Nightfall

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Zayn Malik

Minhas mãos gélidas tremiam. As apoiei na parede e me concentrei em não surtar. Sequei o suor da testa ao vê-lo se aproximando sem desviar o olhar do meu. Ele se sentou e se não fosse o vidro que nos separava, eu juro que o estrangularia. Eu tinha medo do meu irmão, mas agora eu sinto ódio, nojo e todos os piores sentimentos que alguém pode sentir.

Peguei o telefone e levei a orelha. Ele do outro lado fez o mesmo. Fiquei alguns segundos apenas ouvindo sua respiração e encarando seu olhar. Jaxon sempre pareceu mais jovem do que é, mas suas olheiras estavam evidentes, sua pele ressecada e em seu rosto haviam diversos cortes.

– Jaxon...

– Irmãozinho. – um sorriso formou apenas de um lado de seu rosto. – Me trouxe bolachas? Eu estava louco por aquelas bolachas que a mamãe fazia... Aliás, ela nem veio me visitar ainda... se falar com ela diga que quero as bolachas. – riu de novo. Engoli seco.

– Dessa vez você não é o anjinho da mamãe, Jaxon. Aliás, nunca foi. Eu sempre fui o filho queridinho dos papais, enquanto você nunca passou de um garotinho problemático querendo atenção. – praticamente cuspi as palavras e seu sorriso desapareceu, ele fechou o rosto totalmente.

– Não, meu irmão. Se você fosse o queridinho deles, porque abandonariam você? Porque acreditariam que foi você quem me matou?

– Bom, de qualquer jeito, Jaxon, você continuou sendo o filho problemático. Você acha mesmo que eles ficaram triste quando você supostamente morreu? Só não me agradeceram para não perderem a pose de pais. – sorri frio e ele permaneceu de cara fechada.

– Não foi isso que a Jelena achou, Zayn. E nem a Perrie... Ah, Perrie... – cerrei o maxilar. – Saudades da Perrie. Jelena era boa, sabe? Mas Perrie? Nossa. Uma coisa que você sempre foi bom, irmãozinho, é em escolher mulher. – ele se inclinou para mim a fim de captar minhas reações e eu fiz de tudo para permanecer neutro. – Pena que as perdeu para mim. Perrie toda inocente, deve estar fingindo desamparo, dizendo que sou um monstro, mas ela adorava meu toque... enquanto você chorava no seu quarto, Perrir gemia o meu nome. – ele sorriu e não suportei. Bati a mão com força no vidro e um grito rasgou minha garganta. Jaxon sorriu. – Calma, Zayn. Eu estou preso, não tem como ela fugir comigo igual Jelena fez. – lágrimas escorreram pelo meu rosto, me sentei de volta na cadeira e o olhei firme.

– Eu tenho nojo de você... – falei pausadamente e ele franziu o maxilar. – Você NUNCA vai ter uma vida. Você pode pensar que é um cara foda, que conseguiu destruir a vida do seu irmão, que é um incrível assassino, mas cara, eu sei e você sabe que dentro de ti existe apenas podridão. Eu sei que você não tem nada nessa merda de mente. E você JAMAIS vai sentir algum amor. Nem de uma mulher digna e muito menos de uma família. – respirei em meio de um soluço. – E quer saber? eu tenho pena de você. Pena quando lembro que a mamãe e o papai prendiam meus desenhos na geladeira, enquanto os seus eram jogados num lixo, por serem feios e sem sentidos. Tenho pena quando nossas tias chamavam eu para passar o fim de semana nadando em suas casas e pediam para que eu não deixasse você saber. Pena quando te via sentado no recreio sem amigo algum... Porque ninguém gostava de você, Jaxon. Ninguém sentiria a sua falta se caso você morresse mesmo... – os olhos de Jaxon marejaram, sei que existe algum lado humano nele, mesmo que pouco, e eu sempre quis saber seu ponto fraco. Consegui cutucar sua ferida... a falta de amor.

– Você não é diferente de mim Zayn Malik! – se exaltou. – E isso tudo é mentira, mentira. Você nunca passou um fim de semana sem eu por perto! E eu nunca estive sozinho no recreio, você sempre ia lá, todo inocente, achando que eu gostava da sua companhia e se sentava ao meu lado tagarelando. – eu ri ao notar que ele percebeu o peso de suas palavras e finalmente parou de me encarar e olhou para o chão desamparado.

– Pois é, Jaxon. Eu fiz minha parte... Por mais que você me distratasse, me fazia de palhaço, eu sempre estive lá com você, com medo de que você se sentisse sozinho. E eu nunca fui nadar na casa de alguma tia, exatamente porque elas não queriam que você fosse. Eu pensava que não era correto você passar o fim de semana sozinho enquanto eu estivesse me divertindo. A minha vida toda eu vivi me preocupando com você, você acha que eu perdi com isso? Não! Porque olha só em volta, Jaxon. – estiquei o braço indicando a prisão. – Olha só você... Preso. Sem ninguém que te quer bem. E eu tenho lá fora uma mulher que me ama... E isso é tudo o que preciso...

Ele se levantou e começou a gritar feito um louco. – É MENTIRA, MALIK! ISSO TUDO É MENTIRA, MENTIRA, MENTIRA! – ele se jogou no chão e começou a chutar as coisas, os policias correram até ele e o seguraram. Eu me levantei e andei de costas para apreciar a imagem de pela primeira vez meu irmão ser destruído apenas com verdades. Eu nunca me senti tão aliviado.