Yes, Daddy! - Beijos, Heitor!

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Pov’s Dakotta

Um cheiro forte de algo queimando invade minhas narinas, fazendo com que eu acorde e me sente na cama, esfrego os olhos e ao olhar ao redor, vejo o quarto coberto por uma nuvem de fumaça.

- Que cheiro de queimado é esse? – Falo baixo e saio com cuidado da cama, na tentativa de não acordar Apolo, que se remexe e cobre a cabeça, provavelmente também atordoado com o cheiro. Ao olhar para a porta, vejo de onde vem a fumaça – Meu Deus do céu!

Imediatamente abro a porta, fazendo com que a fumaça se espalhe pelo quarto, dificultando minha visão e minha respiração, levanto minha blusa até o nariz e ando pelo corredor.

A fumaça se escurece e aumenta a medida que eu me aproximo do quarto dos desejos, o qual tinha a porta aberta, mesmo eu o trancando na noite anterior e tendo mantido a chave comigo.

Ao me colocar dentro do quarto, o calor parece infernal, as chamas sobem da cama ao teto, fazendo os lençóis de ceda pegarem fogo e o teto, que antes tinha uma cor clara, ficar preto, queimado.  As prateleiras estão todas no chão, os chicotes quebrados em dois e os vidros dos pequenos e caros armários estão quebrados.

A medida com que mantenho-me no quarto, minha respiração dificulta mais, minhas vistas se embaçam por conta das lágrimas involuntárias causadas pela fumaça e minhas pernas fraquejam ao ver o quarto se destruindo ao poucos. Saio do cômodo e percebo mais fumaça saindo das portas fechadas, abro todas, e a cena se repetia ao longo do corredor, o fogo já no teto e as coisas caídas, quebradas e obviamente pisoteadas.

Corro de volta ao meu quarto a procura de Apolo, subo em cima da cama e o balanço, fazendo com que ele resmungue algo e tente puxar mais a coberta.

- APOLO, ACORDA CARALHO! – Grito.

- O que que foi? – Ele resmunga.

- A CASA TÁ PEGANDO FOGO! – Grito tirando as cobertas de cima dele – A GENTE PRECISA IR EMBORA!

- COMO ASSIM? – Ele se mexe bruscamente na cama, fazendo com que nós dois caíssemos no chão.

- Porra! – Bufo, me levantando – Vamos logo! – Pego na mão dele e o puxo para fora.

- Por que isso aconteceu? – Ele me seguindo.

- Eu não faço a mínima ideia... – Falo tapando novamente meu nariz.

Me dirijo até a escada e a desço rapidamente, sua mão aperta a minha conforme nos aproximamos da porta e por fim, saímos da casa. Parados ao lado de fora, vemos a casa desmoronar, caída em cacos a nossa frente, onde antes era uma linda casa, onde antes era o nosso porto seguro, agora não passa de cinzas e fumaça.

- Quem fez isso? – Ele suspira passando as mãos no cabelo.

- Eu... Eu não sei...

- Para onde vamos? – Ele me olha.

- Para a casa de Louis... Pelo menos até as coisas se organizarem – Pego em suas mãos – Vamos nos reerguer, tudo bem? – Beijo cada uma das mãos dele – Como sempre fazemos.

Ele apenas assente com a cabeça e me puxa para um abraço apertado, o aperto de volta, tentando fazer com que sua angústia se passe toda para mim, e que ele não fique tão mal por isso, o que eu tenho certeza que mais tarde irá acontecer.

Depois de um tempo, o abraço é desfeito e sua mão pega a minha, começando a caminhar, nos dirigimos para o apartamento de Louis em silêncio, mas garanto como na minha, a sua mente também está funcionando.

- Apolo Mendes – Ele se identifica para o porteiro, o qual da acesso a ele sem nem mesmo ligar para os meninos no interfone.

Adentrando o elevador, ele clica no andar onde deveríamos ir e encosta as costas no espelho, fecha os olhos e solta um longo suspiro. Me aproximo dele e o abraço, trançando meus braços em suas costas e deitando minha cabeça em seu peito, seus braços passam sobre meu corpo e ele retribui o fraco aperto.

Assim que o elevador se abre, é a minha vez de soltar um suspiro, desfaço sem nenhuma vontade o nosso abraço e saio do elevador, ando até o apartamento dos meninos e toco a campainha uma vez.

