, estava pronto para seu golpe final. Sophie fechou os olhos, não suportaria ver tal cena, mas alguns segundos depois ouviu uma risada, alta e grave, um tanto maligna até.

— É até fofo você achar que poderia acabar comigo. — Uma voz suave e apavorante.

A garota abriu os olhos, e era inacreditável. Hauren estava de pé como se nunca estivesse caído, e não só isso, estava praticamente voando de um lado para o outro, socando e arremessando Hunter no ar como se ele não fosse nada, o oponente não tinha nem tempo de se defender.

A professora gargalhava a cada golpe, se divertindo. Sophie teve certeza que Hunter morreria a qualquer momento, mas após um enorme clarão, o garoto simplesmente desapareceu.

— Miserável, eu acabaria com ele. — Hauren cuspiu.

 —  Hauren cuspiu

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Marcas em Sangue   [Em Revisão]Where stories live. Discover now