O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]

A Dríade I

***Rafael

Eu parecia ter tirado uma tonelada de minhas costas após abrir o jogo com Beatriz.

Era mais do que óbvio que, a mulher gostaria de saber muitos outros detalhes sobre minha vida durante o período que passei distante dali.

Passamos um longo tempo conversando sobre os meus últimos dezoito anos fora. Contei a ela sobre o máximo de coisas possíveis, só não dei muitos detalhes sobre os três primeiros anos... Anos obscuros da minha existência, que eu preferia esquecer... Anos dolorosos... Anos difíceis...

Luna explicou para a nova amiga o estado em que me encontrou, falou sobre como foi difícil me fazer voltar a "viver" de forma digna...

Depois de tantos esclarecimentos, eu senti que havia chegado a hora de revelar outro segredo que rondava a mim e Luna... Era hora de eu pedir pela ajuda da futura Mor...

— Beatriz... — Mordi o canto esquerdo do lábio inferior. Estava pensativo...

Minha pequena amiga, ajeitou-se na poltrona e me olhou de canto de olho... Acho que ela não sabia ao certo como agir... O que esperar...

Beatriz, debruçou-se sobre a mesa mais uma vez, me encarou atentamente e franziu o cenho. Eu consegui perceber um olhar preocupado na mulher.

Era mais do que evidente, o quanto a minha insegurança estava visível aos seus olhos... Mas eu não poderia fraquejar... Eu precisava de respostas sobre o passado misterioso de minha amiga, que talvez, só com a ajuda de Beatriz eu fosse capaz de desvendar.

— Sua feição mudou... O que houve? Mais alguma coisa que eu deva saber e que ainda está me escondendo? — Perguntou a feiticeira.
— Bem... — Engoli em seco. — Não é exatamente sobre mim... Mas é algo muito importante, e eu preciso muito de sua ajuda.

— Pode dizer... Se eu puder te ajudar...

— Mas primeiro... Preciso te pedir uma outra coisa.

— E o que seria? — Ela estreitou os olhos e inclinou o corpo um pouco mais sobre a mesa.

— Sei que já te pedi que guarde segredos demais... Mas... — Eu comecei a sentir minha respiração ficar mais pesada. — Não se trata de mim, entende? Preciso que guarde segredo sobre o que vou te revelar agora, para a segurança de alguém que eu gosto muito. — Olhei de lado para Luna.

A moça apertou os lábios e deu de ombros. Estava mais do que na cara que ela se sentia insegura. Mas, aparentemente, ela confiava em Beatriz... Coisa rara de se acontecer.

— Nem precisava pedir isso. — A mulher à nossa frente, começou a falar. — É admirável a forma como você faz de tudo para proteger as pessoas que você ama, Platinado. Claro que pode contar comigo para guardar seus segredos que dizem respeito a isso.

— Obrigado. — Agradeci.

— Mas, então... Vamos direto ao assunto. — Ela sorriu. — Em que posso ajudar, afinal?...

Olhei para Luna novamente, dei um meio sorriso, e em seguida a perguntei calmamente:

— Confia em mim?

— Mas é claro! — Ela foi bastante direta. — Se não confiasse, não teria te acolhido dentro da minha casa por quinze anos!

Assenti com a cabeça, e continuei:

— Bom... Você confia em mim e eu preciso que saiba que, apesar de todos os desentendimentos, eu confio cegamente em Beatriz.

— Nossa!!! Mesmo???!!! — A outra me interrompeu. — Sinto-me lisonjeada em ouvir tal declaração.