Capítulo 16: Luke

215 74 52
                                    


    Eu tive que passar a tarde inteira no treino, pude ver de longe a Angel com um grupo de alunos também da Universidade treinando, eles corriam na pista de corrida que ficava em volta do campo, daqui duas semanas teria o primeiro campeonato de c...

Oops! This image does not follow our content guidelines. To continue publishing, please remove it or upload a different image.

    Eu tive que passar a tarde inteira no treino, pude ver de longe a Angel com um grupo de alunos também da Universidade treinando, eles corriam na pista de corrida que ficava em volta do campo, daqui duas semanas teria o primeiro campeonato de corrida do ano, onde vinha várias universidades competir também e também para prestigiar.

Meu treino terminou junto com o treino de corrida, eu achei que Angel iria embora, mas ela ficou ali treinando, eu me sentei em baixo de uma arvore que ficava perto da pista de chegada e quando Angel me viu seu ritmo diminuiu.

- Você até que corre bem, mas tem as pernas curtas e isso dificulta um pouco para você. – eu disse a olhando, ela colocou os braços na cintura completamente sem folego e balançou a cabeça.

- Eu sou sedentária, esse é o problema. – respondeu.

- Então porque quis participar desse campeonato? – perguntei me levantando.

- Porque achei interessante, na minha cidade não tinha isso e eu gostei disso. – ela disse sorrindo, ela parecia realmente ter gostado e eu observava que mesmo toda suada e com seu cabelo desgarrado, ela permanecia linda.

- Quer uma carona? – perguntei.

- Não, eu ainda vou tomar banho e pegar meu material para estudar mais tarde.

- Eu também vou tomar banho, posso te esperar. – ela abaixou o olhar como se estivesse pensando e eu torcia para ela dizer sim.

- Na verdade a Nicole havia me chamado para ir na sua casa hoje, mas acho que seria bem estranho se eu chegasse com você lá. – ela disse me olhando e franziu a testa. – Não quero que seus pais pensem coisas erradas de mim por chegar junto de você. – eu ri, porque eu não me importava com o que meu pai pensava de mim e ele também dificilmente estava em casa. – Porque está rindo? – ela perguntando batendo no meu braço, com aquelas mãos pequenas, porém bem pesadas.

- Você nem parece que bate tão forte. – falei passando a mão, ela revirou os olhos e saiu andando na frente, eu corri para acompanha-la. – Perna curta e ainda anda rápido. – comentei.

- Vai ficar me criticando agora? – ela perguntou impaciente.

- Eu vou te levar, não tem com o que se preocupar Angel. – ela por fim depois de muita insistência minha ela aceitou ir comigo, eu tomei banho no vestiário masculino e ela no feminino, mas acabei saindo primeiro e esperando ela na porta do vestiário feminino.

- Vamos logo Angel! – gritei da porta, não demorou nem cinco minutos e ela saiu, o cheiro do sabonete exalava pelo seu corpo e os seus cabelos estavam molhados ficando com um tom vermelho ainda mais escuro, ela usava somente um short de moletom e uma regata, por mais simples que fosse as suas roupas, ela ainda ficava bonita assim.

- Em qual cidade você morava? – perguntei quando já estávamos no carro a caminho da minha casa.

- Kenner, você sempre foi daqui de Nova Orleans?

- Sim sempre, só veio para cá porque queria estudar? – perguntei, eu acho que aquela era a primeira vez que eu tinha interesse na conversa com uma garota e não no seu corpo, Angel me trazia algo dentro de mim que eu não sabia explicar, mas era bom, muito bom e eu tinha medo do que poderia ser aquele sentimento.

Durante todo o caminho ela contou como era a cidade de Kenner e sobre como as pessoas eram bem diferentes do que as pessoas daqui, Angel era uma garota simples e completamente interessante, as vezes eu me peguei questionando se ela realmente havia crescido em uma família rica, porque cá entre nós, é notável quem vem de um berço de ouro.

Mas eu fiquei quieto, porque aquilo não me importava nenhum pouco.

