Reencontros I

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***Rafael

Quanto mais o rapaz tentava escapar dos meus braços, mais eu o pressionava contra o batente da porta... Eu sentia que a qualquer momento eu poderia quebrar seu pescoço.

O encarava nos olhos profundamente, porém, ele parecia não fazer a mínima idéia do que estava acontecendo ali. Seu semblante me revelava total confusão... Talvez, até desespero.

Aqueles olhos... Aquela face... Tudo fazia com que meu ódio só aumentasse diante da falta de uma resposta daquele rapaz.

Parecia que eu estava tendo um pesadelo. Não conseguia acreditar que, depois de todos os nossos esforços, mais uma vez, Pavel estava ali, bem diante de meus olhos mais uma vez.

Rafael, o que está acontecendo???!!! — Luna perguntou totalmente confusa. Eu conseguia notar um certo pânico em sua voz.

Pela primeira vez, em tantos anos, eu vi minha amiga assustada. Ela, que sempre foi tão calma e tranquila, demonstrou total falta de controle diante daquela situação estranha.

Eu só estou querendo uma resposta desse infeliz!!! — Cuspi as palavras para a minha amiga, em seguida, voltei a fitar o rapaz imobilizado em meus braços. — Vamos, seu imundo!!!... Diga o que diabos está fazendo aqui, e como conseguiu voltar!!!???

Fiz ainda mais pressão contra o pescoço dele, usando meu antebraço. Seus olhos se arregalaram ainda mais...

Quando percebi que o indivíduo à minha frente começou a desfalecer, ouvi uma voz muito familiar, de alguém que se aproximava rapidamente aos berros:

Rafael???!!! O que pensa que está fazendo???!!! Solte-o agora!!! Não vê que está o machucando!!!

Quando desviei meu olhar para a direção daquela voz, vi Thales erguendo sua mão direita em minha direção.

Senti todo o meu corpo se enrijecer... Era como se eu tivesse sido congelado. Em seguida, meu corpo foi puxado para trás por uma força invisível... Eu quase que grudei por completo no batente oposto, somente minha mochila ficou entre o mesmo e meu corpo rígido.

Assim que Thales se aproximou, socorreu o rapaz à minha frente, o perguntando quase que em desespero:

Você está bem?!!! Ele te machucou?!!!

O outro, apenas arqueou o corpo para a frente tentando respirar. Uma das mãos ele apoiou contra o próprio peito, a outra ele usava para fazer sinal negativo para Thales, que o observava assustado.

Depois de alguns instantes, meu velho e encantador "fantasma", virou-se para mim e perguntou contrariado:

O que foi que deu em você?! Já chega assim, atacando as pessoas sem saber das coisas?! — Ele passou a mão direita aberta diante dos meus olhos, então, consegui voltar a sentir os meus movimentos.

Olhei para Luna... Ela continuava parada na varanda, me encarando assustada. Seus olhos arregalados, me deixaram decepcionado. A última coisa que eu queria na minha existência, era ver aquela moça assustada com alguma ação minha.

Explique-se! — Intimou, Thales.

Eu franzi o cenho, inclinei a cabeça para o lado esquerdo, e soltei:

Eu, me explicar?! Explicar o quê?! Foi você quem pediu para que eu viesse... Aí eu chego aqui, e dou de cara com esse sujeito! Não sou eu quem deve explicações aqui!!!

Um silêncio ensurdecedor perdurou por algum tempo... Luna ainda assistia toda àquela cena sem entender absolutamente nada.
O rapaz, que eu havia quase quebrado o pescoço, voltou a ficar em sua posição ereta, me encarou com descrença, assim como Thales... Em seguida, os dois se entreolharam e sorriram.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Where stories live. Discover now