Pov’s Louis

Acordo com a campainha tocando e apenas viro-me de lado, com o pensamento de ser o apartamento da frente, onde a campainha estava emperrada e ficava tocando uma vez na vida e uma na morte.

Me incomodo de novo com o som, após ouvi-lo ecoar novamente dentro do apartamento, me fazendo assim, ver que era aqui que estavam tocando.

- Que inferno! – Olho o relógio – São três horas da manhã, porra! 

Me levanto com cuidado para não acordar Harry e pego minha cueca no chão, enquanto a desviro e a coloco, fico o olhando, um sorriso se abre em meu rosto ao lembrar da noite passada e lembrar de suas palavras. Se rosto pouco iluminado por conta da fresta na cortina exala tranquilidade pelo quarto, fazendo com que eu fique um tempo o olhando e esqueça da campainha, até ela ser tocada novamente.

Caminho com passos raivosos até a porta e a abro, dando de cara com Dakotta e Apolo. Os dois tinham os cabelos despenteados e bagunçados, e diferente de Harry, suas expressões exalavam desespero e por algum motivo, seus olhares estavam baixos, desanimados.

- Entrem... – Falo baixo, surpreendendo-me comigo mesmo por não xinga-los ou perguntar para um deles se sabem que horas são.

- Desculpe a hora... apesar de não sabermos que horas são – Dakotta fala – A casa pegou fogo, e nosso único instinto foi vir para cá!

Assinto com a cabeça tentando processar a informação, tenho várias perguntas, mas ao ver Apolo se sentando no sofá e afundando o rosto nas mãos, me mostra que esse não é o momento adequado para faze-las.

Vou até a cozinha e pego dois copos de água, volto a sala e os alcanço, o murmuro baixo de em agradecimento dos dois faz com que eu me arrepie e me sente ao lado de Dakotta, a puxando para mim e a abraçando.

- Está tudo bem, hm? – Acaricio os cabelos da garota – Estamos aqui para ajuda-los.

- Louis... quem está aí? – Harry aparece na sala esfregando os olhos, apenas de cueca, como eu.

- Volte a dormir, Harry... está tudo bem! – Murmuro na tentativa de não deixar ele os ver, pelo menos não hoje.

- Mas eu ouvi vozes... – Ele fala seguido de um bocejo.

- Eu esqueci a televisão ligada! – Invento a desculpa mais barata – Eu já vou Harry, me espera lá.

- Não demora, tá? – Sem esperar minha resposta, ele vira-se novamente e vai em direção ao quarto, fechando a porta e provavelmente se deitando. Agradeço mentalmente a mim mesmo por não ter ligado nenhuma das luzes, fazendo assim, com que ele realmente não visse os dois.

- É só por essa noite... desculpe incomoda-los! – Apolo fala baixo, levantando o olhar.

- Vocês sabem que podem ficar o tempo que quiserem – Falo no mesmo tom dele – Tem o quarto de hóspedes vazio, que Harry insiste em deixar arrumado caso alguém venha dormir aqui... – Sorrio fraco.

- Vamos tomar um banho? – Ele se levanta e caminha até Dakotta, a estendendo a mão. Saindo de meu aperto, a garota se levanta e da a mão para ele, o seguindo pelo apartamento.

Me levanto depois após vê-los sumir pelo corredor e tranco a porta, coloco os copos na pia e vou até o quarto onde Harry se encontra. Paro em frente ao guarda roupa, pego uma muda de Harry para Apolo, e uma minha para Dakotta, as deixo em cima da cama do quarto onde eles estavam e volto ao de antes, me deitando ao lado do garoto e o abraçando.

Pov’s Dakotta

Abro os botões e o zíper de meu short, ao enfiar as mãos no cós do tecido para abaixa-lo, erro e enfio uma delas no bolso, sentindo um papel amassado no lugar, não lembrando de tê-lo colocado ali, o retiro e o desdobro, o lendo, pela letra de longe, conhecida por mim.

“Olá, querida! Se você está lendo isso é porquê eu estou morto, e parabéns, vocês conseguiram! Sim, foi eu quem colocou fogo na casa, na verdade não eu, e sim meus homens, os quais eu deixei ordem para que se eu morresse, eles o fizessem. Sinto muito em destruir a casa de vocês, e principalmente o quartinho do abate. Que vocês apodreçam e morram, para se juntarem a mim e eu inferniza-los no inferno! Beijos e abraços, de seu querido padrasto. Heitor”

Yes, Daddy!Where stories live. Discover now