- Como vocês não se perdem dentro dessa casa? – perguntou Angel quando descemos do carro e o manobrista pegou a chave para guarda-lo.

- Mais é essa a intenção, a gente se perder dentro dela e ninguém topar um com o outro. – respondi e ela riu, talvez aquela tinha sido a primeira vez que ela abriu um sorriso sincero para mim, um sorriso sem ironia, apenas um sorriso sincero.

- O que foi? – dei bandeira e ela percebeu que eu a notava.

- Nada. – menti, ela não perguntou mais, eu tive que mandar mensagem para Nicole para saber onde ela estava, porque não a encontrei no quarto dela e Angel estava na sala esperando.

Luke: Angel está aqui em casa, cadê você?

Nicole: Eu esqueci que ela iria para ai, mas já estou voltando para casa, cuida dela até eu chegar.

Luke: Tudo bem.

Quando eu desci as escadas vi a Angel observando os porta retratos da família, só existia um que tinha todos nós reunidos, lembro como se fosse hoje o quanto foi difícil conseguir aquela foto. Joseph foi o que mais se negou a fazer a foto de família, na verdade nunca fomos realmente uma família, mas aquela foto aparentava que vivíamos como uma.

- Nicole deu uma saída, mas me avisou que já vem e pediu para você esperar por ela. – Angel me olhou e assentiu, mas o barulho da porta da frente nos fez nos virarmos de uma vez, era o meu pai, com sua testa franzida e com uma cara nada boa para mim, nem se quer teve o esforço de cumprimentar a Angel e fez sinal para que eu o seguisse até o escritório, quando entrei fechei a porta e ele tirou o terno colocando-o em cima do sofá do seu escritório, completamente em silencio ainda pegou de cima da mesa um jornal e jogou para mim, que peguei no ar por causa do reflexo.

Na primeira página dizia que eu havia agredido um estudante da Universidade e que ele havia prestado queixa contra mim.

- Como assim? – perguntei baixo folheando aquele jornal.

- Quase que a policia aparece aqui em casa atrás de você, eu tive que dar o meu jeito para que essa matéria sumisse, tive até mesmo que ir atrás desse garoto e oferecer dinheiro para tirar a queixa contra você! – meu pai dizia alterado e completamente cego de raiva. – Eu não sei o que faço com você Luke! – ele gritou. – Preciso que você amadureça e para de sair socando a cara de qualquer um que aparece na sua frente! – eu fiz muito isso, mas meu pai pode considerar que esse último mês eu me comportei mais do que nos outros.

- Pai eu não bati nele atoa, ele provocou! – tentei me justificar, mas qualquer palavra para o meu pai não bastava.

- Luke eu já resolvi tudo, gastei muito dinheiro para isso, só quero que você cresça! Não ligo o porquê você bateu em alguém, ou se você apanhou de alguém, eu já te disse isso! Você precisa cuidar do sobrenome da nossa família! – ele sentou-se na cadeira dele abrindo o notebook, em momento algum ele olhou para mim enquanto falava e agora havia ficado quieto como se eu não existisse mais na sua sala.

- Posso pelo menos explicar o porque fiz isso?

- Já cansei de conversar com você, saia da minha sala!

- Mas só o senhor falou. – eu respondi, mas ele ignorou e repetiu:
- Saia da minha sala Luke, eu preciso trabalhar. – eu sai da sua sala completamente irritado batendo a porta da sua sala com toda força possível, até então havia me esquecido que Angel estava na sala e possivelmente havia ouvido toda a discussão por causa da altura do tom de voz.

- Você está bem? – ela perguntou parada do lado do sofá, eu balancei a cabeça assentindo.

- Você quer esperar pela Nicole lá em cima no meu quarto? – perguntei sem me dar conta do quão foi estranha aquela pergunta, mas Angel parecia ter ignorado esse fato e assentiu indo comigo para o meu quarto. 

O que me leva até você - CONCLUIDA!Where stories live. Discover now