Conflito Interno

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***Gabriel

Decepção. Essa era a única palavra que poderia me descrever, diante de um momento tão difícil.

Eu estava decepcionado comigo mesmo, por não ter sido atento o bastante. Talvez, se eu tivesse sido mais observador, pudesse ter percebido o que estava acontecendo ao meu redor a tempo. Eu não conseguia deixar de pensar que, aqueles ataques à população humana de WorldHidden, estavam acontecendo por algum propósito maior. Absolutamente, nada na cidade acontecia de forma aleatória. Sempre parecia ter alguém disposto a conspirar contra a paz local.... E isso era perturbador.

Meu cérebro estava fervilhando. Funcionando no automático. Me vi com uma grande questão nas mãos.

Havíamos voltado ao ponto inicial da nossa jornada noturna. Fizemos o percurso, todos, caminhando lentamente e em silêncio. Meus amigos e meu parceiro, pareciam estar respeitando meu momento. Momento de dúvidas cruéis.

Chagamos a praça deserta, próxima aonde eu havia estacionado meu furgão. A primeira coisa que fiz, foi me sentar em um dos bancos de concreto, que ficavam dispostos próximos a um canteiro de plantas quase mortas.

O silêncio era quase total. Somente alguns sons noturnos podiam ser ouvidos.

Plínio, cuidadosamente, sentou-se ao meu lado direito. Em outro banco, a alguns centímetros do lado esquerdo, Zack e Miguel também se acomodaram... Apáticos.

Ouvi o profundo suspiro de Plínio ao meu lado. Com delicadeza, ele pousou seu braço sobre minhas costas, me acolhendo junto a seu corpo. Por fim, perguntou:

— Biel, e agora? — Era impossível não notar um tom desgostoso em seu tom de voz.

Lentamente, girei minha cabeça para a direção dele, na intenção de fitá-lo melhor nos olhos. Seus lindos e grandes olhos verdes, me iluminavam de certa forma. Nos momentos mais difíceis, aqueles olhos sempre estavam lá... Acolhedores.

— Sinceramente?... — Fiz uma longa pausa. — Eu não sei.

— Eu sei que é pressão demais pra você. Sei o quanto é apegado ao Fred, eu também sou. Mas a gente precisa começar as investigações por algum lugar, perguntar à ele é o certo a se fazer. — Plínio, como sempre, mostrando ser bastante centrado.

— Tu tem idéia do que uma acusação dessas pode causar na nossa amizade? Fred, pode nunca mais confiar na gente... E também vai achar que não confiamos nele! — Desabafei.

— Desculpem me interromper aí, pessoal... — Miguel entrou na conversa. — Mas eu acho que o Plínio tem razão, Gabriel. As investigações precisam começar por algum lugar. É chato, mas, infelizmente, esse fato caiu no seu colo e você, como líder do Clã, precisará lidar com ele. Um óculos, idêntico aos que Fred usa foi encontrado reconstituindo o trajeto de fuga do assassino. Perguntas precisam ser feitas a ele... Mesmo que isso acabe o magoando.

— Eu tenho certeza que Fred não teve nada a ver com isso! — Disse Zack. — Eu o conheço muito bem! Ele é incapaz de fazer mal a uma mosca! Nunca que ele atacaria um ser humano. Vocês conseguem imaginar ele atacando uma criança? Porque até onde sabemos, o mesmo vampiro está fazendo inúmeras vítimas. Isso significa que, aquela garotinha que abrigamos lá na sede, também foi atacada por esse mesmo ser!... — Ele franziu o cenho e fez uma careta. — Pois então... Agora tentem imaginar o Fred fazendo mal àquele garotinha... Não tem cabimento!

— Pessoal, procurem se acalmar um pouco. — Pediu, Plínio, pacientemente. — No momento, ficar levantando hipóteses, só vai nos estressar ainda mais. Precisamos ser racionais e pensar direito. Pode ser apenas uma coicidência. Podem existir outros óculos como os de Fred por aí. Mas mesmo assim, precisamos informar a ele que encontramos um objeto igual na cena do crime. Ele merece a chance de se explicar.

O Belo e O Fera: Herdeiro do Mal; Batalha dos Imortais [Livro 4]Nơi câu chuyện tồn tại. Hãy khám phá bây giờ