"Ele é um monstro..."

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 — Isso é contra o seu regulamento. Você não pode atirar em mim — disse o garoto com os olhos fixos naquela arma.

 — Oh, sim, eu posso — retrucou o policial em baixo tom, quase em um sussurro. — Posso dizer que você tentou me agredir para fugir. Em quem eles vão acreditar?

 — Mentir? Se considera mesmo um homem da lei? — franziu o cenho ao mesmo tempo em que arqueou as sobrancelhas. Phill soltou um risinho sarcástico.

 — Vamos garoto, diga logo onde ela está

  Derek sentia as mãos e a nuca suarem frio. O medo e a apreensão preenchiam cada pedacinho do seu corpo, fazendo seu coração bombear o sangue tão freneticamente ao ponto de fazê-lo ouvir perfeitamente em seu ouvido e sentir as veias de seu pescoço um tanto mais saltadas de puro estresse. Já havia passado por bastante coisa até agora, contudo, nunca, em todas as suas loucas experiências de vida teve uma arma apontada para o seu rosto como estava acontecendo naquele exato momento. É isso que eu ganho por mentir? Um tiro? Não… É impossível que ele faça uma merda dessas.

 — Abraham, pare de assustar o garoto — proferiu uma mulher negra encostada na porta, encarando os dois rapazes um tanto distante de si com um olhar sério. O policial então logo guardou o revólver, permitindo ao jovem deixar um suspiro de alívio escapar segundos depois. Ela estava um pouco encharcada devido a fraca e quase silenciosa garoa que molhava tudo pelo lado de fora.

 — Sabe de uma coisa? — Phill indagou. — Estou preferindo trabalhar com você do que com o seu marido, mas é chato o fato de nenhum de vocês deixar eu me divertir um pouco. — Se levantou. — Encontrou alguma coisa no carro?

— Nada demais. Na mala só tinha um tanque de combustível reserva, e no porta-luvas, um pente, uma flanela, uma caixa de óculos e uma cartela com seis camisinhas. Aparentemente o garotinho aí pretendia se divertir de uma forma bem especial mais cedo ou mais tarde.

Um ótimo dia para eu não ter colocado nada demais no meu carro, pensou o jovem tentando deixar de lado o pequeno constrangimento que veio a si quando ela comentou das camisinhas.

  — Deveriam procurá-la no matagal. Ou... sei lá, a essa altura ela já deve estar longe — declarou, desejando realmente que ela estivesse longe, bem, e que não fosse achada… embora estivesse um pouco chateado com ela...

 — Abraham, vá ajudar o Oficial Allen a procurar lá fora. Eu fico com o garoto — Phill suspirou um tanto frustrado, porém, assentiu com a cabeça e logo se encaminhou para fora da casa.

  Os latidos de Debbie eram constantes. Depois de algum esforço para evitar mordidas e arranhões, eles haviam colocado-a dentro de um dos quartos menores e amarrado-a pela corda da sua própria coleira em um suporte pequeno contido em uma das paredes. Mas assim como seu dono, a cadela continuava nervosa, assustada, e isso a fazia latir sem parar, como se além de tudo, estivesse também preocupada com ele que, nesse momento, ainda tentava se recuperar daquele choque. Havia um tempo desde que Derek sentira um medo tão intenso como aquele, suas pernas ainda tremiam e seu coração ainda não tinha se acalmado em seu peito. Encarou a mulher que se aproximou e se sentou na cadeira a sua frente com um sorriso aparentemente simpático estampado nos lábios. Seu cabelo estava amarrado para cima, fazendo com que alguns de seus cachos molhados escorressem pela sua testa. Seus traços negróides se assemelhavam muito aos de sua colega de escola, Janette. Pelo sobrenome “Wilbert” estampado em seu crachá, ele conseguiu ter a certeza de que elas eram parentes. Provavelmente estava de frente agora com a mãe daquela garota.

 — Então… — em um sutil movimento a mulher se levantou apenas o necessário para arrastar a cadeira um pouco para frente e logo voltou a se sentar. — Da onde você é?

Painful Secrets - 1ª Temporada[CONCLUÍDO]Onde histórias criam vida. Descubra agora