Capítulo 7 - Stalker (parte 3)

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O estranho gargalhou de maneira debochada e então sentou-se na cadeira em frente a escrivaninha, lugar que antes era ocupado por Hades, que já não se encontrava mais no quarto. Luke e Sophie se entreolharam entendendo o que havia acontecido.

— Você é meu gato. — O garoto afirmou.

— Foi apenas um disfarce.— O homem se espreguiçou. — Eu estava seguindo o rastro da loirinha aí, mas você me pegou. — Ele revirou os olhos. — Eu ia te matar, mas aí a estrela do show apareceu, então eu continuei disfarçado para conhecer ela um pouco mais.

— E por que você está atrás de mim? — Sophie quis saber.

— Para te matar, é claro. — Ele disse da maneira mais natural. — Não antes de te fazer sofrer por me irritar tanto. Eu confesso que queria esperar um pouco mais, só que essa melação de vocês estava me dando nos nervos. — ele cruzou as pernas. — Mas eu lhe farei um favor, matarei mais um namoradinho seu, assim tiro das suas costas esse peso.

— Como assim mais um namoradinho? — A garota tremia.

— Ah! Esqueci de contar, fui eu quem matei o italianinho. Essa mania de se apaixonar por mundanos é tão nojenta. Minha mãe entrou nessa e agora vive sendo torturada por Lúcifer. — ele parou como se estivesse pensando em algo. — Sinto falta de quando ele me deixava participar das sessões de tortura.

Luke precisou segurar a garota que por impulso se atiraria sobre o homem, claro que o garoto não tinha forças para isso, porém seu toque a fez pensar com clareza e ela se conteve.

— Você acha mesmo que pode contra mim? — O estranho ergueu a sobrancelha. — Você só viveu tanto porque eles fizeram um bom trabalho te ocultando.

— Mas quem é você é por que está atrás dela? — Luke quis saber.

— Sou Nathuriel, príncipe do inferno, filho mais novo de Lúcifer, e é por causa da estranha fascinação que meu pai tem por essa aí que eu darei um fim a sua existência.

— Lúcifer não é fascinado por mim, ele quer me matar.

— Claro que ele vai te matar se você não servir ao propósito dele, mas caso contrário eu estarei com problemas e não vou esperar para ver, darei um fim em você agora mesmo.

Sophie empurrou Luke para fora do quarto fechando a porta e colocando uma barreira negra para que ele não conseguisse voltar.

— Isso é entre nós dois, ele fica lá fora.

— Na verdade, minha querida, você não está em posição de fazer exigências aqui, e como eu disse antes, farei você sofre e depois irei lhe matar.

Ele estalou os dedos e o garoto foi puxado para dentro quebrando a porta e dissolvendo a barreira negra como se não fosse nada. Sophie tentou impedir, mas bastou um acenar de mão para que ela fosse jogada contra a parede.

— Vamos deixar as coisas mais interessantes. — ele voltou a estalar os dedos. — Vamos ver o quanto ele ainda vai te querer depois que eu matar a mamãe  que sempre fede a cebolas.

Agnes foi puxada para o quarto da mesma forma que Luke havia sido minutos atrás. A mulher chegou ao local com os olhos arregalados, ainda trazia na mão uma colher suja da massa que preparava na cozinha.

— O que está acontecendo aqui? — Ela perguntou com a voz trêmula. — E esse sangue todo no seu rosto meu filho? — Luke nem havia percebido que o nariz sangrava pela porrada na porta.

— Seu filho resolveu namorar a filha de um demônio. — Nathuriel jogou Agnes na cama. — E por isso vocês irão morrer.

— Eu não vou deixar que machuque eles. — Sophie gritou.

Ela concentrou todas as suas forças para liberar e controlar o máximo de aura negra possível. Pequenas agulhas negras foram lançadas contra o demônio, mas era inútil pois cada uma delas se desintegrava antes de chegar em Nathuriel que não fazia nenhum esforço para isso.

— É patético, eu não consigo entender o motivo de Lúcifer se interessar por uma criança fraca como você.

A garota foi lançada de um lado para o outro, batendo tão forte que rachava as paredes do quarto. Em seguida, o demônio a prendeu na parede a deixando com uma espécie de corda de fumaça a enforcando.

— Eu poderia te matar facilmente. — Sua voz era carregada de tédio. — Mas eu prometi dor e sofrimento.

Ele sentou Luke na cadeira o prendendo da mesma forma que fez com Sophie. E então foi em direção a Agnes que estava presa na cama, o demônio sentou-se ao lado da mulher.

— Bem, você será a primeira.

Luke gritou, mas isso só fazia com que o demônio tivesse ainda mais satisfação em torturar Agnes. Nathuriel fazia finos cortes com suas garras no rosto da mulher que gritava, chorava e se contorcia.

Sophie tentava se libertar, mas sem sucesso. E não conseguia usar sua energia maligna, era como se suas forças tivessem sido drenadas de seu corpo, evitava olhar para o garoto desesperado a sua frente, ver o sofrimento nos olhos dele era pior que ouvir os gritos de dor da mulher sendo torturada.

Em pouco tempo o rosto de Agnes estava desfigurado, a mulher se encontrava desmaiada, cada ferimento foi cicatrizado pelo demônio para evitar que ela morresse cedo demais.

— Humanos são fracos demais. — Ele estapeou a mulher que abriu os olhos com dificuldade.

— E…eu vou acabar com você seu desgraçado. — Luke gritou em meio às lágrimas. — Sophie, faça alguma coisa, por favor.

Mas ela não sabia o que fazer, estava vencida, todos os seus esforços pareciam inúteis. Estava se sentindo fraca, impotente, tudo o que havia aprendido era inútil diante de um inimigo tão poderoso.

Nathuriel se divertia com todo o desespero e sofrimento que estava causando. Ele continuou arrancando as unhas das mãos de Agnes e as lançando sobre o garoto, fazendo o mesmo com os dedos em seguida. A mulher voltou a desmaiar sem forças.

— Fraca. — O demônio voltou a murmurar entediado.

— M…me solta seu desgraçado, me e…enfrente como homem.

O demônio voltou a gargalhar e feriu o garoto com uma espécie de chicote invisível, deixando uma marca no rosto de Luke bem abaixo do olho.

— Me mate. — Sophie implorou. — Deixe eles em paz, só me mate, por favor.

— Eu vou lhe matar minha querida, mas você será a última. — Ele ergueu Agnes pelo pescoço. — Essa já me cansou.

Ele então assumiu parte da sua verdadeira forma, deixando surgir uma asa de pele podre no formato das asas de um morcego, metade do seu rosto se tornou rubro, e seus olhos completamente negros. Um chifre negro surgiu e ele era curvado indo até à altura da nuca do demônio. Então ele beijou Agnes, e a mulher foi sumindo, até restar apenas ossos jogados pelo chão.

— Me desculpem os péssimos modos. — Ele foi voltando a sua forma humana. — Eu não consigo me concentrar nesse disfarce enquanto me alimento. — Ele passou um dedo no canto da boca como se a limpasse. — Sua vez.

Marcas em Sangue   [Em Revisão]Tempat cerita menjadi hidup. Temukan sekarang