42•My love

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Perrie Edwards

Não sei se devo me sentir aliviada ou assustada por estar tão perto de Zayn. Tudo o que acontece naquela casa, os canos trazem para esse local gélido e fedido. As noites em que ele chora, grita e quebra tudo é perfeitamente ouvida por mim, que choro junto enquanto Jaxon sorri sabendo que seu irmão está sendo destruído por ele.

É tortuoso. Não a fome, nem o frio, nem a sede. É tortuoso poder ouvir o desespero do meu amor. E ao menos adiantar que eu grite desesperadamente pedindo sua ajuda. Os canos traiçoeiros, trazem suas vozes, mas não são capazes de levar a minha.

No dia em que Jaxon me colocou nesse buraco imundo, ele amordaçou minha boca. E depois fez questão de deixar que eu gritasse feito louca, a ponto de ficar fraca para dizer qualquer outra coisa, já que ele saberia que por debaixo de tanta terra e concreto ninguém poderia me ouvir.

Ele disse que sentia prazer em ouvir eu gritar quando ele tocasse em meu corpo. Mas Graças a Deus, não passou disso. Ele tocou em meus seios, desceu pela minha barriga e quando chegou em um ponto maior eu vomitei em cima dele. Jaxon me deu diversos tapas no rosto e desistiu. Agradeci. Muito. Nos dias seguintes ele tentou outras vezes, mas uma vez Jelena impediu ao entrar pela passagem por de trás do poço, que só pode ser aberta do lado de fora por conta de tanta madeira por cima. E em outras vezes, Jaxon parou para ouvir Zayn chorar.

Outro dia, ouvi Carlie e Ryan na cozinha. Bati com força no cano, já que Jaxon havia saído. Eles perceberam o barulho mas ninguém imaginaria que sou eu. Gritei de ódio, chorei de dor. Dor no meu corpo, na barriga por conta da fome, dos cortes na boca, da parte dolorida no meu rosto, na dor no meu coração de tanta saudade (acho que essa é a dor maior)...

Jaxon havia deixado uma lanterna perto de mim para que eu visse os ratos andarem pelo cano. Peguei essa lanterna e mirei em direção a entrada atrás do poço, por mais difícil que fosse, tinha esperança de Zayn ver. Acabei pegando no sono e Jaxon viu a lanterna no dia seguinte, foi o dia em que mais apanhei.

Cantarolei Say you love me, a música que me fazia lembrar Zayn enquanto mexia no resto de comida que Jaxon deixou por não aguentar mais comer.

– Cause I don't wanna fall in love... If you don't wanna try... But all that I've been thinking of... Is maybe that you're mine...

Jaxon voltou pela outra entrada. Na qual dava acesso a casa de Zayn e me encarou.

– Eu ouvi você cantar. Já disse pra calar essa boca!

– Vá a merda. – tentei falar alto mas saiu baixo e ele nem ouviu.

– A perua da Jelena vai acabar dando com a língua nos dentes. Vou atrás dela e não sei que horas volto. Talvez te trago café da manhã... se eu não aguentar comer, é claro. – riu.

– Eu preciso muito de água, Jaxon. – falei mole, sem forças antes dele sair.

– Ooo garota chata! Olha minha cara de bebedouro... – zombou e saiu.

Não estava mais aguentando, minha cabeça nunca doeu tanto e eu nunca me senti tão fraca. Encostei na parede áspera e tossi um pouco as últimas forças que tinha. Permaneci daquele jeito por alguma horas talvez, não sabia ao certo se estava dormindo ou apenas imaginando. O sorriso de Zayn, a sua voz, os momentos com Carlie, os carinhos da minha avó... o peito doeu mais de saudade... ouvi um barulho na portinha de madeira e as vozes invadiram o local. Jurava ouvir gritarem meu nome, mas não aguentei para esperar e ver, juro que tentei. Sussurrei o nome de Zayn e meus olhos pesaram...

Nightfall Where stories live. Discover now