Capítulo 38: Ângela

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    Os olhos negros dele estavam focados completamente em mim e ele tinha aquele sorriso largo e espaçoso, presunçoso, mas ao mesmo tempo contagiante, involuntariamente eu me vi sorrindo de voltar

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    Os olhos negros dele estavam focados completamente em mim e ele tinha aquele sorriso largo e espaçoso, presunçoso, mas ao mesmo tempo contagiante, involuntariamente eu me vi sorrindo de voltar. A minha respiração naquele momento já não era mais a mesma, a gente não desviava o olhar um do outro e nem se quer parávamos de andar em direção um do outro. Eu o queria, sentia saudades, queria matar aquelas saudades e eu tinha a convicção de que ele queria o mesmo e era bom saber disso. Eu me sentia tão viva, sentia falta de toda aquela intensidade que surgia quando a gente se encontrava, tudo era intenso demais e o sentimento mais forte do que antes. No momento que sua mão tocou o meu rosto, eu podia dizer com todas as palavras do mundo e com total certeza, eu o amava mais do que tudo e ele era tudo de mais importante que me restava!

Eu acordei completamente suada, eufórica e mal conseguia respirar direito, eu queria ter ficado dentro daquele sonho para falar a verdade, queria ter ficado ali quietinha ao lado do Luke, queria ele, queria ele mais do que qualquer coisa naquele momento e me sentia a pior pessoa do mundo por tê-lo deixado.

Ainda sem conseguir voltar a dormir e pelo calor que aquele quarto parecia fazer, eu sai, já que meu quarto agora ficava próximo a piscina. O vento lá fora era gelado, batia no meu rosto e era como se o suor já nem estivesse mais ali, eu caminhei procurando puxar todo o ar que tinha ali fora, mas ainda me sentia eufórica e com os batimentos cardíacos acelerados.

- O que faz ainda acorda? – eu me virei tomando um susto e era o Connor.

- Eu que te pergunto, estou mais próxima do meu quarto do que você do seu. – pensei rápido, eu não queria contar que estava sonhando com o Luke, não queria admitir em voz alta e clara que eu havia errado e ainda o amava.

- Você nem parece mais aquela garota que morava numa casinha pequena, usava um short e uma blusa preta desbotada e completamente velha. – ele disse sorrindo. – Apesar de ter desfeito daqueles trapos e tudo mais, eu ainda vejo a antiga Angel ai. – ele disse dando um beijo na minha testa.

- Porque você ainda é legal comigo depois que eu fui embora daquele jeito? – perguntei sem pensar, me arrependi, porque não queria ouvir, não queria me arrepender ainda mais.

- Porque você é a minha família e você foi atrás de mim quando eu precisei, então eu estarei aqui mesmo quando você não precisar de mim. – aquelas palavras foram o suficiente para que todas as lágrimas e todo arrependimento me tomassem em cheio, Connor só me abraçou, sem ficar surpreso pela minha reação e eu me senti em casa, algo que eu não havia sentido desde quando perdi a minha mãe.

- Obrigada. – falei apertando aquele abraço que eu queria morar. Eu nunca entendi aquilo que eu e Connor tínhamos um pelo outro, era um afeto maior que jamais imaginei que poderia existir, ele me fazia me sentir em casa e confortável.

- Eu estou aqui Angel, fui idiota com você uma vez, não pretendo ser de novo. – ele afirmou, ele puxou uma cadeira que eu nem havia visto próxima de nós dois e eu me sentei, ele pegou outra cadeira e colocou ao lado. – Você quer conversar?

- Eu não sei. – respondi.

- Eu quero, então vou apenas falar e você vai me escutar. – eu assenti em silencio.

- Angel todos nós procuramos de alguma maneira fugir do que sentimos, tentamos fugir e nem sempre fugir resolve alguma coisa. Quando eu usei drogas, quando eu soquei o Luke como se ele não fosse nada para mim, quando eu disse coisas terríveis para a minha mãe, bom... Tudo isso é algo que vou carregar, são os meus erros, mas eu só consegui melhorar tudo quando os encarei, eu nunca deveria ter te tratado mal e você só queria me ajudar, eu te afastei, te deixei sozinha e logo depois você perdeu a sua mãe... – eu o interrompi.

- Connor você não tem culpa alguma... – ele me interrompeu.

- Eu não deveria ter te tratado mal, porque se eu e você estivéssemos bem um com o outro no dia que sua mãe faleceu eu teria te feito ficar e você teria se sentindo acolhida, teria tido motivos para ficar. – ele se culpava, seu olhar era tão triste e distante que me fez sentir ainda pior.

- Eu escolhi ir embora, eu escolhi tudo isso e eu sou imensamente grata por você, pelo seu pai e pela sua mãe, eles foram às pessoas que mais me apoiaram em absolutamente tudo! Mas ninguém tem culpa, ficar longe me fez pensar em muita coisa, voltar para cá me faz pensar e rever o que eu realmente quero. – tentei explicar. – Eu fugi por dois anos e olha onde vim parar contra a minha vontade. – dei um riso fraco. – Aqui, mas agora vejo o quanto fui egoísta e uma péssima amiga para todos vocês.

- Angel eu sinto muito pelo que aconteceu, quando a Meise insistiu que eu usasse aquelas drogas e quase morreu na minha frente... – eu o interrompi, nem havia percebido que me levantei num pulo e estava irritada, mais do que gostaria.

- Espera, a Meise usou drogas junto com você. Eu não estou entendendo! – falei.

- Eu achei que já sabia disso, o Luke soube no dia em que eu bati nele. – minha raiva parecia só aumentar, pensar em Meise me fazia perder o sentidos e saber que o Luke sabia de tudo e não me contou me deixou mais irritada ainda.

- Eu não sabia, mas é bom saber que algo importante assim o Luke mais uma vez escondeu de mim para defender a Meise da minha raiva. – Connor suspirou e jogou a cabeça para trás.

- Angel não adianta discutir por isso, Meise agora está longe, foi para o Brasil e sabe lá o que está fazendo, ela é passado. – eu assenti, Connor pediu para que eu me sentasse novamente e assim fiz, contra a minha vontade.

Se Meise aparecesse naquele momento na minha frente possivelmente eu espancaria aquele rosto cínico, porque tudo de ruim que acontecia envolvia ela e eu não deveria ter me surpreendido ao saber de tudo que Connor me contou. 

O que me leva até você - CONCLUIDA!Where stories live. Discover now