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Nicole 🎀

Minha mãe falou que ia no mercado, iria comprar algumas coisas que precisava e eu concordei, fui com ela até o portão e eu nem coloquei a cabeça pra fora direito, os meninos já caíram matando.

- Ou, entra aí! Tem autorização pra tu sair não.- Encarei ele feio.

Nicole: Quem te perguntou? - Cruzei os braços e dois meninos riram.

- Ah vai tomar no cu, parada de criança aí! Mó infantil tu, eu hein.- Falou bolado e eu ri.

Cami: Deixa de ser besta, Nicole.- Falou rindo.

Nicole: Ninguém vai acompanhar ela não? Bora, quero pelo menos um com ela aí, eu hein.- Fiz careta e eles me encararam.- Vocês acham melhor eu perguntar pro Terror? Porque ele tá ali dentro, muito bom não.

- Eu vou com a dona pô, relaxa.- Sorri falso.

Metralha: Banca de patroa.- Falou se aproximando em puro deboche.

Fiz cara feia pra ele e dei tchau pra todos dali, fechei o portão entrando e quase voltei correndo quando vi o Terror descendo as escadas.

Terror: Foi pra onde, caralho? - Gritou.

Nicole: Deixar minha mãe na porta, só isso. Queria ver a rua também, faz três dias que eu não saio.- Ele foi pra cozinha e eu fui atrás, até porque eu tava lanchando, então sentei na mesa sozinha.

Terror: E não vai sair nem tão cedo.- Falou abrindo a geladeira e eu fiquei calada, comendo meu bolo. Logo tive vontade de engolir tudo de uma vez e subir pro quarto, quando ele sentou pegando um pedaço também.

Nicole: Ninguém merece, Terror.- Ele me olhou.- Mas assim, eu não tive culpa de nada do que já te aconteceu, eu não sei, sinceramente! Porque você veio, eu gostei de você sabe? Tá, te achei legal demais, teu papo é meio ruim, mas cê foi maneirinho, só que depois você pegou uma obsessão sobre mim, não maneira. Você estragou minha vida da pior forma, não que isso te importe, mas eu nunca vou te perdoar, se quer saber.

Terror: Te pedi perdão? - Desviou o olhar e eu respirei fundo, cansada!

Nicole: As vezes a gente vive coisas injustas, não te conheço, sei nem o seu nome. Mas se as pessoas foram más com você no passado, você odiou isso, certo? - Ele nem me olhou.- Mas porque você repete isso, sabendo o quão ruim foi com você? Sendo que você poderia ser melhor do que tudo isso.

Terror: Minha coroa me vendeu também, igual contigo! - Falou de boca cheia e eu semicerrei os olhos.- A diferença é que eu tinha cinco anos.- Riu.- E me vendeu pra um homem, que me estuprava todos os dias até os meus onze anos, que eu consegui fugir.

Nicole: E o que você sentia? Raiva, nojo, desgosto, tudo de ruim possível, não é? - Falei me levantando.- Você não teve escolha naquela época, mas hoje você tem de fazer diferente, eu te imploro, faço o que você quiser, mas não toca mais em mim.

Terror: Eu aprendi que alguém sempre leva a culpa pô, pode não ter nada haver com a história, mas pode ser o sorteado pra se foder, a sorte foi sua.- Olhei bem pra ele, que tomava o suco, mas de longe eu consegui ver olhos vermelhos e nem era de droga dessa vez, mas parecia que ele queria chorar.

Nicole: Eu não mereço, assim como você não mereceu.- Falei baixo, saindo dali, mas antes parei de andar e olhei pra ele, que tava quieto.- Você fazendo o mesmo comigo, te torna igual a ele.

Subi as escadas devagar pela dor na barriga e me deitei no quarto, deixei a porta aberta porque logo minha mãe chegaria, quando peguei meu celular tinha uma mensagem do Metralha.

" Tá bem ? Escutei o maluco gritando ."

Sorri ao ler aquilo, era bom ter alguém que se importava e demonstrava aquilo, mesmo com um sorriso, bloqueie ele dali, não ia arriscar minha vida, nem da minha mãe, muito menos dele.

Se o Terror descobrisse um "a", nós três iríamos se foder, principalmente minha mãe, já que ele sabe que ela é o que mais me afeta e sinceramente, Metralha é casado, a essa papel eu não vou me submeter nunca.

ObsessãoWhere stories live. Discover now